A urdidura misteriosa

Sobre o caso do dia, nos telejornais da noite, o regabofe noticioso do costume.
Na Sic, Paulo Pedroso falou em discurso directo, para dizer o expectável; o seu advogado ,em diferido, tal como o próprio primeiro-ministro, com ar notoriamente satisfeito.
São citados em discurso diferido, Manuel Alegre, Ferro Rodrigues e outros.
Todos comentam alegremente, a justiça da decisão e reafirmam a inocência absoluta e indubitável do visado, a indecência da acusação e o "erro grosseiro", da prisão.
A justiça funcionou, para gáudeo geral!

E as vítimas da Casa Pia? E quem as defendeu? E quem investigou? E quem apreciou os depoimentos?
Bem, esses não são notícia, no dia de hoje. Parece, aliás, que nunca o foram, para determinados media.
As vitimas, neste caso, nunca existiram. Por isso, não interessa nada ouvir quem não existe.

O juiz Rui Teixeira, apanhado como de costume, esquiva-se a respostas para além da escusa em comentar. O avogado das vítimas, esclarece que a sentença não confere atestado de inocência ou culpabilidade, como se fosse preciso realçar tal facto.
E mais nada e mais ninguém.

A mensagem que fica?

Um sucesso político, contra a urdidura misteriosa que não tardará em desmontar-se.

Misteriosamente, toda a gente aceita que um político , de partido de poder executivo, tem direito irrenunciável a um estatuto público de atenção diferenciada. Um poder que lhe confere o direito à igualdade entre os pares, separada dos demais cidadãos.

Um direito a um emprego público ou a vários; a atenções variadas de cargos de poder e influência e de carreira assegurada, apenas porque merece e a solidariedade político-partidária assim o confere e o grupo assim o exije.

No Portugal político do séc XXI, ainda se vive assim.

Publicado por josé 20:15:00  

17 Comments:

  1. Ljubljana said...
    Este pais triste está irremediavelmente(?) entregue aos interesses do avental. Uma classe política quase exclusivamente de merda que nós temos que alimentar com o suor do corpo. E o outro senhor vem para a TV com cara de santo dizer demagogicamente, a propósito dos docentes que não ficaram colocados, que o estado não é uma instituição de caridade e que a sustentabilidade orçamental é um objectivo muito sério. Mas é para ser cumprido pelos outros, não pela nata, pela elite intocável que sacrificadamente faz o meritório esforço de nos governar. Pagar 1000 euros a um professor é um rombo no orçamento, mas as instituições do estado pejadas de "Paulos Pedrosos" a sugar dez ou mais vezes esse valor é imprescindível ao nosso país. Entretanto vamos às escolas onde estudam os nossos filhos e continuamos a ver turmas de 27 ou 28 alunos. É o que se chama o inicio de um ano escolar verdadeiramente normal. Que mal terei feito eu na minha anterior reincarnação para merecer esta gente?
    Blondewithaphd said...
    Ainda bem que fui ao ginásio e me escudei (como tantas vezes) à palermice noticiosa de notícias palermas.
    Miguel Marujo said...
    Não percebo: não decorre um julgamento de pessoas sobre as quais recaem fundadas suspeitas? Decorre. Assim, esta pergunta do josé sai ao lado: "as vítimas da Casa Pia? E quem as defendeu? E quem investigou? E quem apreciou os depoimentos?
    Bem, esses não são notícia, no dia de hoje. Parece, aliás, que nunca o foram, para determinados media.
    " Que eu saiba, lendo os "erros grosseiros" cometidos, e já se percebiam/intuíam pela má acusação do MP/PJ, que PPedroso foi vítima de uma péssima investigação do MP/PJ. Custa ao MP/PJ e à Grande Loja? Parece que sim. Repetimos: não houve indícios para levar PPedroso a julgamento, esteve detido quatro meses, o Estado vai ressarci-lo (se o recurso vergonhoso do MP - como era no caso do Aquaparque, sem que ninguém aí estivesse detido - não for aceite). Isto é um facto: esperemos que o MP/PJ nunca "vejam" ou ouçam pessoas a dizer que o josé se portou mal, sem qualquer fundamento (leu a acusação sobre PPedroso e Herman? Leu pois...). Nesse dia, deixa de ter direito a protestar. Só deve perguntar pelas vítimas. Tanta sanha contra PPedroso é intrigante...
    zazie said...
    Curiosa 'e a ausencia de preocupacao com as vitimas.
    Ou o Marujo sabe quem foi o abusador?
    Miguel Marujo said...
    as vítimas terão o seu ressarcimento, se possível, no julgamento que decorre (esperemos que sim, que seja desejável). eu não sei mais nada. sei que a justiça deve funcionar e no caso de Pedroso houve duas decisões contrárias à investigação do MP/PJ. e a zazie sabe quem foi? tanta certeza...
    Luís Negroni said...
    Este Paulo "comia" mais meninos que o outro, o outro ficou com ciúmes deste e resolveu tramá-lo. A urdidura foi só esta.
    josé said...
    Marujo:

    Se fosse assim tão simples, tão plano e tão maniqueista, era uma maravilha. Mas não é.


    Há vários indivíduos que acusaram o dito cujo de malfeitorias sexuais.
    O depoimento dessas pessoas, vale ou não vale alguma credibilidade?

    Não é uma nem duas. São várias.

    Não discuto se os elementos indiciários recolhidos são prova suficiente para uma condenação. ALiás, a decisão da Relação ( com um voto de vencido, é bom que se diga), foi no sentido de que não eram suficientes.

    Aceito juridicamente essa decisão.

    O que não aceito é o branqueamento completo que se faz a partir daqui, como se os ofendidos não existissem, o que eles dizem fosse completamente falso e que o caso fosse uma enorme urdidura política, como agora nos querem fazer crer.

    Isso, não aceito, porque tenho também confiança nas dezenas de pessoas que acreditaram nas vítimas e não acreditaram no arguido.
    Mesmo que este não seja julgado por insuficiência de indícios, o que se conhece, é mais do que suficiente, para que politicamente uma pessoa assim, desapareça da cena política, para sempre.

    A política não tem que ser uma obrigação ou uma teimosia de quem a ela se quer dedicar por achar que tem um direito inalienável a mandar nos outros. E um partido político, deve expurgar do seu seio todos aqueles que não preenchem os requisitos mínimos para o exercício da função.

    E um indivíduo, por muito importante que seja, que tenha sido apontado como abusador sexual, mesmo que de facto o não seja, mas que não tem forma de comprovar a sua completa inocência ( como os de Outreau comprovaram), deve afastar-se ou ser afastado da política.

    A política não suporta estas dúvidas que se levantaram- mesmo de modo injusto.
    A política não é um emprego para a vida. Por isso, aquilo a que assisto mete-me nojo.

    Principalmente, porque vejo que à volta do tal indivíduo rodopiam outros que não têm estes critérios de ética política e a entendem como uma ocupação permanente e de direito próprio e inalienável.

    É só essa a minha opinião.
    MARIA said...
    Este é sem dúvida, além de tudo o mais dito e ponderado, um precedente preocupante : os magistrados além dos critérios estritamente legais e que decorrem da sua consciência cívica e pessoal , têm a partir de agora também que ponderar , QUEM SABE ATÉ CONTRA esses mesmos, se perante um caso concreto prender uma pessoa que se lhes afigure indiciariamente para o direito ter praticado um crime grave, lhes pode ou não trazer responsabilidade à luz de critérios que desconhecem em rigor.
    Mas, igualmente têm de preocupar-se se decidirem não prender, à cautela ...
    A verdade é que parece ter caído na rua a aplicação da lei ...
    Importando definir à luz desta nova realidade o que é o princípio da independência da magistratura e o que é o princípio da imparcialidade.
    Perdoar-me-ão a extensão deste comentário, mas gostaria de partilhar uma situação que pelos seus contornos é elucidativa do que pretendo expressar .
    -- Uma Força Policial alertada por uma Comissão de Protecção de Crianças leva a um Tribunal esta situação - Paulo Pedreiro supostamente abusaria sexualmente da sua enteada de 11 anos e esta engravidara.
    A menina aparentava sinais exteriores de gravidez. Porém não lhe foram feitos exames.
    Não havia testemunhos presenciais dos abusos.
    A mãe da menina diz que seu marido Paulo Pedreiro é homem de honra impoluta incapaz de tal acto.
    Paulo Pedreiro "desaparece" com a menina. Anda a monte, incerto e sem contacto. Várias entidades o procuram .
    As técnicas sociais temem que ele force a enteada a um aborto ou ocorra um parto não assistido e quem sabe a morte de ambas as crianças.
    Pede-se um mandado de detenção ao Magistrado.
    Que fazer ?
    Será que Paulo Pedreiro é afinal um homem honrado e os mandados devem ser " vestidos ao Magistrado"?
    E se o Magistrado não mandar deter e a criança morrer, quem é responsabilizado ?

    Talvez isto sirva para reflectir pelo menos que é fundamental, imprescindível a um Estado de Direito que um Magistrado decida em consciência com os dados e as necessidades que tem, à margem de pressões de qualquer outra natureza que não os critérios legais e a sua consciência.
    A liberdade é cara sempre, porém a liberdade de decidir com independência e em consciência , caríssima , sendo que o seu inverso pode ter custos muitos elevados e imprevisíveis.

    Já agora, para quem tenha a curiosidade, este Paulo simplesmente Pedreiro foi condenado com trânsito em julgado.
    E nasceu outra menina que até quis perfilhar...
    Enfim...
    Algo positivo, ao fim ao cabo...

    Com os meus cumprimentos e um muito obrigado ao José por abordar este assunto aqui neste Espaço...
    Laoconte said...
    Continuo a confiar na seriedade da decisão do MMº Juíz Rui Teixeira.

    Todavia, não me oponho que divulgue todos os processos do Paulo Pedroso para podemos aquilatar da bondade das duas decisões opostas, demais a mais, seríamos nós a pagar a indemnização, não é verdade?
    zazie said...
    Uma coisa 'e certa. Este escapou-se do julgamento. E com grandes truques para tal.

    E deste facto tenho a certeza. Agora os marujos pedem certezas de aos outros, acerca da credibilidade dos abusados, quando preferem acreditar no menos recomendavel.
    Miguel Marujo said...
    Não, não prefiro acreditar no menos recomendavel. Não acredito uma pontinha em si. Passe bem. Até nunca.
    Peter said...
    Vou voltar (está nos n/links) para ler com vagar o texto e os comentários.
    Será que o caso foi abordado com o acusado despojado da sua carga política?
    zazie said...
    Este gajo 'e palerma.

    ahhahaha

    vem par aqui com tretas a defender porcarias e ainda bufa
    Bruder said...
    Zazie, contenha-se.Nas bufas e nos seus lampejo de língua curta.A " Sra" que já teve um blogue e que foi à garra , tão chato e inútil que era nos seus posts de cuscuvilheira básica, pretendendo aqui obter o status que não obteve , no seu espaço de direito.Aceite de uma vez por todas que a sua opinião não a refaz do que é realmente, um mero apêndice do tal Dragão, e um entretém de machos esfomeados no mundo virtual.Não sei quem é, mas francamente, não gosto nada do espírito que a anima.Básico.Demasiado básico.E já agora, esse Pedroso nunca enganou ninguém, diga ele o que disser, para estarmos de acordo no que comenta.Sem bufas ! :)
    zazie said...
    l'a vem o parroto.

    Isto 'e sempre assim. Fala-se em porcairas e aparecem todos.

    Tambem es avatar do Muito Mentiroso, 'o palerma? 'e que tu no ,meu blogue 'e que j'a nao cagas mais que te apanhei o IP.

    E no do Dragao tambem ja te lixaste com o haloscan
    zazie said...
    Olha l'a 'o imbecil, que blogue 'e que eu tivem ,minha besta?
    Toda a gente que por ca anda ha mais tempo sabe que andei pelo pastilhas e depois pela Janela Indiscreta e Radicais Pela 'Etica. S'o depois fiz o Cocacnha.

    De que 'e que me tinha de envergonhar na particiapacao nestes blgogues, 'o meu analfabruto?
    zazie said...
    Ja tu onde 'e qu eescreves?
    Para alem de assainares com varios nicks e seres sempre o mongo do parroto a largar pevide, que cartao de visita 'e que apresentas? ora mostra l'a as habilidades, para todos aferirmos os talentos do Parroto

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