antes e depois
segunda-feira, janeiro 30, 2006
Quando um dia se fizer a história da blogosfera portuguesa esta terá que ser forçosamente dividida em duas partes - antes e depois d'O Espectro. No início, a blogosfera eram os outros, mais um ou outro 'famoso', tier one, que a usava como mero instrumento de promoção pessoal. Com o tempo foi evoluindo, mas 'agora' vamos ter o mais marcante opinion maker do regime, Vasco Pulido Valente, sem mediações, em discurso directo. Bastar-lhe-á fazer o que Constança Cunha e Sá tem feito - usar o seu espaço não como um púlpito donde catequiza a plebe, mas antes algo interactivo, onde se debate, e combate, sem preconceitos de 'classe', por aquilo em que acredita, por mero prazer, para iniciar uma verdadeira revolução. No fundo democratizando verdadeiramente o (acesso ao) debate (político). Bem vistas as coisas, por isto, e até por isto, era inevitável.
Vai se curioso ver como é que o establishment, político e jornalístico, que 'reboca' mas não quer ser rebocado, reage... Hão-de entranhar. Já agora, aqui ficam votos para que VPV não se fique 'apenas' pela política estrita. Os seus melhores posts, quer dizer textos, políticos, são quando fala de outras coisas, escritores russos por exemplo...
Publicado por Manuel 01:08:00
"VPV , para bem de todos nós, assume como ninguém, um espírito de Cassandra
É por isso que gosto de ler o que escreve, porque também escreve bem o português e usa alguns termos esquecidos que depois são repescados por outros( leia-se João Pereira Coutinho), meros diletantes na arte de dar palpites sobre tudo e mais alguma coisa e com pouco ou nenhum interesse, por falta de densidade e peso específico.
O VPV que gosto de ler é aquele que escreveu sobre a indigência mental dos políticos que vamos tendo. Porque essa escrita estimula interrogações e talvez algumas respostas.
Nesta crónica sobre a direita e a Igreja, também me parece que a subtileza vai um pouco mais além do que atirar à cara da direita uma omissão indesculpável.
O que VPV tenta fazer, parece-me, é mostrar que os valores apregoados pela Igreja, não podem dissociar-se da discussão sobre o assunto. E se a direita os defende, não poderá obliterar o papel da instituição, mesmo que tente seguir o princípio de "dar a César o que é de César".
Porém, juntar política com religião, costuma dar maus resultados, principalmente se vêm ao de cima as ideias fundamentalistas. Veja-se o caso do italiano Buttiglioni; veja-se o caso da introdução à Constituição Europeia e veja-se o caso da recente polémica com o padre que defendeu a não-comunhão para certo tipo de pessoas.
O problema mostrado por VPV é o conjunto de várias contradições que uma certa direita, ligada ao CDS, precisa de resolver.
Mas haverá direita, em Portugal?!
Ou o que temos, como direita, é apenas um caldinho de ideias dispersas e fugazes, sem concretização teórica, como já foi apontado por José Adelino Maltez?
Jaime Nogueira Pinto pode considerar-se um teórico da direita?!
É que me parece o único a escrever sobre esse propósito...uma vez que o prof. Martinez ou o prof. Hermano José Saraiva, não contam: gostam demasiado do salazarismo para merecerem atenção! "