A caminho de 4 de Novembro (L): Obama fez o pleno dos debates, 3-0

Barack Obama fez o pleno dos debates presidenciais, ao somar a terceira vitória no terceiro e último confronto com John McCain.

Uma sondagem CNN/ORC deu o triunfo ao democrata, com 58% das preferências, contra apenas 31% de McCain.

Numa outra sondagem, da CBS, 53% dos telespectadores deram a vitória a Obama, contra 22% de McCain, com 24% a apontar para um empate.

Um painel de 25 eleitores indecisos do Ohio declarou uma clara vítória de Obama: 14 preferiram o democrata, só 10 o republicano. Um dos eleitores indecisos apontou para empate.

Num questionário «online» da MSNBC, Obama obteve as preferências de 60 por cento dos votantes, contra apenas 33% de McCain, num universo de 142 mil respostas.

Ironicamente, o debate de ontem foi o melhor de McCain: o senador do Arizona sabia que tinha que dar o tudo por tudo para reduzir a desvantagem que tem nas sondagens. Jogou ao ataque e começou bem o debate: nos primeiros 20 minutos, conseguiu demarcar-se da Administração Bush («não sou o Presidente Bush, senador Obama. Se queria concorrer contra ele, devia tê-lo feito há quatro anos...») e conseguiu, também, lançar a ideia (falsa) de que Barack pretende subir os impostos dos americanos.

Obama sabia que não valia a pena arriscar e começou muito à defesa. Não foi convincente a desmontar a ideia de «despesista», chegou a parecer um pouco atrapalhado com a agressividade do adversário, mas rapidamente tomou as rédeas da situação e marcou pontos nos sectores onde é claramente melhor que McCain: na economia, na saúde, na segurança social, na educação, na capacidade de tentar reconciliar a América.

Em todos esses pontos, Obama dominou e conseguiu os créditos suficientes para vencer o debate, de forma clara.

A estratégia do nomeado democrata foi tão claramente a de não atacar quando tal não seria exigido, que Obama até abdicou de criticar Sarah Palin, referindo-se à «vice» de McCain, meramente, num aspecto elogioso de «governadora popular do seu estado».

Mesmo assim, os números acima expostos parecem-nos um pouco injustos para o desempenho de McCain (este foi claramente o seu melhor debate) e, ao mesmo tempo, lisonjeiros para Obama (que ontem terá tido a sua prestação menos entusiasmante, ainda que por meras razões estratégicas).

A explicação pode ser esclarecedora quanto ao caminho que esta corrida está a tomar: é que mais importante do que eles disseram esta madrugada, a percepção dos eleitores tem a ver com a decisão que terão tomado em relação ao seu voto -- e terá existido aqui mais um sinal de que Obama tem uma vantagem muito sólida e que dificilmente será revertida.

Se quiser ver o debate na totalidade, clique em baixo:

Publicado por André 04:14:00  

2 Comments:

  1. MARIA said...
    Excelente apreciação crítica do debate. A melhor estruturada e melhor pensada a que tive oportunidade de aceder.
    De facto Obama nem necessita "atacar" S. Palin, basta-lhe a própria exposição da mesma...
    De resto Obama marca pontos, a meu ver, pela capacidade que revela para apresentar o seu projecto e as suas ideias, baseando-se nas qualidades dos mesmos e não na "falta de qualidade" dos que se lhe opõem.
    A inteligência e a elegância na concepção e no trato chegam assim mundo da política por Obama que cada vez mais convence e surpreende favoravelmente.
    De resto a observação relativamente ao candidato Republicano está muito bem elaborada. Não será injusto contudo para ele este resultado.Deve apenas concluir-se que quanto mais elevado o nível do desafio melhor a qualidade da resposta por parte de quem também detém autenticidade e valor.
    Parabéns pelo texto.

    bj
    Maria
    Jorge Oliveira said...
    As sondagens podem ter dado a vitória a Obama, mas pessoalmente pareceu-me que McCain esteve melhor do que Obama neste debate.

    Na área da Energia, McCain estava à vontade e apresentou propostas melhores (na minha opinião), ao passo que Obama quase gaguejou, revelando que não dominava o assunto.

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