A catadura

O tribunal cível que julgou a acção de indemnização contra o Estado, interposta por Paulo Pedroso, tendo por causa de pedir a existência de negligência numa decisão judicial de prisão preventiva, tomada com erro grosseiro, julgou procedente o pedido e condenou o Estado.

Às primeiras horas da manhã, a decisão tomada pelo tribunal era já conhecida dos principais media e foi já notícia nas televisões, comentada até pelo advogado do autor da acção.

Em poucas palavras, na Sic, à hora do almoço, o advogado Celso Cruzeiro, de um PS profundo, vindo da oposição em companhia de Jorge Sampaio e Ferro Rodrigues, manifestou claramente a opinião de que o processo Casa Pia, constituiu uma urdidura, repetindo a expressão já usada por Ana Gomes, outra militante desse PS das profundezas do Largo do Rato.
Urdidura cujos autores não nomeou, tendo apenas insinuado que do processo saem pistas para se conhecerem.

Aquela Ana Gomes, no blog onde escreve, já por duas ou três vezes , afirmou por escrito que o caso, desde o início, foi tratado na sede do partido, como uma questão de estado de sítio. Por causa dos “horrores do golpe Casa Pia”, escreveu literalmente. E adiantou nomes suspeitos da urdidura. Um deles, naturalmente, tem por nome Paulo. Mas há mais e até do próprio partido, como a mesma não se coibiu de esclarecer e comunicar.

José Sócrates, hoje mesmo, escusou-se a comentar o caso, comentando num sorriso aberto e contraditório que todos deveriam adivinhar como se sente, porque acompanhou o caso desde o início.

Não é arriscado, por isso mesmo, dizer que o caso da Casa Pia, se transformou, para o PS e desde o início, num caso político, de combate político, com regras usadas nesse combate e métodos tradicionais desse combate.

Todos os militantes de um PS que acolheu o preso preventivo nas escadarias da AR, entendem o caso como um “golpe contra a direcção do PS de Ferro Rodrigues- Paulo Pedroso”.
Poder judicial, separação de poderes, igualdade de cidadãos perante a lei, pudor, reserva, decência democrática, tudo isso fica para trás, neste vórtice de luta de fundo pelo poder político imediato. As regras que valem e passam a contar, são as utilizadas na luta política mais típica, onde a verdade vale o que valer o interesse e a mentira é arma de arremesso.

Há um nome neste PS que não alinha nesta treta de golpe: Rui Pereira. Já o declarou, diversas vezes, que não acredita em cabalas contra o PS, no caso Casa Pia.

Vai ser ele o próximo sacrificado deste governo, enquanto esta pouca-vergonha perdura, a cavalgar a tese bem montada da urdidura.

Publicado por josé 17:04:00  

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