Polícias e ministros

Segundo a Sic-online:

O ministro da Justiça manifestou hoje confiança no director-nacional da PJ, que se envolveu em polémica na semana passada por ter declarado que houve "precipitação" ao atribuir o estatuto de arguido ao casal McCann. "O facto de o director nacional da PJ continuar em funções significa tudo o que penso sobre esssa matéria", disse hoje Alberto Costa ao ser questionado sobre as declarações do director-nacional da Judiciária, Alípio Ribeiro.
Pelo que se lê, o ministro da Justiça, subscreve as declarações do director nacional da PJ. Este criticou, em certo modo ( já em baixo escrevi sobre o assunto para dizer que não foi uma crítica contundente, mas apenas uma observação contextual), a decisão da própria polícia em constituir como arguidos, os McCann.
O problema agora, surge assim:
O ministro da Justiça está em sintonia com o director da PJ. Porém, o ministro da Justiça não sabe nem pode saber o que se passa no processo de Maddie. O director da PJ, pode e deve saber e não pode dizer ao ministro da Justiça o que sabe.
Como é que o ministro da Justiça pode então subscrever a apoiar as declarações do director da PJ se não sabe do que está exactamente a falar? Julgará o ministro da Justiça que é assim a modos de um garante da independência da polícia e seu tutor no governo?
Mais ainda:
Sendo positivo que um ministro da Justiça esteja em sintonia de princípos, com o director da principal polícia de investigação de um país, tanto mais que depende da sua tutela, como é que se pode assegurar uma independência verdadeira, relativamente a um qualquer Governo, de uma polícia cujo director não é independente, nem sequer da amizade pessoal? E se se der o caso de um governo, mormente até o próprio ministério da Justiça, poder ser alvo de um Inquérito em que a polícia tenha que intervir, como é que se vai manter a independência real e a isenção aparente?
Como é que se vai manter essa sintonia de princípios, um dia que o Governo vá à sua vida democrática que é a de ser substituido? Substitui-se o director da polícia, como tem acontecido, algumas vezes com o fragor da queda de recentes direcções?
Este problema, só tem uma solução, de resto já aventada algures, por alguém:
O director da PJ deveria ser escolhido no Parlamento, pelos representantes do povo.

Publicado por josé 14:36:00  

2 Comments:

  1. Laoconte said...
    Se o chefe máximo da PJ fosse escolhido na Assembleia, haveria então investigação sobre casos de corrupção?
    É que tanto a Esquerda como a Direita estão a alimentar os jornais com casos suspeitos de corrupção, não é verdade?
    Primo de Amarante said...
    Caro José. Sabe que o estimo. Mas não podemos querer que tudo seja tão puro até ao ponto de quase exigirmos que a mae do ministro seja virgem!
    Eu penso que há dois tipos de pessoas que criticam o Dir.Nac, da PJ: os dogmáticos da linha justa (com raizes estalinistas); e os que colaram na cabeça a ideia de que os pais de Maddie são culpados, Uns e outros querem que toda a realidade se sujeito aos seus a prioris.

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