Aboborar

Aproveitado da caixa de correio...

“(...) Sabe o sr. uma coisa que nós desconfiamos? Sabe o que nos parece que o sr. tem? Sabe? Pois olhe com franqueza: essa tristeza, esse azedume... O sr. tem a ténia!

Ennes, o sr. tem a ténia! Aí é que está! É o que é! O sr. positivamente tem a ténia. Eis aí. É a ténia.
Esses ódios sem razão, esses rancores, injustificados, essas invejas acres,esse azedume afiado – é a bicha!

Agora percebemos: todo o seu modo de pensar, de dizer, de criticar, de atacar –não é uma filosofia, é um verme! O seu mal, o mal do seu espírito, não se cura com princípios, com conselhos,com reflexões. Sabe com que se cura? É com pevide de abóbora.

Agora pode-se vituperar, apedrejar, morder, babar, rasgar; enodoar-nos de chalaças, sujar-nos de pilherias, mandar a falsidade ferir-nos pelas costas:

nós diremos na nossa sinceridade: Ennes, pevide de abóbora! O sr. critica-nos, pevide de abóbora! Conta os nossos plagiatos? Pevide de abóbora! Revela os nossos crimes? Pevide de abóbora!

E se o sr. se tornar importuno, repetido, assomant, ergue-lo-emos por uma ponta do frak, e pondo-o a pernear, diante da multidão absorta, gritaremos:

- Ennes, o filósofo, precisa de pevide de abóbora. Há aí alguém que dê pevide de abóbora ao filósofo Ennes? (...)”.

in João C. Reis, “Polémicas de Eça de Queiroz”, vol. II, p. 84, Lisboa,
Europress, 1987.

Publicado por josé 20:03:00  

4 Comments:

  1. zazie said...
    ahahahahaha
    Anónimo said...
    A Zazie e o seu ídolo.
    zazie said...
    você deve preferir o Paulo Coelho lido pelo Almeida Santos
    Anónimo said...
    Será a ténia laranjo?

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