uma reflexão
terça-feira, novembro 01, 2005
Abaixo transcrevi um texto publicado noutro sítio onde, a partir de de três factos concretos, também amplamente debatidos por aqui, se parte para uma elaborada tese onde nada acontece por acaso. Eu, até acho, em concreto, que pelo menos num dos casos, o de Fátima Felgueiras, as razões do 'fenómeno' mediático são bem mais simples - a senhora 'vende' e 'garante' audiências, ponto. Quanto ao resto, ao enunciar da tese, que não é nova (passe o excessivo pendor anti-PS, que infelizmente não detem a exclusividade nestes departamentos) é um triste sinal dos tempos. Com efeito, já não interessa apenas se a notícia é verdadeira ou falsa, interessa é o timing, a motivação, o target. Dito isto, numa sociedade altamente mediatizada seria útil que existisse ums debate amplo e sereno sobre quais os critérios de selecção e triagem de matérias jornalísticas. Sobre o que é manchete, e o que não é, sobre o que abre noticiários, e o que não abre. É que a melhor maneira de fazer censura não é omitir as notícias, é antes publicá-las, e garantir que, na voragem diária, ninguém lhes liga. Para tal não é 'sempre' necessária uma elaborada cabala, basta muitas vezes a passividade do leitor,e até uma visão genuinamente distorcida do que é notícia e do que não é, do que é normal, e do que não é. Juste-se a isto o fenómeno que temos e que faz com que a esmagadora maiorioa dos 'bons' jornalistas estejam fora das redações, a fazer spin para terceiros, em agências de comunicação, e a produzir 'fast-food' noticioso para maçaricos nas comunicação social e percebe-se muita coisa. Aliás, se porventura se fizesse uma sondagem pelas redações rapidamente se perceberiam algumas coisas - que todos acham Macau, a Eurominas e a Fátima situações 'normais'. Neste último caso estabeleceu-se uma simbiose entre quem notícia e quem é noticiado, como no passado se estableceu entre Vale e Azevedo e a SIC, por enquanto mutuamente benéfica, nos outros dois casos, a notícia é dada por dar. Ninguém acha, em bom rigor, que aquilo vá a lado nenhum, porque eles são 'bons', já se safaram várias vezes, e eles estão no 'topo'. Logo, estão-se borrifando. O problema, o verdadeiro problema, é que não são só os jornalistas que se estão borrifando (compare-se o jornalismo de investigação que cá (não) se faz com o que se faz no Brasil, ou até aqui ao lado em Espanha), uma boa parte da população, prefere assumida e conscientemente não saber, ponto.
Publicado por Manuel 16:55:00