Tira o avental, pá!
quinta-feira, janeiro 11, 2007
O cantor Vitorino, segundo a revista Sábado desta semana, foi iniciado no Sábado, dia 6, nos Passos Perdidos do Grémio Lusitano, no Bairo Alto, nos segredos iniciáticos da Maçonaria do GOL.
Segundo reza a crónica, o também cantor Fausto, opôs-se à entrada de Vitorino, por motivos não esclarecidos.
O cantor não confirmou a entrada no grémio de bem fazer, mas a revista arranjou maneira de confirmar que foi José Jorge Letria, o preceptor.
Agora, só restam umas perguntas: que mistérios insondáveis pode o GOL ensinar aos nossos antigos cantores e baladeiros de protesto? E qual a razão de todos eles se sentirem atraídos para tais poços da virtude e para as delícias da leitura de pranchas?
Mistérios insondáveis, realmente. Inacessíveis ao profano…
Na imagem que segue, relativa a um concerto no Coliseu, cerca de um mês antes do 25 de Abril de 1974, um espectador anónimo, da plateia, gritou para um Carlos Paredes engravatado: "tira a gravata, pá!"
Get it?
Publicado por josé 22:03:00
De aqui a um mês, os Portugueses, envolvidos num impiedoso ciclo, sobre cujas causas não terão parado, sequer, para meditar, irão ver-se obrigados a pronunciar sobre um tema, delicadíssimo, cujo nome é "Aborto".
Sobre o assunto, e enquanto homem, já percorri os mais diversos matizes e atitudes, do Poente à Aurora. A fase em que mais terei gostado de mim talvez tivesse sido aquele instante em que haverei acreditado que "isso" fosse uma questão profundamente feminina, ou, usando um metáfora íntima e frágil, o diálogo interno entre duas angústias. Nesses tempos, terei encarado o aborto como um dos actos mais violentos, perpetrados sobre o corpo de uma mulher. Depois, a realidade empurrou-me na direcção de si mesma, ela, Realidade, e, então, também compreendi que o aborto podia ser entendido como um acto de contracepção rotineiro, cujo palco era o corpo e a anima de corpos femininos, desprovidos de quaisquer pudores e anima.
Houve um tempo em que uma pessoa, chamada Guterres, terá dialogado, mas já entre três angústias, a dele, e as restantes duas: esse jogo entre a crueza dos actos jurídicos, o policiamento da Intimidade e a penalização do Desespero. Reconheci-lhe, embora não concordando, o direito de convocar um referendo sobre um tema, ao mesmo tempo doloroso, nauseante e ignóbil. Mas o perfil humano de Guterres foi dos derradeiros momentos de serenidade interior da nossa contemporaneidade.
Nada mais duro deve existir, para uma mulher, do que a humilhação de um Tribunal, ou seja, um trauma social, após um trauma físico e emocional. Nós estamos num dos países mais hipócritas do Mundo. A posição mais corrente continua, e continuará a ser, a do "já fiz, mas sou contra", e isso é um argumento que deverá pesar na consciência de todos aqueles que, a 11 de Fevereiro, forem chamados para se pronunciarem sobre esse momento negro da realidade do ser humano, na sua forma feminina.
Resta o final. Todos sabem a conta em que tenho o "Eng." Sócrates, a mais desprezível, vil, desumana, caprichosa, falsa e impiedosa figura que já governou Portugal. Não tenho, por ele, nenhum respeito, a nível político; considero-o rastejante, enquanto protagonista da História; venal, enquanto Homem; abjecto, na sua relação com o Feminino. Estranho, é, pois, que em tantas ausências da sua postura, se tenha agora lembrado da Mulher, e logo da Mulher no seu momento mais instável e desgostoso. A esse ser tudo pode servir de pretexto para cortina da miserável política de declínio e desastre para que conduziu Portugal. O seu Referendo do Aborto não é mais do que um capricho, e acto, de cobardia política. E, como não lhe reconheço perfil ideológico, humano, moral ou emocional para o que quer que seja, sobretudo em questões frágeis, como a candente, apenas queria aqui declarar que pode contar com toda a minha oposição para o miserável "fait-divers" da sua agenda política, ou seja, por outras palavras, que tudo farei para que, a 11 de Fevereiro, o seu desprezível referendo fracasse.
":O)))