Sócrates e morte do Pai

Vasco Pulido Valente zurziu ontem, forte e feio, em Sócrates e Soares, no Público. Quanto a Soares, na mouche, já quanto a Sócrates, bem, quanto a Sócrates, admitamos os candidatos presidenciais do BE e do PC, a irem até ao fim, e a obterem resultados idênticos aos dos respectivos partidos nas últimas legislativas, e, como antevê Pulido Valente, Soares com um resultado 'menor', abaixo ou perto dos 40%, com sorte. Acham mesmo que é Sócrates o maior perdedor ? Sem alternativa 'legislativa' que se leve a sério à direita, i.e. sem a possibilidade de os votos em Cavaco serem facilmente convertíveis num futuro próximo em votos contra este governo, por um umlado, por um outro, Sócrates vai simplesmente piscar o olho e recordar que vale mais - eleitoralmente - que Soares, e que a velha tralha soarista, que lhe impôs a candidatura. Se, depois disso, Sócrates terá a arte, a coragem, e o engenho para colocar Coelho e C.a na linha e evitar uma ruptura com uma ala esquerda dorida à espera da primeira oportunidade de se vingar, já é outra história. Mas que no plano partidário as coisas podiam ser muito pior para Sócrates, isso podiam...

Publicado por Manuel 18:27:00  

4 Comments:

  1. Anónimo said...
    José Sócrates é um político frio. Nas locais, arrasa com Jorge Coelho. Nas presidenciais, com Mário Soares.
    Anónimo said...
    A candidatura de Soares apenas tem um propósito: Evitar o exercício dos poderes presidenciais por quem poderia eventualmente usá-los contra o Governo, ou melhor, a favor de uma governação dentro dos limites legais e constitucionais e no respeito por princípios de boa governação.
    Sócrates o disse: O Soares destin a-se a evitar uma oposição presidencialista, tendo proclamado a evidência de a oposição se fazer no parlamento.
    Trocado por miúdos: Rédea solta.
    O fulano quer rédea solta para implementar, de forma totalmente autista e aleatória, as soluções que lhe vão na cabeça e mais nas dos seus ministros.
    À revelia do compromisso que assumiu com os portugueses.
    As medidas que até agora implementou destinam-se, teoricamente, a resolver problemas. Mas são problemas ou mal estudados ou irrelevantes ou anacrónicos ou extemporâneos ou não prioritários (face ao estado do país) ou mesmo inexistentes.
    Mas servem, isso sim, a clientela xuxialista.
    E conseguiram criar um ambiente tal que o que correr mal (e vai correr mal) vai ter bode expiatório.
    Como já tem: Por exemplo, na justiça, o que corre mal é culpa dos operadores (transformados em operários) judiciários; E vai continuar a ser.
    E o mesmo se passa quanto aos restantes sectores.
    Os portugueses são uns malandros, ingratos, malfeitores que é preciso meter na ordem.
    Esta cambada xuxialista confunde o autoritarismo de que abusam com a autoridade que não sabem exercer.
    Por tudo isso, com Soares na presidência, o corredor fica aberto a todas as tropelias.
    É mais um tijolo para este arremedo de democracia que por cá se foi implantando e que tão brilhantes resultados tem alcançado, como, aliás, está à vista de todos...
    Anónimo said...
    Quando Maria de Lurdes Pintasilgo foi primeira ministra de um governo da iniciativa da Ramalho Eanes, antes de sair do seu posto resolveu aumentar as pensões sociais de certas camadas de pensionistas. Foi um aumento considerável.

    Sá Carneiro, na altura a preparar a AD, criticou fortemente esse aumento. A AD ganhou a seguir as eleições e foi para o governo, com Cavaco Silva em ministro das Finanças. Não tardou muito e fez novo aumento dessas pensões, o que fez com que num só ano essas pensões tivessem aumentado cerca de 45%. Começou aqui o descalabro despesista do Estado.

    Mas, como o preço do petróleo entretanto tinha subido muito, de 12$/barril, para perto de 40$/barril, e como Sá Carneiro faleceu no acidente de Camarate, e era depois Pinto Balsemão o primeiro ministro, Cavaco Silva, prevendo mau tempo no canal para a economia mundial e portuguesa abandonou o barco da AD e recusou ser ministro do governo de Balsemão. Este ficou amuado e com o tempo se veria que nunca lhe perdoou este abandono do barco em pleno naufrágio.

    A AD, esfrangalhada por lutas intestinas e pela crise económica que levou o país à beira da bancarrota, acaba por perder as eleições em 1983 e dá lugar a um governo de salvação nacional presidido por Mário Soares, com Mota Pinto em vice-primeio ministro. Foi o governo do bloco central.

    Mário Soares teve de recorrer ao FMI para resolver a situação, com a ajuda do seu ministro das Finanças, Hernani Lopes. Em 1985 as contas públicas estavam recuperadas e o caso deu brado nos meios financeiros internacionais. Portugal passou a ser um exemplo de bom aluno do FMI.

    Mas esta recuperação das finanças públicas custou popularidade a Mário Soares e ao PS, que na altura fez outra grande reforma, a do arrendamento, matéria tabú para os governos anteriores. E o PSD, com Cavaco Silva, sobe ao poder.

    Iniciava-se na altura a recuperação da economia mundial depois do choque do petróleo de 1980/81, com a descida forte do preço do petróleo. Cavaco Silva, bem infomado sobre os ciclos económicos, viu que teria um período de vacas gordas para fazer figuraço, até porque Portugal se preparava para entrar na CEE e iria receber chorudos fundos comunitários.

    Cavaco Silva passou então a governar com três Orçamentos, o geral do Estado, o dos fundos comunitários e o das privatizações da banca, seguros, etc.

    Foi um fartar vilanagem, dinheiro a rodos para distribuir pela clientela, incluindo centenas de milhares de funcionários públicos. O despesismo estatal no seu melhor! Fez obras, sim senhor, incluindo o CCB, que era para custar 6 milhões de contos e custou 40 milhões, segundo se disse na época. O rigor cavaquista no seu melhor!

    Anos depois vem a guerra do Golfo, com implicações económicas fortes a nível internacional, e Cavaco Silva, prevendo período de vacas magras e já com ele em andamento, resolveu abandonar o barco e parar de governar e entregou o testemunho ao seu ex-ministro Nogueira. Este perdeu as eleições para Guterres e em 1996 iniciava-se a recuperação da economia mundial. Foi um bom período para Guterres, que continuou o despesismo de Cavaco Silva, já que este último tinha deixado o campo minado por sistemas automáticos de aumento da despesa pública, o MONSTRO cavaquista de que viria a falar Miguel Cadilhe, além de milhares de contratados a recibos verdes no aparelho do Estado, que Guterres teve de integrar nos quadros do Estado para não ter de mandar para a rua gente que há anos não fazia outra coisa senão trabalhar para e dentro do aparelho de Estado.

    Foi este o percurso do despesista Cavaco Silva, o que como ministro das finanças da AD aumentou num ano, pela segunda vez, milhares de pensionistas, e o que, como primeiro ministro, aumentou a despesa pública de tal ordem que os défices públicos da sua governação, se limpos das receitas extraordinárias, subiram tanto (chegou a 9% do PIB) que o actual défice das contas públicas é apenas mais um no oceano despesista inventado por Cavaco Silva nos longínquos tempos da AD e continuado nos tempos em que foi primeiro ministro, depois da recuperação heroica dos tempos de Mário Soares e Hernani Lopes, nos anos 1983-85.

    É neste despesista disfarçado de rigor que devemos votar para PR? Desculpem, se quiserem propor Hernani Lopes para PR, podem contar com o meu voto. Mas como ele não aparece a candidatar-se a PR, vou votar em quem o ajudou a salvar Portugal da bancarrota provocada pela AD de Cavaco Silva. E esse alguém é Mário Soares.

    Estes os factos. E eu voto em factos, não em mitos e miragens. Mário Soares tem um brilhante CV em controlo da despesa pública (governos de 1977/78 e 1983-85). Cavaco Silva tem um brilhante CV no descalabro das contas públicas.

    Qualquer economista, se intelectualmente honesto e conhecer um pouco da nossa História recente, rejeita liminarmente este embuste chamado Cavaco Silva. Se ele for presidente da República, como pode ele pregar moralidade económico-financeira quando ele foi e é ainda o pai do MONSTRO? Monstro que agora Sócrates se esforça por abater com as reformas profundas que está a fazer.

    Para os mais novos aqui fica a radiografia do embuste chamado Cavaco Silva.
    Anónimo said...
    Tenho uma dúvida caro anónimo, quantos estavam á manjedoura em 1991 e quantos existiam já em 2001 ?

    Só assim se podem fazer afirmações.

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