'pés de barro'
sábado, fevereiro 18, 2006
Pela sua pertinência e relevância promove-se a post este comentário.
Estas abordagens “contra-a-corrente” do Ven. José, podem por vezes não ter o meu apoio, mas têm quase sempre um enorme mérito: pôr à vista os “pés-de-barro” – quando não a ignorância – de muitos comentadores que pontificam inquestionados sobre questões da Justiça nos “mainstream media”.
No debate de hoje na TSF, todos bateram no mesmo ceguinho, animados pelos ventos dominantes, pelo apoio recíproco e por um elenco que perguntas que, sinceramente, me pareceram mais fruto de uma pré-compreensão das problemáticas em causa do que de uma postura neutra que, com “dúvida metódica”, questionasse as insuficiências dos postulados expostos.
Muito do que ali foi dito lapidarmente, não resistiria ao aprofundamento de algumas destas questões:
- as buscas e apreensões não foram autorizadas (e, pelo menos num dos casos, acompanhadas) pelos competentes magistrados judiciais? Consideram os ditos juízes ingénuos, ignorantes ou coniventes no processo de intenções (vingança, intimidação...) que assacam ao MP?
- O “envelope 9” estava mesmo abrangido pela publicidade em que, nesta fase, se encontra boa parte do processo? Não estando, o seu conteúdo podia ser licitamente revelado como se tem afirmado?
- Mesmo que o dever de informar e o interesse público pudessem justificar a revelação de que nos autos existiriam elementos sigilosos, cuja remessa não havia sido expressamente autorizada ou solicitada, a publicação num jornal de concretos dados pessoais era necessária, mereceria idêntica tutela ou constitui, indiciariamente, um crime?
- O sigilo profissional do jornalista é direito/dever absoluto? Se não é – e nem o dos Advogados o é – e a decisão foi tomada pelo magistrado competente, que fazer: reagir em sede própria nos termos da lei ou aproveitar a “lei” do mediaticamente mais forte para fazer bombásticos julgamentos populares em causa própria?
- O Sr. Bastonário da OA está ou não interessado em que se averigue, também, do hipotético envolvimento de Advogados constituídos no processo na passagem à comunicação social de elementos processuais reservados (actuação que a comprovar-se, para além das incidências criminais teria óbvia relevância disciplinar)?
- Para além de esclarecer como foram os dados não solicitados parar aos autos e a utilização que terão tido, está ou não o MP obrigado a investigar todos os demais indiciários crimes que o caso envolva, de acordo com a normal e legal tramitação de um inquérito criminal, ainda que urgente? Se sim, há alguma razão objectiva para suspeitar de injustificada demora na tramitação?
- O Sr. Presidente do Sindicato dos Jornalistas que tão preocupado está com o segredo das fontes, não julgaria igualmente útil e necessário pronunciar-se publicamente contra a violação indevida, pelos ocs. da reserva de intimidade e da vida privada (fê-lo, por ex., no caso concreto aqui referido pelo José)? Empenhado como está em denunciar alegados abusos do poder judicial, continua a defender que a única reacção ao abuso de deveres deontológicos por parte de jornalistas seja uma espécie de reprovação tácita da própria classe?
- - Etc., etc., ...
Dito isto, importa dizer também que, na minha modesta opinião, o caso do “envelope 9” exige cabal apuramento de responsabilidades – em todas as suas vertentes. E que as buscas agora realizadas, para além de provavelmente inconsequentes, parecem, à primeira vista e com os dados conhecidos, desproporcionadas e desastradas.
A indiferença (ou inabilidade) que o PGR tem revelado face à gestão mediática deste caso será louvável no plano dos princípios. Mas julgo que teria sido possível, sem ferir os imperativos da legalidade ou da dignidade, não se deixar trucidar – e ao MP consigo – pelas feras deste circo politico-mediático com o qual tem de coexistir.
Publicado por Manuel 22:00:00
56 Comments:
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Mas esses não vos interessam.
A isso também se chama manipulação.
O mesmo de que acusam o 24 Horas por só publicar as manifestações de solidariedade com o jornal.
Helena
Impedi-mo-la de se exprimir ? Apagamos-lhe algum comentário ?
Q.E.D.
O reino da Dinamarca, aqui tão perto.
Sim há liberdade de imprensa, não ao fascismo.
Já agora atentem ás declarações do Sr. Juiz Rangel. É alguém do "sistema".
Mais do que preocupados com as caricaturas de maomé, deveria-mos estar preocupados com a caricatura da Justiça. Jorge Coelho, uma vez disse, "quem se mete com o PS, leva". Está à vista do que pode acontecer a quem se mete com a PGR.
Mas, se calhar, foi para tentar ver se o famoso "envelope" tinha remetente...
Jose não seria bom responder as questões em vez de desconversar? Este blog cheio de insinuações e sugestões de falsidade, revela a mentalidade do MP , é isso que voces não querem que se perceba...
Os mais afamados críticos, alguns dos quais não têm espaço para os leitores, parecem-me demasiado comprometidos com os seus interesse.
Ao fim e ao cabo esses detractores comportam-se como os únicos donos da verdade e não querem sujeitar-se às regras que a todos se deviam aplicar sem desvio algum.
Especialmente, porque têm o privilégio de poder aparecer em vários locais e dar publicamente as suas opiniões.
Tenho muitas dúvidas que as suas opiniões não correspondam a um qualquer interesse próprio ou alheio, que uma vezes lhes interessa atacar e outras defender.
Usam, assim, infelizmente, os seus poderes de comunicação e argumentação, a sua inteligência e capacidades, não para esclarecer e elevar os conhecimentos dos que os ouvem ou lêem, mas para os manipularem com falácias, distorções grosseiras da realidade, misturando e distorcendo factos consoante as suas conveniências.
No fundo eles sabem que a "opinião pública" é poder. Como o sabem fazem tudo para que ela lhes seja favorável, pois também sabem que a principal características dessa "opinião pública" é a da obscuridade e ileteracia.
Infelizmente esta nova "opinião pública" é a mesma que outrora se chamava menos pomposamente de povo, ou do zé povinho, ou, ainda, das famosas classes operárias e camponesas.
Chavões que foram utilizados, tantas e tantas vezes, para os chacinar, denegrir, achincalhar.
Por isso é bem melhor vir à GLQL, ver e ler o que aqui se diz, claramente de uma forma mais séria e descomprometida.
"Este blog cheio de insinuações e sugestões de falsidade"...
Se tiver a amabilidade de apontar uma só, terei todo o gosto em responder. Fundamentando porque digo o que digo.
PS. Aquela do Abrupto não vale. Aquilo é desconversar...
Por outro lado, só respondo pelo que escrevo, como é óbvio.
"A história do Independente de Portas na sua cruzada contra os políticos, abrindo caminho para uma República dos Juízes á italiana, só foi possível pela transformação dos magistrados em justiceiros, função que a politização dos magistrados do Ministério Público e a cobardia do poder político facilitou. Com o processo Casa Pia tudo mudou. Por razões nem sempre muito nobres, as sucessivas fugas de informação revelaram claros abusos do poder, negligências e ambiguidades, que comprometiam os métodos da investigação. Depois, a partir daí, cada cavadela, sua minhoca. O caso revelado pelo 24 de Horas, em que é incontornável existir pelo menos negligência no tratamento da informação reservada que nunca deveria estar no processo, tornou-se a gota de água para toda a gente. Na realidade, como já não havia mais margem de manobra para desculpar a actuação da PGR, esta respondeu usando todos os seus poderes e virando uma página na responsabilização dos jornalistas. Que essa responsabilização era de há muito tempo devida, é verdade. Mas mudar a complacência para com a comunicação social nos seus abusos (e que não encontravam no sistema judicial uma protecção capaz porque os tribunais raras vezes protegiam os direitos ofendidos), num processo em que um elemento de retaliação pode sempre ser suspeito, coloca de novo a questão de liberdade de informação... E lá voltamos ao mesmo."
Arranje mas é um texto de alguém que defenda magistrados anónimos a tentar fazer justiça pelas próprias mãos em blogues boateiros. Isso sim, era um achado.
Com a vossa prepotência bem retratada neste blog estão a fazer pior à justiça do que qualquer criminoso!
É por isso que a GL é lida nos jornais, pelas insinuações e depois nunca citada porque é considerada "fonte inquinada".
Anónimo como o Jose e o Manuel
Só me pergunto quanto tempo mais estarão abertas as caixas de comentários ....
Vale a pena ...
Enfim. Anónimos...
Por onde lhe pegarão?
Como o identificarão? Será "um comentador próximo de uma escritora"?
Vai levar o Barreto; o Brederode; o Teixeira da Mota e tutti quanti...
Ahahahaha!
Caro anónimo: não leve demasiado a sério tudo o que se escreve e lê.
Eu, por mim, não posso levar a sério quando leio asneiras ou aquilo que me parecem asneiras. Costumo dizer porque acho que são asneiras e raramente utilizo o argumento do báculo, como o fazem sempre JPP, Vitais e companhia.
Estes, "dão" a opinião, sem justificações de maior ou nenhumas, como é o caso do excerto acima transcrito.
COmo disse, logo mais, vou escrever sobre o assunto. COm uma dose de bom humor e sem vitríolo demasiado que isto não vale a pena.
é um lírico! Um tipo que defende que não deve existir qualquer possibilidade de escutas telefónicas nem sequer está a ser razoável. Está simplesmente a abrir a porta á lei da selva. Ou será que as escutas ficam só por conta de organismos oficiais?!
Por outro lado, na Inglaterra, por exemplo, quem faz as escutas é a...polícia! Sem controlo da magistratura!
Que tal? A Inglaterra é do terceiro mundo?
Um sociólogo renomado que escreve em jornais e aparentemente é professor...
Que tal como insinuação e boato?!
Está lançada a fatwa sobre o MP.
"Anónimo"! Descubra lá o nome. O meu é josé. Não tenha medo. Se for José, cá nos entenderemos também...
Os meus escritos visam ideias expostas, principalmente aquelas que são como fracturas. Não visam as pessoas que as escrevem.
Talvez isso lhe seja difícil de entender, mas faça um pequeno esforço de análise introspectiva e lá chegará.
E asuma um nome, um pseudónimo para saber quem é. O nome, já percebi que será perigoso...mas nem sei porquê. Quem se atira a outros ( às ideias de outros) nada deve temer.
Ahahahahah!
Caros membros desta matilha (quantos serão?): se não têm sentido de humor, não riam ou não leiam... mas por favor: Não chateiem!
Por isto:
Em 1987, aquando da aprovação do CPP, o regime das escutas foi delineado pelos "sábios".
Durante estes 18 anos, o CPP já sofreu quase uma dúzia de revisões e mais do que isso se tivermos em conta as leis avulsas publicadas.
Agora prepara-se outro sistema para evitar que se possam ouvir os Costas e os Ferros a dizerem que se estão a cagar para segredos.
O que é triste é ver comentadores encartados que deviam ser independentes e sérios, sem uma ponta de vergonha a defenderem quem no fundo lhes paga: os próceres do poder político e os media
Quem dá cabo das escutas são sempre os mesmos: os políticos que permitem que a PJ continue a controlar e os juizes fiquem a ver navios.
Fiquei admirado ao ler o que ele escreveu sobre o medo de escrever...
Fiquei espantado! Será que ele tem mesmo medo que lhe atirem ás canelas os cães da investigação?!
Há de facto coisas incríveis.
COmo sei que ele vem aqui espreitar, deixe que lhe diga, caro Pacheco:
Deixe-se de cuidados! Escreva o que lhe parecer que é para a gente ter motivo para malhar!
O MP é um tigre de papel!
Deixe-me rir! Ahahahahah!
Desculpe ter-me esquecido de assinar a distinguir-me dos outros... aquilo foi a apoiá-lo a si, contra a matilha que se pegou toda a ladrar quando deu sinal a trombeta Pachequiana...
Ass:
O anónimo das 12:45 (que não é nenhum dos outros neste post e que tem infinito respeito pelo que o José aqui escreve. Volta e meia escreve coisas a incentivá-lo e escreveu aquilo para criticar a matilha...)
Doença tipica deste tipo de justiceiros anónimos.
Feche mas é a loja antes que se autodenuncie e depois tem que explicar aos seus Colegas o que é que andava a fazer por estes lados.
carlos
quem havia de dizer
Se alguém tem dúvida que os partidos políticos fazem pior à cabeça que os de futebol é ler estes comentários
Aproveite e trate do anónimo, como só V. o sabe fazer...
ahahahahaha!
É incrível, cada vez mais, a noção que se começa a ter do substracto real de quem escreve e opina nos jornais.
Talvez isso seja fruto de um sistema de ensino mau. De uma formação atabalhoada e pouco exigente.
Mas é pena que jornalistas que têm o estrito dever de serem profissionais competentes se dêem ao trabalho de virem para aqui, anonimamente e pela calada, espreitar o furo, feitos voyeurs...
Triste.
esse anónimo agora é que se tramou. É que eu, para além de delegada, tenho contacto directo com o senhor Deputado.
Este aqui, em pessoa, salvo seja...
http://www.tvacres.com/images/dog_deputy.jpg
A histeria anti-judicial que refere, mais do que contribuir para o aperfeiçoamento do sistema, tem contribuído para enfraquecer o Estado de Direito. Um destes dias, vamos sentir a falta uma Justiça serena, cujo tempo não seja o dos telejornais e cujo código não seja a previsível cartilha dos comentadores vinculados a interesses vários.
Por isso é que quando o José aqui faz de Advogado do Diabo, tem o mérito de nos obrigar a pensar em aspectos que os media tradicionais e seus comentadores encartados ignoram ou ocultam - tenha ou não tenha razão.
Só tenho pena - muita até! - que os "watchdogs" do José que por aqui aparecem raramente contribuam para um contraditório digno desse nome. Em geral, são prolixos em provocações sobre questões laterais, sobre processos de intenção, mas quanto a argumentos sobre as questões de fundo tratadas nos posts: zero.
Ou a liberdade de expressão é, neste blogue, igual a licença?
Quando cito o Vital Moreira para justificar o direito à greve dos magistrados cito uma obra que ele escreveu a meias com GOmes Canotilho. A meias é um modo de dizer, pois para ser mais rigoroso, deveria dizer uma obra co-assinada. E a obra são as anotações à COnstituição da República.
Nessas anotações concretas, referi várias discrepâncias ( pelo menos duas importantes e uma delas é precisamente o facto de aí se defender o direito à greve a outra é o facto de considerar o MP como fazendo parte dos Tribunais e portanto assimilado a um órgão de soberania).
Assim, as referências que faço às obras de Vital são públicas e não é para me servir do nome para defender uma tese. É apenas para mostrar quem diz o quê, em que circunstâncias o faz e como ás vezese se põe a tergiversar.
Mas pelos vistos, isto, para si, é desonestidade intelectual.
Por falar em intelecto...o seu denota alguma ferrugem no raciocíno.