Ainda são precisos mais estudos? Uma resposta.
sexta-feira, abril 08, 2005
Mais um debate com o Venerável António, desta vez sobre a sua última posta "Ainda são precisos mais estudos..." onde aborda a questão dos cenários demográficos e do problema da sustentabilidade do sistema de segurança social.
Na minha opinião são precisos mais estudos, ou melhor, qualquer decisão política deve ter por base informação credível suportada por cenários elaborados muito recentemente. E isto deve ser particularmente assim nesta questão muito concreta que depende de dados demográficos.
Algumas perguntas (que não são de retórica, acredita)...
* Como caracterizarias a política nacional de natalidade que mencionas?
* Em Portugal houve baby boom?
* Até que ponto o retorno de emigrantes portugueses - muitos deles dependentes de sistemas de segurança social de outros países - deve ser corrigido do contingente de residentes do seu grupo etário para efeitos de elaboração de cenários de curto e médio prazo?
* Qual o cenário demográfico utilizado pelo Eurostat para a estimativa que referes? Refiro-me a hipóteses de base como taxa de fertilidade, saldo migratório... É prática comum nestes ensaios para o futuro longínquo apresentarem-se três cenário distintos para acomodarem, cada um, ligeiras variações nas variáveis fulcrais, como a já referida fertilidade/natalidade e movimentos migratórios.
* Esses cenários perspectivam situações significativamente distintas ou não?
* Que cenários são plausíveis perante uma intervenção política pró-natalista?
* Que políticas desta natureza têm dado provas de sucesso em outros países?
* São aceitáveis (politicamente, por exemplo) e reprodutíveis (economicamente, por exemplo) em Portugal?
* Qual o andamento previsível da esperança de vida sem incapacidade para Portugal num cenário de médio e longo prazo?
* Essa informação já foi considerada quando se eleboraram as propostas de aumento da idade da reforma?
* Têm-se a exacta noção de até onde pode ir esse aumento?
* Já se apuraram/contabilizaram as consequências dessas medidas ao nível do mercado de trabalho; impactos de curto e médio prazo ao nível do desemprego? E da produtividade?
Sem responderes - estudares - estas e outras perguntas como podes tomar uma decisão fundamentada? Nota que estás a decidir sobre um país que teve nos últimos 5 a 6 anos movimentos migratórios absolutamente atípicos que podem ter tornado obsoletos alguns estudos relativamente recentes e, consequentemente, algumas das variáveis chave para definição de cenários futuros.
* Esse movimento migratório (com saldo claramente positivo) é sustentável?
* Mantêm-se actualmente?
* Que impacto está a ter no sistema?
* Já temos noção da taxa de retorno deste imigrantes aos seus países de origem?
* Há um perfil comum por nacionalidades?
* Que impacto têm no contigente global e no sistema de segurança social?
A intensidade do problema da insustentabilidade não é irrelevante tal como não é correcto considerar que não há uma situação específica em cada país. Esses detalhes podem fazer toda a diferença quando nós chegarmos à idade da reforma.
Novos estudos não são inúteis António, neste caso acho que são indispensáveis. O que é inútil é não agir sobre o que eles disserem como tem acontecido tantas e tantas vezes ou então... lançar medidas para o ar, como também fomos vendo amiúde muito recentemente.
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Publicado por Rui MCB 14:19:00
Que tal fazer essas perguntas ao primeiro? Há algumas delas baseadas no se.. e nas consequências do se e nos resultados das consequências dos incentivos a que se venha a fazer aquilo que não se sabe (aumentar a descendência à custa da promessa de uns descontos no IRS) que só um génio ou um ingénuo era capaz de acreditar que estamos no campo do positivismo político
“:O)))
E graças a Deus que nestas coisas são mais para o empírico “:O))))
Faz-me lembrar as discussões sobre o efeito da poluição no planeta. Como não se sabe se as mudanças são naturais todos os axiomas são válidos.
só que, como diz o povão: o seguro morreu de velho
Acontece-me muito “:O)))
Pois, há algumas um bocadinho mais para a a segunda ou terceira derivada mas são algumas, apenas. Outras parecem-me bem pertinentes para uma tomada de decisão minimamente informada. Um espírito crítico face aos dados do Eurostat, ou do INE, como recentemente aqui aconteceu também não fazima mal nenhum quanto aos dados de que fala o Antónios. Em ambas as situações podemos ficar a conhecer melhor as qualidades e defeitos da informção o que só pode ser positivo.
Há muitas "bombass atómicas" de diferentes intensidades para resolver o problema. Mas qual é a gravidade do problema? E esta resultou inteiramente do desenrolar normal do sistema ou teve uma boa ajuda exógena (nomeadamente proveniente da decisão política de reduzir as transferência para o sistema - esta é retórica)? É possível repondo a situação normal? Se sim qual a gravidade do problema remanescente?
Ups! Já estou outra vez a fazer perguntas.
Este é um dos problemas mais armadilhados que temos. Já por várias vezes se anunciou a ruptura do sistema, lembras-te? E tem piorado, de facto, mas bem vistas as coisas, apesar de sucessivas sabotagens, já vamos em 2005 e vai aguentando...
É um tema muito sensível politicamente e com uma panóplia de soluções vastíssima - de acordo com os vários e ainda nebulosos cenários políticos, além de financeiro-demegráficos.
Perguntas, tantas perguntas ligadas a estas.