A dor crónica de Rui Rangel
quarta-feira, outubro 08, 2008
À semelhança de outros, ataca indiscriminadamente os "blogueiros anónimos", com esta crónica fria, onde chama "gente rasteira" a quem "só tem arte para discutir pessoas e não ideias". São os tais do "submundo da blogosfera".
Os quais, porém, não páram de aumentar, como cogumelos na humidade e que já vicejam, até no grupo dos blogueiros com nome, alguns apaniguados do cronista, em caixas de comentários e afins, incluindo os jornais e media em geral.
Uma praga, portanto e que os denunciadores dos "blogueiros anonimos", não perderão tempo em tentar meter na ordem, para restauração plena do respeitinho. Como havia dantes.
Esta praga é ainda uma desgraça para os cronistas de nome posto que já não sabem o que fazer à vida sossegada das croniquetas de jornal, por convite pessoalizado na relevância mediática, obtida de modo casual .
Fora desse terrível bas-fond, onde vegetam os piores boateiros, principalmente aqueles que têm a lata de lhes atirar com certas verdades, à fronha dos artigos de opinião, comentando-os sem cerimónia de maior e confrontando-a com um contraditório a que nunca estiveram habituados.
E assim, em vez de responderem no local próprio, servem-se novamente do palanque da crónica para zurzir a cobardia dos anónimos do submundo da blogosfera.
Esta classificação distintiva, no entanto, não deve abranger de todo em todo o blogueiro anónimo, juiz ainda por cima, para desgosto profundo do "juiz desembargador", e que lhe apontou as asneiras jurídicas que escreveu na croniqueta da semana passada. E que por tal, o cronista entende hipoteticamente alguém dever denunciar ao CSM, indicando o caminho certo do respeitinho. Um desaforo, portanto.
Como se pode ler aqui, no lugar certo no blog InVerbis, lugar dos tais "blogueiros anónimos", nenhum deles ousou ofendê-lo, para além de lamentarem o escrito e a excessiva exposição mediática, em tons de protagonismo, de um juiz, desembargador ainda por cima e com responsabilidades especiais por isso mesmo, uma vez que assim assina o escrito. Portanto, críticas leves, mas contundentes quanto às ideias e à atitude pública de uma pessoa que se assume na escrita como juiz.
E num comentário certeiro, de um comentador Manitu, juiz suposto, uma crítica objectiva às tais ideias, erradas ainda por cima, como lhe foi apontado sem grande escapatória.
Terá sido esta a razão principal, para a destilação de insultos aos anónimos, na crónica de hoje?
Não sei.
Leia-se a crónica:
Neste mundo global, ninguém questiona as virtualidades e as vantagens dos blogues, enquanto ferramenta multifuncional que promove uma nova forma de comunicação, uma forma de expressão completamente livre. De facto, quando o blogue é usado correctamente constitui um importante instrumento de debate público, de debate pertinente e sério, prestando um bom serviço ao exercício da Democracia.Mas o blogue que permite que a grande maioria dos bloguistas se refugie no anonimato não é sério, nem presta um relevante serviço à sociedade. Bem sei que o anonimato foi uma conquista para fugir à opinião massiva, para poder discordar sem ser identificado, evitando ser colocado à margem do grupo. Mas também sei que esta característica específica dos blogues, assente no anonimato, tem servido para proteger gente cobarde e mesquinha, que se refugia nesta forma de comunicar para vinganças pessoais, para ofender a honra e o bom-nome das pessoas que dão a cara e que não têm medo de pôr a assinatura em tudo o que fazem. Esta gente rasteira que se esconde por detrás do biombo do anonimato só tem arte e engenho pa-ra discutir pessoas e não ideias e princípios. A espiral de silêncio de que nos fala a socióloga Noelle Neumann é a fronteira que distingue a qualidade e a honestidade intelectual entre os blogues.
O blogueiro anónimo é, infelizmente, também juiz. Também este, que é o rosto visível da Justiça, de uma Justiça que se quer de cara destapada e transparente, se refugia nesta forma desprezível de comunicar, torpedeando o que lê, caluniando, sem qualquer respeito e tolerância. Talvez o Conselho Superior da Magistratura devesse estar atento a alguns blogues que acompanham as questões da Justiça e que em nada dignificam o Poder Judicial.
As ofensas anónimas estão nos antípodas da crítica construtiva, proporcional e adequada. É bom que o juiz anónimo saiba que o blogue não foge às regras do ordenamento jurídico português nem aos limites do exercício de liberdade, de manifestação e de pensamento. E é bom também que saiba que o titular do blogue é responsável, civil e criminalmente, pelos comentários injuriosos. Para cada direito criado há limites.
Quem se esconde na caverna do silêncio e da penumbra, para ter o momento de glória quando escreve sem se identificar, demonstra fraca personalidade e não tem o mínimo de respeito e de amor pelos direitos de personalidade.
Rui Rangel, Juiz Desembargador
Publicado por josé 14:17:00
É que quando se der o reviralho os bloguistas anónimos reivindicarão a sua contribuição no esclarecimento das mentes afectadas por tanta propaganda enganadora e lesiva dos seus interesses e em especial do país nunca dantes tão castigado por obtusos governantes e tão desastrosas políticas...
um bloguista anónimo protegido por direitos constitucionais
Fica aqui este link. Tem um excerto de uma voz dissonante, a do MEC.
Pois, de facto, a blogostera tem muito de Antígona. Isso incomoda.
Acabem lá com isso que isso não convem a nínguém......
Pois, é Sr. Juiz Rangel, isto de estar ao mesmo nível e ser confrontado com os erros é uma grande chatice....
Não há processinhos para relatar?