A luta contínua
segunda-feira, março 24, 2008
Em 25 de Abril de 1974, foi um dos militares que apareceu na televisão, integrando a Junta de Salvação Nacional, como militar da Força Aérea.
A história de Galvão de Melo, poderia servir de metáfora, para uma certa Direita portuguesa que nunca conseguiu afirmar em número de votos, as ideias trazidas do tempo do Estado Novo e alimadas no Portugal democrático, após o 25 de Abril. A esquerda, conseguiu sempre superar em discurso e em votos, as veleidades que essa Direita poderia alimentar, para conseguir governar Portugal de uma maneira diferente e mesmo assim, democrática. Galvão de Melo, não gostava do comunismo e manifestava-se abertamente contra essa ideologia, com 15 anos de antecedência, à queda do Muro, em Berlim. Alguns dos que então o atacavam e apodavam abertamente de "fascista", como um certo meco que por aqui aparece, só em finais dos oitenta, descobriram que estavam enganados, professando a fé de cristãos novos, ainda assim, de modo serôdio.
Nesta sequência de fotos, tiradas de revistas e jornais da época, ( Século Ilustrado, Flama, Vida Mundial, Opção e Expresso) podem ver-se algumas das razões ilustradas, da derrota permanente e duradoura, dessa Direita que nunca conseguiu mostrar que valores propunha socialmente, recolhendo votos em quantidade suficiente para governar o país.
Galvão de Melo perdeu a luta contra o partido comunista, nos primeiros meses depois de Abril de 1974, mas ganhou depois a guerra que também travou, contra a ditadura que o PCP preparava para Portugal, em 1975.
Ainda assim, nunca logrou passar de uma figura emblemática daquilo que para muitos, representa a extrema-direita portuguesa, apesar de ter apoiado o socialista Mário Soares, como membro da comissão de honra da candidatura presidencial, nas últimas eleições.

Na foto ao lado direito, o primeiro governo provisório, quase na mesma altura e já empossado pelo novo presidente da República. Palma Carlos, professor de Direito, maçónico e moderado, é primeiro chefe de Governo da democracia saída de 25 de Abril. Ao lado, Cunhal, Soares, Almeida Santos, Pereira de Moura, Sá Carneiro, Raul Rego e outros. As figuras do novo regime e que marcarão os anos seguintes.


Nessa altura, já Galvão de Melo, tinha ido à televisão, fazer um discurso completamente contra a corrente, lamentando os excessos da democracia e da liberdade recentemente conquistada. Foi nessa altura, completamente trucidado pela opinião publicada nos principais jornais, criticado por criticar os desmandos que se lhe tornavam notórios.
Um exemplo concreto, foi a entrevista, também à televisão, em Agosto de 1974, em que criticava as medidas de amnistia recente, que pôs em liberdade alguns presos de delito comum. O ministro da Justiça da época, Salgado Zenha, respondeu-lhe como se pode ler nesta notícia, do Expresso de 31 de Agosto de 1974.

Por causa dessa indefinição, em Setembro de 74, houve uma tentativa de algumas pessoas ligadas ao general Spínola, demarcarem melhor os campos políticos, procurando um lugar para a Direita portuguesa, apresentada então como "maioria silenciosa". Houve uma convocatória para uma manifestação, também apoiada por Galvão de Melo e que redundou em fracasso e em tiro ao alvo, quase literal, aos "reaccionários". A partir daí, a Direita portuguesa, nunca mais se encontrou num lugar seguro e de ideias firmes. O CDS, aparecia sempre como partido "rigorosamente ao centro"...e os demais partidos da mesma área, eram pura e simplesmente acantonados no beco sem saída da extrema-direita, sem direito a respeito algum democrático. Os jornais que os representavam, eram "pasquins". A liberdade de expressão, ficou então reservada aos "progressistas" e os "regressivos", ficaram sem pio. Durante tantos anos que ainda hoje piam muito baixinho, para não se ouvir a reprimenda certa e ainda segura, dos "progressistas".Em 24 de Outubro de 1974, na sequência dos acontecimentos de 28 de Setembro, a revista Vida Mundial, totalmente à esquerda ( dirigida então por Augusto Abelaira e Pedro Rafael dos Santos) , logrou fazer uma capa, com um título apelativo: a CIA em Portugal. O papão maior, descontando o KGB de quem nunca se falava, aparecia como o inimigo principal do país e que em nome do capitalismo, pretendia subjugar a independência nacional.
No artigo interior, assinado por Fernando Dil, o nome de Galvão de Melo aparece associado à CIA e à tentativa de desestabilização do regime democrático, rapidamente transformado em PREC...dali até 11 de Março de 1975, foi um ver se te avias. E aviaram-se bem , com nacionalizações dos sectores produtivos, industriais e de serviços.


" A direita pôs fortes esperanças nas eleições para a Assembleia da República e viu-as defraudadas; depois, não conseguiu eleger o seu candidato à presidência e, mais recentemente, não teve o Governo que gostaria, pelo que, a sua última hipótese é o CR"
Então, como agora, a luta é sempre a mesma: contra a malfadada Direita: Nem que esta seja um mito, como bem o demonstra a foto dos dois representantes da dita...


Publicado por josé 01:12:00
O Spínola acobardou-se no 28 Set.Tinha a tropa toda com ele.
Mas os tipos que nos governam desde 1974 são quase sempre os mesmos.Já deveriam ter aprendido alguma coisinha não?
O pântano é precisamente provocado pela falta convicções vincadas da massa política que se governa.Andará tudo bem enquanto o erário der para eles... alguns dos quais apostam em vários tabuleiros para nunca ficarem longe do dito...