As poules no Radar

Na Visão de hoje, numa secção assinada em comandita e por isso, relativamente anónima, chamada Radar, um anónimo mais que suspeito ( P. Pena?), subscreve mais algumas considerações sobre a lamentável história da entrevista de Sara Pina, subjectivamente distorcida em desfavor do antigo PGR, Souto Moura e que originou um artigo deste último no Público de 29.12.2006, em defesa da honra.
Desta vez, a poule de jornalistas, escreve sobre as “contradições de Souto Moura”. Quais são elas?
Pois…são as evidências de que Souto Moura escreveu no Público, citando um despacho de arquivamento sobre o caso das “cassetes roubadas” a Octávio Lopes do Correio da Manhã, quando esse despacho ainda estará em “segredo de justiça”. Voilà!
Para sustentar essas “contradições”, no plurar indefinido e no singular da perplexidade, cita-se o depoimento anónimo de “procuradores do DIAP de Lisboa” que estarão também eles anonimamente perplexos por causa das “incompreensíveis” críticas dirigidas por S.M. ao “colega que redigiu o despacho de arquivamento”.
Porém, as incompreensíveis críticas dos anónimos procuradores do DIAP, citadas anonimamente pelo anónimo redactor da notícia da Visão, são apenas uma interpretação do escrito. Anónima.
Qual a crítica principal visada nas críticas anónimas?
Esta: Souto Moura, no artigo em causa, do Público, diria que “caso ainda mandasse no MP, poderia ter agido na correcção do despacho final “ do referido processo das cassetes roubadas. Voilà, du nouveau!
Lendo o artigo de S.M. no Público, aí aparece, ipsis verbis, “ Acontece que tal despacho só viu a luz depois do fim do meu mandato, já não me competindo, obviamente, avaliar a condução das investigaçõesou a correcção do despacho final.”

Correcção?! Na interpretação dos putativamente agravados anónimo do DIAP de Lisboa, transcrita pela interpretação também anónima do escriba da Visão, esta palavra “correcção”, não lhes cabe na pele. Estranhamente, diga-se, pois se o processo foi acompanhado pelo antigo PGR que chegou a pedir a “celeridade possível”, na prolação do despacho final, estaria bom de ver a qualquer magistrado hierarquizado que afinal o PGR teria o direito de intervir hierarquicamente, na avaliação e até na “correcção” do despacho final. É para isso que existe o artº 278º do C.P.P. que se refere à intervenção hierárquica, oficiosa . Assim, nestes termos:

No prazo de 30 dias, contado da data do despacho de arquivamento ou da notificação deste ao assistente ou ao denunciante com a faculdade de se constituir assistente, se a ela houver lugar, o imediato superior hierárquico do Ministério Público, se não tiver sido requerida a abertura da instrução, pode determinar que seja formulada acusação ou que as investigações prossigam, indicando, neste caso, as diligências a efectuar e o prazo para o seu cumprimento.

Ou seja, não há contradição e não deveria também haver lugar a qualquer incompreensibilidade, vinda de magistrados escondidos.
Também quanto à violação do segredo de justiça pelo antigo PGR, será bom de ver para qualquer anónimo, seja magistrado ou escriba de revista em decadência, que quem não leu o despacho final e não teve acesso ao processo, nessa fase, e se pronuncia de acordo com as notícias veiculadas por um jornalista da Visão ( no artigo de Paulo Pena), retomadas por outros jornalistas de outros jornais, não viola qualquer segredo. A não ser que a hipocrisia já tenha atingido as raias daquilo que já é mesmo “incompreensível”.
E no entanto, é isso mesmo que já é possível e até mesmo provável… tão provável como o jornalismo da Visão ter-se já confundido com o do 24 Horas: um rendilhado em pied de poule, uma competição em poule ou até um galinheiro de poules.
Desejável mesmo, seria o regresso à pool de jornalistas, para a necessária reflexão.

Corrigenda em 12.1.2006:
O jornalista do Correio da Manhã a quem foram surripiadas as cassetes, foi Octávio Lopes e não OCtávio Ribeiro como por lapso ficou escrito. Por outro lado, a indicação da "poule", tem como referência a menção, no artigo da Visão, a uma misteriosa "poule de juristas" que terão participado num reunião, em brainstorming urgente para lidar com o escândalo da revelação do putativo conteúdo das cassetes. Enfim... poules.

Publicado por josé 18:06:00  

2 Comments:

  1. Anónimo said...
    José não foi ao octávio ribeiro que foram roubadas as cassetes.foi ao octávio lopés que tambem trabalha no Correio da manha.dai talvez a confusão.
    Mas estou a falar de cor , sem fazer nenhuma pesquisa.melhor confirmar.
    josé said...
    Está correcto e vou corrigir.

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