Jornalismo do costume
sábado, setembro 06, 2008
Imagine-se que escrevia aqui o seguinte:
"Uma jornalista do Sol, vendia bilhete do concerto da Madona, por 450 euros".
Uma notícia totalmente falsa, sem dúvida, mas com suficiente grau de precisão para se ficar a saber, sem se saber quem seria, que havia uma jornalista do Sol ( e não serão tantas assim), a especular na venda de bilhetes. Ninguém, ligaria a uma notícia destas, evidentemente. Mas já liga se o caso se passar com "um magistrado". E é esse o ponto.
A comparação, embora mal encontrada, serve apenas para salientar o teor falso da notícia do mesmo semanário, publicada hoje, com esta dimensão e relevo:
Ao dar destaque a uma profissão particular ( a de magistrado) e ao mencionar uma pessoa e lugar precisos, embora sem nome ( procurador-adjunto de Viana do Castelo), deixa campo aberto a especulação de curiosos.
Quem será? Será tal fulano? Ou talvez sicrano? O voyeurismo é inevitável e a Sónio Trigueirão, sabe muitissimo bem disso.
Portanto, lamentável. Dupla, tripla, quadruplamente lamentável exercício de jornalismo assinado pela tal Sónio Trigueirão.
Neste tipo de noticia, ou se põe o nome ao indivíduo, ou se mencionam expressamente, factos que o individualizem e excluam presumíveis inocentes. Por várias razões:
Em Viana do Castelo, há vários procuradores-adjuntos a trabalhar. Nenhum deles, ao que se sabe, é suspeito nesta altura, de tal infracção ( especulação). Nenhum dos procuradores-adjuntos que trabalham "no Tribunal de Viana do Castelo" ( é assim que a Sónia redige a notícia) , ao que se apurou, tem algo a ver com o teor da notícia, sequer.
O equívoco da notícia, gera boatos, como é natural. Se fosse verdadeira, do mal o menos. Mas não sendo, do mal, todo e escusado.
E que tal a Sónia Trigueirão, um dia destes provar do seu próprio veneno? Gostaria? Onde é que andou a tirar o curso de jornalismo?
Na escola profissional, em horário nocturno?
Quem será? Será tal fulano? Ou talvez sicrano? O voyeurismo é inevitável e a Sónio Trigueirão, sabe muitissimo bem disso.
Portanto, lamentável. Dupla, tripla, quadruplamente lamentável exercício de jornalismo assinado pela tal Sónio Trigueirão.
Neste tipo de noticia, ou se põe o nome ao indivíduo, ou se mencionam expressamente, factos que o individualizem e excluam presumíveis inocentes. Por várias razões:
Em Viana do Castelo, há vários procuradores-adjuntos a trabalhar. Nenhum deles, ao que se sabe, é suspeito nesta altura, de tal infracção ( especulação). Nenhum dos procuradores-adjuntos que trabalham "no Tribunal de Viana do Castelo" ( é assim que a Sónia redige a notícia) , ao que se apurou, tem algo a ver com o teor da notícia, sequer.
O equívoco da notícia, gera boatos, como é natural. Se fosse verdadeira, do mal o menos. Mas não sendo, do mal, todo e escusado.
E que tal a Sónia Trigueirão, um dia destes provar do seu próprio veneno? Gostaria? Onde é que andou a tirar o curso de jornalismo?
Na escola profissional, em horário nocturno?
Publicado por josé 09:38:00
20 Comments:
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sem prejuízo de um qualquer juizo de valor sobre os (vários) juízos de valor que sobram na prosa, há um pormenor apenas que eu não congigo atingir, algo me deve estar a escapar nesse particular. Diga-me, sff, quando refere o 'teor falso' da notícia, quando diz que "Se fosse verdadeira, do mal o menos. Mas não sendo, do mal, todo e escusado.", está a referir-se concretamente a que equívoco? Ao local onde o homem trabalha? É que não sendo isso, não vejo, sinceramente, onde posssa estar a falsidade desta notícia cuja essência (facto) é, recorde-se, a descoberta pela polícia de um caso de especulação, premeditada com recurso a anúncio de jornal,na qual um homem, por acaso procurador adjunto, tentava vender por 450 euros um bilhete que lhe tinha custado 60. Pois bem, é nesta parte que eu não consigo vislumbrar a tal falsidade que o José aponta. Vejo inoportunidade, populismo, jornalismo rasteiro, até. Mas falsidade?
Caro José,
se estou a ver mal por favor corrija-me, se estou a ver bem por favor corrija-se. Das duas três, não acha?
aceite um abraço do
rvn
Quem lê a notícia do Sol, lê em primeiro lugar uma referência a um "procurador-adjunto".
Imaginemos que a notícia não é essencialmente falsa, no seu conteúdo noticioso - um indivíduo anunciou na net que tinha um bilhete do concerto da Madonna para venda ao preço de 450 euros e foi apanhado em flagrante pela ASAE.
Se a notícia fosse só isto, não era notícia, concorda, não concorda?
Então, onde vai a notícia buscar o seu zeitgeist? A uma circunstância pessoal que liga o indivíduo a uma profissão. E não é uma profissão qualquer.
Concordará comigo que não
e notícia se alguém se lembrar de escrever numa agência noticidosa que "jornalista tinha um bilhete do concerto da Madonna para venda ao preço de 450 euros e foi apanhado em flagrante pela ASAE."
Portanto, resulta claríssimo que a notícia só exsite e e publicada, como tal, devido ao facto de o tal indivíduo ser magistrado. Neste caso do MP.
Mas, então, nesse caso, como a notícia contende com uma ocupação profissional, já se torna obrigatório para a jornalista, ser rigorosa. Porque se o não for, e publicar elementos falso sobre esse factor distintivo da notícia, esta será falsa, porque atinge uma parte essencial da mesma ou, como acontece no caso, uma parte substancial, embora não essencial.
Mais ainda se torna obrigatório respeitar esse rigor informativo quando se escreve que o tal indivíduo é "magistrado no Tribunal de Viana do Castelo", ou de outro lado qualquer.
Pela razão apontada no postal, os magistrados do "Tribunal de Viana do Castelo", são conhecidos no meio, têm nome, reputação profissional e carreira que podem prezar e não se compadece com imputações genéricas que deixam larga margem ao voyeurismo de quem lê.
Logo,uma notícia destas que parte de uma circunstância pessoal, deve individualizar suficientemente a pessoa em causa para que outros não sejam tomados por especuladores, mesmo que o caso nem seja assim tão simples ou directo.
E não sendo verdadeira a afirmação de que se trata de um "magistrado do Tribunal de Viana", a notícia redunda em falsidade agravada pela circunstância de os magistrados do Tribunal de Viana", serem suspeitos da imputação genérica, até que se venha a descobrir de quem se trata.
É isto.
Já agora pergunto: é-lhe indiferente que a notícia mencione o "magistrado do Tribunal de Viana", mesmo que assim não seja?
E mesmo que se trate de um magistrado? E mesmo que os factos tenham a aparência dos relatados?
Para si, meia verdade, corresponde a uma verdade inteirinha, ou pode mesmo ser uma meia-mentira a valer o mesmo?
Isso para já nem falar nos aspectos essenciais da notícia. Por exemplo, se o tal magistrado fosse do Tribunal de Viana, porque é que a jornalista não procurou informação no dito Tribunal para recolher a versão do tal magistrado, ou inteirar-se melhor do que se terá passado?
E qual a fonte da nótícia?
É que até pode ser quem menos se espera, mas ainda assim, deixar muito a desejar...
Este jornalismo é de escola superior ou de ensino profissional à distância?
Só que um jornal profissional onde a jornalista ganha a vida, não é o mesmo que um blog onde se escrevem por vezes disparates e as pessoas já lêem com esses óculos colocados.
Logo, uma notícia de jornal, como essa, deve e tem de ser rigorosa.
E essa não foi. E parece-me que não respeitou os princípios mínimos do jornalismo, entre os quais, ouvir a pessoa visada por uma notícia que denigre de modo grave a sua reputação pessoal e profissional.
Sem a ouvir sequer?
É esse o critério jornalistico em moda?
Abraço retribuído, caro RV Neto.
vamos por partes, a situação em si tem um interesse duplo já que se trata de uma análise que sofre do mesmo mal que aponta, vejamos se não.
«Quem lê a notícia do Sol, lê em primeiro lugar uma referência a um "procurador-adjunto".
Imaginemos que a notícia não é essencialmente falsa, no seu conteúdo noticioso - um indivíduo anunciou na net que tinha um bilhete do concerto da Madonna para venda ao preço de 450 euros e foi apanhado em flagrante pela ASAE.
Se a notícia fosse só isto, não era notícia, concorda, não concorda?»
Eu cá fico-me por aqui no argumento. Porque é exactamente aqui que nos separamos na leitura da notícia e exactamente aqui que começa o seu preconceito, josé, o mesmo que aponta (com inteira legitimidade se pensarmos em práticas incorrectas que existem no jornalismo, pese sem razão na circunstância concreta) a algum jornalismo, mas preconceito que neste caso você próprio demonstra ter em relação ao jornalismo em geral. Ou que deixou escapar num momento menos feliz, pronto.
Um indivíduo anunciou na net que tinha um bilhete do concerto da Madonna para venda ao preço de 450 euros e foi apanhado em flagrante pela ASAE. Se a notícia fosse só isto era notícia evidentemente, josé, essa de resto é que é A notícia e não que há magistrados, pedreiros, jornalistas ou peixeiros que o fazem neste ou em qualquer outro concerto. A existência e proliferação do mercado negro deve ser combatida ou, pelo menos denunciada. Apanhar alguém a fazê-lo é notícia que chegue depois de mil notícias a dizer que se faz mas não se sabe concretamente quem. Neste caso sabe-se concretamente quem, a ASAE dos nossos pecados funcionou e cumpriu o seu dever sem os exageros que lhe são habituais e só isso sabe deus que também é notícia. E agora perdoará o meu caro amigo que eu lhe diga que, na minha modesta opinião, o facto de um magistrado se prestar ao expediente manhoso de esmifrar da bolsa de alguém um lucrinho de 390 euros sobre 60, não coisa pouca e não obra de um impulso de momento, mas planeada com a antecedência e rigor ao pormenor de um anúncio de jornal, também é notícia sim, gostemos nós ou não. Ou acha que não, josé, sinceramente? Não acha mais próprio de vidas errantes errar assim? Não acha notícia ver os pilares a boiar? Não é agradável, concordo, nem deve (nem pode) ser explorado para sensacionalismos baratos, estamos mais que de acordo. Como de resto estamos de acordo em muito do que diz daquuele parágrafo para a frente, fosse outra a circunstância concreta e tudo aquilo estaria correcto para o caso.
Assim não está.
Os meus cumprimentos, josé. Toda a gente erra, mesmo aqueles que por norma, como na minha opinião é o seu caso, falam com um acerto acima da média.
Não é, de facto, porque se trata de um procurador-adjunto, mas que não trabalha efectivamente em Viana do Castelo. Logo, houve um equívoco que até posso perceber porquê, mas não vou adiantar porque o erro já foi cometido.
Mas por outro lado, também não é jornalismo.
Custa muito à Sonia Trigueirão, pegar no telefone e ligar para o tribunal em causa, pedindo para falar a um dos procuradores, eventualmente o visado se soubesse o nome?
Custa nada, a não ser o não fazer notícia. É a tal história de que a verdade pode muito bem estragar a boa historieta. Porque neste caso, sei que a história não se passou assim como a ASAE ou a jornalista contam...
Logo, é preciso melhor jornalismo.
E por outro lado, não acho que a notícia sobre especulação nos bilhetes do concerto da Madonnam, seja uma notícia de relevância imediata.
Imagine-se que alguém coloca um bilhete na ebay.
É especulação? Crime?
Talvez seja bom pensar duas vezes.
Finalmente, sobre os magistrados que temos:
Sendo verdade que devem ser exemplos de comportamento nas suas funções, que se exercem principalmente no âmbito de processos, nenhum magistrado está isento de ter problemas pessoais, fora delas. Problemas conjugais, problemas de negócios particulares, problemas de relacionamento social.
Se assim não fosse, digo muito francamente que não aceitaria que um juiz viesse dizer numa entrevista que sempre votou PS e agora se calhar já não vota.
E é apenas um exemplo, recente.
Há poucos dias atrás surgiu outra notícia sobre crimes praticados por uma professora, ou melhor, ex-professora.
Os crimes nada tinham a ver com o facto se a senhora ser ou ter sido professora, mas foi isso que se destacou no título.
Ora quais foram os dois grupos profissionais mais atacados por este energúmeno que é José de Sousa, vulgo Sócrates?
Precisamente professores e magistrados.
Coincidência!!!
Este crápula tem mesmo um trauma com os juízes e professores.
Com os professores sabe-se porquê.
Com os juízes espero que o País ainda vá a tempo de perceber...
Grande bandido!!!
O tipo disse, antes de ser PM que era preciso quebrar a espinha aos magistrados.
Acho que foi mesmo essa a expressão: "quebrar a espinha". Mas como não sou testemunha directa dessa manifestação de vontade, não posso assegurar que assim foi.
Fica portanto a história que pode muito bem ser estragada com uma verdade comprovada.
Uma coisa porém, pode desde já ser mostrada: este Sócrates que tirou o curso como tirou, quando tomou posse, uma das primeiras coisas que disse foi que os magistrados tinham que ter menos férias. Eram uns privilegiados.
No outro dia, passei mesmo em frente da casa dele, no edifício Castilho.
Fiquei mais uma vez a pensar: como é que este gajo, com o ordenado que tinha, funcionário de partido ou até deputado, conseguiu comprar uma casa destas aqui? Um gajo que declarou o que declarou no TC, que nunca foi rico na vida nem nada que se pareça. Enfim.
A história já foi contada, e o modo como fez o negócio já foi mostrada em artigos encomiásticos.
Mesmo assim, não consigo perceber. É que não consigo.
Mas admito que o problema seja meu.
NO entanto, este tipo de pessoas, não me merecem confiança alguma.
O problema é um partido ter escolhido uma pessoa assim para primeiro-ministro.
Grave, gravíssimo problema.
Vim aqui só para dizer que ontem soube que:
Há uma escola onde os alunos passam com 5 negativas. Sempre. Sem ponderação.
Com 5 passam!
NESTA ESCOLA PASSAM COM 5 NEGAS...
E se for a 3ª vez no 7º passam com todas.
Por esse motivo encerrei o meu blog:
http://democraciaemportugal.blogspot.com
Abraço
Até sempre
Tiago
Esses seriam motivos para não encerrar o blog. Ou criar outro.
Esta Educação de Santos Silvas, Lurdes Rodrigues e no fim de contas este Sócrates, que aliás herdaram o sistema de uns tantos Grilos, Benaventes e um ministério de sociólogos encartados, é a nossa maior ruína colectiva.
Eles não entendem. Os que denunciam este sistema, como Nuno Crato e uns tantos, são vistos como aliens, como figuras bizarras no meio de uma normalidade que caminha sem preocupações para o desastre colectivo.
Sempre que vejo esta ministra, sinto pena. Do que pressinto que ela não entende.
Com os prejuízos inerentes a tais processos de intenção falsos e falaciosos porque a especulação pode nem ter existido.
A questão, nesse caso, é de dimensão e peso institucional.
O mau jornalismo relativamente a Pinto da Costa, tem a ver com a paixão clubística e com a deturpação de informações ou simples manipulação de notícias ou factos.
Mas o essencial, relativamente ao mesmo, torna-se notório com as escutas telefónicas conhecidas, por causa da fruta e legumes, com tomates e repolhos à mistura.
Só isso. E chega para fazer uma distinção do tamanho do mundo.
Mas se outra houver que fazer, prende-se com a figura mitificada e até despersonalizada que os dirigentes desportivos atingem nesta sociedade do espectáculo.
Nada que tenha a ver com meia dúzia de magistrados que não são figuras públicas e não merecem enxovalhos por isso.