Portugal Confidencial
a pista da energia ou as pontas que continuam soltas...
sexta-feira, outubro 15, 2004
Nos últimos tempos falou-se muito de liberdade de expressão, de censura, de liberdade nos media portugueses. Hoje, de uma forma perversa e irónica, temos a prova - inequívoca - de que se não há uma censura formal, os nossos jornalistas medem muito bem aquilo aquilo que escrevem assim comos as respectivas direcções aquilo que deixam publicar. Em vários orgãos de comunicação social fala-se hoje de que a GALP terá furado o embargo petrolifero ao Iraque, com grande espanto e novidade, já que um novíssimo relatório da ONU (mais um) assim o indica.
O drama é que nada, nada, nada, do que consta desse relatório, que mais não é do que uma compilação exaustiva de dados já conhecidos, é novo, mais, foi tudo aqui escalpelizado em devido tempo, começando em Março, e muito bem documentado. À boca fechada chamaram-nos loucos, a GALP fez valer o seu músculo, o actual ministro Mexia - que não deve ver razões para se demitir - passou muitas horas ao telefone com algumas direções editoriais (e miraculosamente as campanhas publicitárias da GALP aumentaram a olho nú numa série de orgãos) mas ninguém pegou no assunto. Ninguém. Nem Comunicação Social, nem partidos, ninguém. No se ha pasada nada.
Via google pode-se constatar que a imagem de Portugal, por via da GALP/GITE/Asat Trust, é, desde há meses, achincalhada do México à Nova Zelândia, que de facto no meio de negócios sujos com dezenas de intermediários, uma empresa participada da GALP aparece sistematicamente referenciada como metida em esquemas no mínimo dúbios (que a ligavam à Al-Qaeda ou pelo menos aos circuitos de lavagem de dinheiro desta) e ao contrabando, sim, contrabando, de petróleo. Talvez todas as petroliferas joguem assim, à francesa, mas não nos parece normal, como não parece normal todo o silêncio à volta deste assunto.
O mínimo que se exigia é que tudo fosse feito para se encontrar a verdade. Porém o que foi feito foi encerrar a GITE - a off-shore - maldita, basicamente mudando-a de nome e transferindo-a simplesmente com a mesma administração base do Lienchenstein para a Irlanda.
A ter ocorrido importação ilegal de petróleo (e pode-se estar a falar de valores entre 500 a 600 mil toneladas de crude), fora a violação da Lei nacional e internacional, nem vale a pena falar da monumental fraude de que o Estado foi vítima só no que perdeu em impostos, nem perguntar onde ficaram as mais valias; entraram em Portugal, como ? ou serão um gigantesco saco azul para um dia, com sorte, as global witnesses deste mundo, mais uma vez para vergonha lusa, denunciarem ?
Uma última nota para recordar que quando levantamos o caso pela primeira vez a GALP - então de Mexia - ainda se deu ao trabalho de exarar um comunicado mirabolante basicamente chutando para uma sociedade de advogados muito conhecida - mas que não nomeou - a responsabilidade da sua associação à Asat Trust, que não conheceria de lado nenhum. Houvesse coragem e já se saberia não só quem é o sábio - ó se sábio - mentor dessa tal sociedade de advogados como também o que é exactamente a Lissarasso Stiftung (misteriosa fundação que foi "sócia" da GALP na GITE), de quem é, para que serve e a quem...
Publicado por Manuel 03:25:00
eu não consigo ver com frequência os telejornais, mas fico sempre surpreendido com estas notícias. e acabo por não saber da sua equidade em relação a todos os operadores.
gonçalo
que coisa.....