a outra corporação... ('pia' e 'exótica')
quinta-feira, setembro 15, 2005
Em Portugal há corporações, e há... corporações. De umas fala-se, das outras sabe-se que existem mas sobressai um ruidoso silêncio. Às vezes, há brechas, que nos permitem ver uma coisa ou outra, mas rapidamente são tapadas, em nome de interesses mais ou menos inconfessáveis. Hoje foi um desses dias, raros, em que uma brecha se (re)abriu, para rapidamente se ir fechar de novo. No final de mais uma sessão do julgamento do processo Casa Pia, António Serra Lopes, advogado de Carlos Cruz, lamentou que o nome do antigo deputado socialista continue a ser citado em tribunal enquanto o Tribunal da Relação de Lisboa está há mais de um ano e meio para apreciar um recurso do Ministério Público contra a decisão da juíza Ana Teixeira e Silva de não levar Paulo Pedroso a julgamento. O jovem que está a depor, considerado a principal testemunha do processo de pedofilia, terá citado hoje o nome de Paulo Pedroso e, à saída da sessão, Serra Lopes considerou a situação "exótica". "Hoje a tendência da Justiça é uniformizar-se. Mas para a Relação (Tribunal da Relação) o testemunho de dois ou três miúdos não vale nada e para este (Tribunal da Boa Hora) é extremamente importante. É pura e simplesmente um mau funcionamento da Justiça", considerou. A justificar esta posição, o advogado lembrou que o Tribunal da Relação de Lisboa está há mais de ano e meio para decidir um recurso interposto pelo Ministério Público sobre a não pronúncia (ida a julgamento) do deputado Paulo Pedroso, que no âmbito do processo Casa Pia esteve preso preventivamente e chegou a ser acusado de 23 crimes de abuso sexual de crianças da instituição. "Acho que é elementar que isso seja julgado, não há nenhuma razão válida para que não seja", sublinhou. Como já vem sendo hábito Vital Moreira, à época, também teve que dizer, solidário e eufórico, enfim, o costume. Mas, destas coisas, e das corporações que permitem destas coisas, que uns sejam mais iguais que outros (e recebidos em apoteose num dos mais vergonhosos momentos da nossa história parlamentar) o melhor é mesmo não saber, não é ? Enoja, se enoja, não se quer saber a verdade, porque simplesmente não se está preparado para ela.
Publicado por Manuel 20:56:00
No fundo e no seu intímo hipócrita muita gente considera que molestar crianças que já de si não prometiam ter umas vidas com grande futuro tira um grande pêso aos crimes cometidos.
Como é que crianças assim, têm legitimidade para acusar politicos, apresentadores de televisão, medicos e embaixadores?
Porque a preversidade não escolhe côr nem credo e porque normalmente o agressor é quem menos se espera.
O primitivismo da mentalidade do portuguesinho, fa-lo pensar que o agressor é obrigatoriamente mal encarado, assustador e facilmente reconhecivel, o perigo e arma usada pelos pedófilos é precisamente a dessimulação, o ar inofensivo e mesmo frágil, a victimizacão e até a demonstração de uma alma sensivel, este é o retrato mais usual do molestador de crianças e é precisamente isto que tem que ser tido em conta por estes saloios.
Já disse e repito, sou uma defensora acérrima da vida, mas para os pedófilos defendo a pena de morte.