A secessão?

Não deixa de ser curioso que em blogs jurídicos, digamos assim, a polémica sobre a funcionalização frustrada das magistraturas, tenha um tratamento tão ausente.

Num blog como o Sine Die, onde escrevem magistrados, Conselheiros do STJ e onde estão elencados como colaboradores, altos magistrados de valor inquestionável, nada se passa, sobre este assunto. Os artigos provocatórios, de Vital Moreira, continuam sem resposta, como se não existisse o poder de influência do mensageiro governamental e a ideia peregrina pudesse continuar o seu curso até às comissões de reforma dos estatutos dos magistrados.
A doutrina neorevisionista, enganadora e renegada, que o mesmo agora proclama, passa quase incólume pela blogosfera jurídica.
Um blog animado, na sua maioria de comentadores, por juízes, o In Verbis, contenta-se em contestar o Governo que os pretende subjugar, enquanto juízes, mas cala-se em estratégia oficial e sindical, quanto ao problema do paralelismo das magistraturas. Nas caixas de comentários, pelo contrário, vicejam as mais contundentes e inacreditáveis invectivas aos magistrados do ministério público. Malandros, incapazes, incompetentes, os mais fracos, funcionários administrativos, são alguns dos mimos com que alguns comentadores ( um deles, actual Conselheiro do STJ, ex-inspector dos juízes e a quem Vital Moreira um dia, por escrito, apodou de indigno da magistratura) , atingem os magistrados do MP. Quem se atreve a discordar por escrito e em comentário, do discurso dominante, leva com uma caterva de impropérios que de todo desaconselham a frequência escrita em comentário e ao mesmo tempo denotam uma incapacidade real, em argumentar fundadamente e em discutir em sereno convívio democrático. Quem ler os comentários, fica com a impressão que a serenidade não é atributo de alguma magistratura que se digna escrever sobre o assunto.
O animador do blog, esforçado e sempre razoável nas intervenções, pouco tem a ver com o clima que se instalou no blog que é final uma revista virtual. Mas...torna-se deveras preocupante, ler o tom e o estilo das intervenções na sua maioria anónima, provindas de juízes ou que declaradamente assim se assumem. Alguns nem têm qualquer pejo em afirmar que é assim que todos pensam. Será, caro J.T. ?

Publicado por josé 15:13:00  

1 Comment:

  1. verbojuridico.net said...
    Não sei, meu Caro José.

    Na generalidade dos comentários, os seus autores usam um pseudónimo.

    Alguns assumem-se claramente como sendo juízes, outros magistrados do MP, outros advogados, outros oficiais de justiça.

    Mas salvo quando expressamente se conhecem os seus autores, não é possível concluir com certeza que A que se identifica como juiz ou B que se identifica como magistrado MP o seja efectivamente.

    Pelo menos a revista digital tem a virtualidade de permitir a quem assim o queira, entrar na discussão livre e sem ónus de estigmatização e exteriorizar o que pensa sobre os mais variados assuntos.

    Note contudo que a In Verbis não contesta nenhum Governo. Existe uma selecção de artigos de opinião, notícias, assim como contributos dos seus leitores, todos eles de alguma forma relacionados com o sistema de justiça em Portugal. Alguns até parecem propaganda a favor do Governo, mas desde logo aparecem vozes, umas discordantes outras concordantes com as medidas que constituem o objecto do item publicado.

    Enquanto Administrador da Revista Digital In Verbis (o meu Caro José continua a chamá-lo de blogue, mas não o é, apesar de algumas semelhanças), não me compete tomar partido, ainda que não deixe de ter ideias e concepções concretas sobre cada um dos temas. Não posso deixar de assumir a responsabilidade pelos critérios de selecção dos itens publicados, mas a partir daí deixa-se à liberdade dos comentadores, até ao limite do racional e razoavelmente aceitável (discussão intelectualmente responsável e respeitável).

    Aceite os meus melhores cumprimentos.

    Joel Pereira,
    Administrador da In Verbis

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