Os brandos costumes do pântano
quarta-feira, novembro 14, 2007
"O legislador não tinha o direito de fazer isto ao País".
"Acabou a investigação para o crime organizado em Portugal".
"Toda a investigação se tornou burocrática e parada".
Estas declarações bombásticas, publicadas numa página interior do Correio da Manhã, são da autoria de Cândida de Almeida, procuradora-geral adjunta, directora do DCIAP, o departamento do Ministério Público português, onde se centraliza toda a investigação criminal relativa aos crimes mais complexos e eventualmente mais graves. Toda a investigação de crimes de corrupção, passa pelo DCIAP, por exemplo. Os resultados vão sendo conhecidos, também.
Num país minimamente atento, estas declarações, proferidas na sequência de outras também graves e atinentes a uma gritante falta de meios materiais e humanos, dariam origem a levantamento popular, no lugar onde se reunem os representantes do povo e a interpelações públicas nos media.
Os juízes e demais magistrados deste país, em vez de andarem a atacarem-se mutuamente e a discutir se serão ou não funcionários dedicados à causa pública, fazendo comunicados de apoio aos juízes do Paquistão, deveriam talvez denunciar este estado de coisas.
Porém, nada disso vai acontecer e nada vai mudar. Portugal transformou-se num país sereno, onde a anomia reinante, anestesia qualquer veleidade de reacção, indignação ou destempero.
Um país de costumes brandos que se afunda num pântano.
Publicado por josé 09:59:00
3 Comments:
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Em minha opinião, neste nosso País "os brandos costumes" decorrem grandemente dos receios de quem pensa, mas sabe que será defeito falar ...
em particular porque a sobrevivência e a qualidade de vida dos filhos depende mais do que puder calar, do que daquilo que pode dizer ...