Subliminar
quarta-feira, outubro 08, 2008
Daqui, passando por aqui, chega-se aqui. Vale a pena transcrever e comentar:
A ERC tinha divulgado hoje no site uma carta enviada pelo primeiro-ministro, na qual este acusa o director do PÚBLICO de faltar à verdade “de forma especialmente covarde”. E acusa-o de “deixar a pairar uma suspeita indefinida” sobre a eventual existência de pressões. Em causa está a divulgação da audição de José Manuel Fernandes à ERC, sobre uma conversa telefónica com o primeiro-ministro. “(O primeiro-ministro) fez uma referência subtil ao facto de ter estabelecido uma boa relação com o eng. Paulo de Azevedo durante a OPA, o que queria dizer: fiquei com uma boa relação com o seu accionista e vamos ver se isso não se altera”, cita o documento originalmente divulgado pela ERC. “É uma interpretação subliminar dizer que sempre existiu uma boa relação com o accionista (e admitir que ela poderia ser posta em causa?)”, refere também, como fazendo parte da mesma resposta.
Já a versão definitiva, só hoje divulgada no site, é diferente: “O PM fez então uma referência ao facto de ter estabelecido uma boa relação com o eng. Paulo de Azevedo durante o período que durou a OPA, o que me levou a reflectir sobre o sentido daquela referência e se nela havia alguma mensagem, pois não me pareceu vir a propósito”. Questionado sobre se iria reagir em tribunal contra a carta do primeiro-ministro, José Manuel Fernandes disse que não. Já o presidente da ERC indicou que “em relação à carta, o primeiro ministro é que terá de considerar se se justifica ou não um novo esclarecimento da sua parte”.
Das duas, uma: ou o primeiro-ministro, mentiu; ou foi o director do Público a fazê-lo. As diferenças subtis nas declarações do director do Público à ERC, não são significativas, para o caso.
Significativo é o silêncio pessoal do director do Público, sobre este assunto.
Aceitam-se apostas.
ADITAMENTO, em 8.10.08, às 23h20
Aqui fica o editorial de José Manuel Fernandes no Público de hoje, sobre o assunto ERC e que o mesmo considera um "tema triste". E triste porquê?
Por uma razão aparente e outras ocultas, no meu entender.
A aparente, tem a ver com a adulteração , eventualmente involuntária, da resposta que o mesmo deu, aquando do seu depoimento na ERC, como melhor explica o próprio ( basta clicar para ler).
Por outro lado, percebe-se do escrito de JMF que afinal José Sócrates, disse quase aquilo que lhe foi atribuido. Essencialmente, com esse significado inequívoco, que lhe foi atribuído: " vê lá se te portas bem, porque eu dou-me bem com o teu accionista e pode ser que isso venha a mudar..."
JMF, entendia e volta a entender que José Sócrates o tentou pressionar de modo inadmissível e intolerável, para um indivíduo que exerce como primeiro-ministro.
Este, aproveitou o lapso manifesto, na transcrição do depoimento, para sair em defesa de uma honra putativa: " eu não disse isso!" E ainda atribuindo ao director do Público intuitos mentirosos, falsos e cavilosos. A defesa do costume que já cansa.
O melhor exemplo desta história, reside num pormenor, contado por JMF e confirmado por José Sócrates, como primeiro-ministro: este, afirma que JMF lhe solicitou um encontro de almoço que o mesmo veio a recusar. Aquele, devolve-lhe a intenção do almoço, atribuindo-a aos seus assessores, com grande afã inicial e afinal negada, numa oportunidade perdida. Posterior à publicação do primeiro artigo sobre o percurso académico, a vários títulos notável, do primeiro-ministro.
É bom de ver que este primeiro-ministro, tratou deste assunto, de um modo habitual e que se lhe vai conhecendo: com uma lisura acima de qualquer suspeita.
JMF já veio comparar com o caso Watergate e o Washington Post. Cá tem mais um episódio comparativo. Nixon a diligenciar por um almoço, com Ben Bradlee. E este a desligar o telefone e a dar carta branca a Bob Woodward...
Tem mesmo sentido, a comparação?
A atitude deste PM, neste como noutros assuntos, lembra-me a de um animal feroz e sinuoso no percurso de ataque. Uma atitude boa. Constrictor.
E JMF dá conta disso. Agora. É pena que não tenha dado antes, logo na altura.
Publicado por josé 00:07:00
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