P de Prada

O José, abaixo, chama a atenção para uma prosa extra-terrestre do Mário Crespo, que relativiza o 'passado' profissional do 'engenheiro' faxeado José Sócrates. O raciocínio colorido de Crespo não é novo e pode ser encontrado - levado ao extremo - aqui, defendido arduamente pelas floribelas blogueiras do regime... Acontece que passa ao lado do essencial da questão.

É que ao mesmo tempo que as práticas imputadas a Sócrates eram praticadas ministro após ministro de Cavaco era crucificado, no bom velho Indy, por questões muitas vezes bem mais menores, para gáudio da oposição, onde Sócrates começava a ser uma estrela em ascenção. Não consta que à época Sócrates tenha criticado os 'excessos' do Independente. Só isto chega(va) para se falar - sem dó nem piedade - de refinada hipocrisia.

Dito isto, a verdadeira questão é outra, bem mais grave, e - essa sim - revela a indigência profunda - do regime. Sócrates, o mesmo que ao El Pais, qual parolo novo rico, proclamou ao mundo o seu carinho por calçado Prada - o único que os seus pézinhos toleram - profissionalmente o melhor que tem a apresentar é uma mão cheia de mamarachos, dignos de demolição imediata por ferirem a vista. Obviamente que a culpa não é dele, é de um regime, e de um sistema, que forma 'engenheiros' que o melhor que sabem fazer é '(d)aquilo'.

Para terminar, àqueles que digam que Sócrates fez o melhor que podia e sabia, e a mais não era obrigado, eu digo apenas - também a indústria portuguesa de calçado faz o melhor que pode e sabe e... Sócrates só quer calçar Prada... Se ele só quer o 'melhor', porque havemos nós de nos contentar com menos ?

Publicado por Manuel 12:20:00  

11 Comments:

  1. Nuno Nasoni said...
    Pela minha parte, como engenheiro que sou (com curso tirado numa Universidade "a sério"), as tropelias do sr. faxeado, e da sua distinta obra, são motivo de vexame.
    É que começa a ser difícil as pessoas com quem contactamos disfarçarem um sorriso quando sabem qual a habilitação académica. Quase apetece dizer, como a Mário Lino, "mas inscrito na Ordem"!
    Tino said...
    Esperava outra coisa de Mário Crespo.

    Ontem, na Sic Notícias, no programa Regra do Jogo, José Miguel Júdice, fez uma relativização semelhante, mas dele não se esperaria muito mais...

    Interessante, para quem não viu, foi a explicação que deu para as afirmações de Marinho Pinto sobre a decapitação do PS.

    Segundo Júdice, Marinho Pinto quer ser o candidato presidencial da esquerda unificada nas próximas eleições. Muito interessante... Ele que o conhece pessoalmente, até pode ter razão e teremos então um Hugo Chávez em Portugal...

    Quanto aos sapatos Prada, fiquei a saber que tal marca existe, o que mudou completamente a minha vida. Obrigado senhor engenheiro por tudo quanto tem feito por todos nós.

    Na próxima campanha internacional de promoção da imagem de Portugal, não seja modesto e mostre ao mundo os seus primores arquitectónicos.
    josé said...
    Júdice, sobre o Casa Pia, não foi tão longe quanto o Marinho. Disse que afinal o processo tinha sido conduzido pelo MP, e não pelo director da Judiciária, como o Marinho aventou.

    Quanto à cabala ou urdidura, termo preferido pela Anita dos blogs, isso continua a ser chão que dá uvas todo o ano.

    Às vezes, quando me lembro disto, apetece-me recordar a cena do Evangelho em que Cristo pega num zorrague, para expulsar os vendilhões do templo.
    rb said...
    Não deixa de ser curioso que o caro José se escandalize tanto com o passado de Sócrates de há um quarto de século atrás e que nada aqui se diga sobre outros casos bem mais graves e recentes como é, por exemplo, o do ministro super despachado Telmo Correia e o Casino de Lisboa.

    Não quero com isto desvalorizar o caso dos projectos de Sócrates que considero ter a sua importância, mas não aquela que aqui se dá.
    josé said...
    Caro atento:

    Faça o favor de escrever qualquer coisa, num blog à sua disposição.

    Estou certo que concordarei com tudo o que escrever se se der ao cuidado de entender o que foi escrito nos jornais e dito pelo cujo, depois disso.

    E sobre os submarinos e as fotocópias do Portas e outras coisas mais.

    Aqui, no entanto, no que a mim diz respeito, tenho dado mais atenção a quem está AGORA no poder.

    É uma questão de prioridade, por um motivo bem simples: afecta-nos, AGORA. Os outros já afectaram e podem vir a afectar, mas ainda não é caso de urgência.

    Este no entanto, é urgentíssimo.

    Por isso, em boa lógica não se esqueça de escrever sobre os dois casos. O de AGORA e os de antes...
    rb said...
    Sobre o caso dos projectos de há um quarto de século atrás escrevi que, bem vistas as coisas, os governantes exigem aos seus governados uma ética que não exigem para si próprios e vice-versa.

    O facto de já não se estar no poder não significa que as decisões então tomadas não nos afectem "AGORA".
    Laoconte said...
    Sempre pensei que os nossos casinos orientais estão ligados apenas ao ps, afinal o dinheiro não tem côr nem cheiro (esta frase tão comum faz-me lembrar do nosso PM).
    zazie said...
    as floribelas

    ahahahaha

    grande boca.

    E grande KO aos atentos com essa da reactiva da camisola aos outros que nem primeiro ministros eram e que já foram para a rua.

    Se estes idiotas fossem consequentes ou tivessem um mínimo de QI só podiam dizer- sendo assim, este que se vá também embora, pois dos outros já nos livrámos.

    Mas não. Os fanáticos estão-se nas tintas para corrupções e nem se dão conta do que é ser-se primeiro ministro. Se for preciso ainda vêm com o "facismo" ou exemplos de há séculos de um vizinho qualquer que era de Direita e fez não sei o quê
    Unknown said...
    Talento multifacetado,o da criatura:além do"diploma"de bacharel sanitário,ainda conseguiu
    o título,merecidíssimo,de pato-bravo (igualmente diplomado...)
    Adelaide Martins said...
    Só não concordo com o uso do termo "floribelas" - acho que outros bem mais fortes que podem ser usados para a esterqueira em causa...
    jorge100 said...
    Afinal as casas foram ou não projectadas por José Sócrates?

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