As benevolentes
sexta-feira, outubro 05, 2007
A entrevista de Catalina Pestana ao Sol, é explosiva no que diz, no que deixa adivinhar e no que fica por dizer. Mas suficiente para se ficarem a saber as suas convicções de pessoa que lidou com o assunto por dentro, ouviu os menores concretamente abusados, ouviu pessoas ligadas à instituição e sabe aquilo que muitos comentadores de secretária, tipo Ana Gomes ou Adão Silva, entre uma imensa caterva, nunca sabem, nem lhes interessa saber.
Publicado por josé 13:15:00
11 Comments:
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Tenho a ideia que quem é testemunha de algo que a indigna deve entrar logo ali em guerra- atirando com a porta, atirando com a bomba e não poupando absolutamente nada.
Depois, que venha lá a lei e mais o resto e safem-se ou não se safem, mas no barco é que não se continua.
ehehe
Verdade, acho que existem situações em que pode estar na mão de uma simples pessoa deixar alastrar ou estancar a peçonha.
há duas dimensões ( ou mais até) neste tipo de coisas. Uma delas, é a dimensão criminal que traz consigo todas as regras aplicáveis, com as garantias de defesa e com as provas admissíveis.
Pode e deve discutir-se se neste caso, o uso de garantias de defesa que a lei processual permitia e agora ainda mais permite, foi entrave para que a verdade, pelo menos a processual se viesse a saber.
Passo por cima dessa verdade, porque não vou aqui discutir, como nunca o fiz, todo o processo e elementos de prova que nem conheço na totalidade.
O mais longe que alguma vez fui neste assunto, foi dizer que segundo me parecia e lendo os indícios que o MP recolheu, provavelmente havia matéria suficiente para um julgamento. Mas isso, porque li as motivações de recurso do MP e nem quero fazer mais juizos de valor sobre isso.
Depois, há outra dimensão: a política porque neste caso, é disso que se trata.
Nesta dimensão, é possível recorrer a outras regras de análise e a outros métodos de avaliação.
O que me permito dizer, sobre isto, é que o grupo parlamentar do PS entrou num pântano e numa vergonha inaudita.
Nunca deveriam ter descido as escadas do Parlamento naquela tarde. Nunca! Para todo o sempre perderam a pouca vergonha que ainda poderiam ter. Inadmissível numa sociedade democrática. Na Itália, o PS de Craxi nunca chegou a tais baixezas políticas, publicamente asumidas.
Depois há a dimensão do senso comum, de quem olha, ouve e vê.
E o que vê, são depoimentos como este. E sabe ainda que há muitas pessoas que lidaram directamente com as pessoas envolvidas no caso; que ouviram directamente dos ofendidos ( e nem todos segundo diz a entrevistada) o que eles tinham para contar.
Foram talvez dezenas de pessoas, contando com os peritos e os magistrados e os polícias.
Todos, sem excepção, entenderam que havia suspeitas fortíssimas que sustentaram uma acusação criminal.
Isso para mim, chega-me para poder dizer que uma pessoa, pode enganar-se. Duas, ainda vá lá. Agora, dezenas delas, estão enganadas, como chegou a dizer o juiz Rui Teixeira?!!
Estarão enganadas, todas?
Esta dúvida, a mim, ninguém ma tira, porque sei como se passam as coisas, nestes diferentes níveis.
E é por isso que lamento dizer, mas quem se vê envolvido nestes assuntos, mesmo sob a forma de suspeita, ainda que sustentada da maneira que vemos, deve abandonar definitivamente qualquer cargo de natureza política.
E se o não fizer, deve ser o partido a obrigá-lo a tal.
SImples.
Acontece que nestes últimos tempos vemos acontecer um fenómeno estranho em Portugal : a aplicação de regras técnico-jurídicas a determinadas situações da vida por parte da Justiça, que como se sabe nem sempre pode conduzir à verdade. Pois, na Justiça não mais se alcança que uma verdade processual, discutível em função dos elementos disponíveis.
Vem servindo para branquear tais situações, criando nas pessoas a perversa impressão de que se a Justiça julgou e não condenou é porque para tanto não tinha razão.
Ou então , em causa fica a credibilidade da própria Justiça ...
É como um jogo perverso...
Jamais se viu "uma utilização tão utilmente inteligente " dos Tribunais, que por outro lado, na minha modesta opinião, nunca foram tão desconsiderados a todos os níveis pelo Poder que os "usa" quando precisa e transfere responsabilidades difíceis de assumir, indirectamente .
Um beijinho.
Maria
Ou esta arranja maneira de disciplinar estas coisas ou acabam a levar todos por tabela.
Deve haver uma explicação, mas como sou tontinho não a compreendo!
E se o não fizer, deve ser o partido a obrigá-lo a tal.
SImples.»
Exactissimamente.
Não será tão difícil assim compreender esta epifania de última hora: auto-canonização, justificar o que fez e não fez com as suas responsabilidades - não esquecer que a dra. Catalina já pertencia há muito ao universo da Casa Pia, mesmo antes de ser provedora, o que torna extraordinário o à vontade como fala do passado sombrio da instituição -, e, não menos importante, pôr-se à disposição dos interessados em branquear uma investigação feita com os pés, que de tanto querer que apenas saíssem os ovos premiados acabou por dar cabo da galinha. Penso que até o José terá consciência disso e já não terá grande vontade de cozinhar as omeletas.
Isabel,
Está a dar um beneplácito pueril à forma mais simples de assassinar o carácter de qualquer pessoa. Seria tão fácil escolher a dedo qualquer pessoa cujo carácter se quisesse destruir. Um político, um não político, eu, a Isabel. Com base numa forma de suspeita, verdadeira ou não, investigada ou não, consubstanciada ou não? Exactissimamente.
Dylan T.
Mesmo que tivesse razão, a política como actividade nobre,precisa de sacrificados; não de anjinhos.
Só se mete na política quem quer e para servir.
Quem tem o azar de lhe cair em cima qualquer lama, mesmo injusta, que saia. Não é possível controlar todos os estragos possíveis e injustiças haverá sempre.
O cinismo nesta actividade é de lei e é válido o velho dito de Salazar: em política o que parece, é.
Azar aqueles em quem cai o parecer injusto. Mas é só mesmo isso: azar. Acontece. E para bem de todos, devem sacrificar-se.
"Só se mete na política quem quer e para servir.
Quem tem o azar de lhe cair em cima qualquer lama, mesmo injusta, que saia. "
Até que se esclareça!
Porque "à mulher de César...", etc e tal...
Só é pena que o José não nos diga onde é que ela é explosiva, já que é assim tanto. Para mim, que levado pelo conto do vigário comprei o Sol, não vejo ponta por onde se lhe pegue.
Senão vejamos:
Começa pelo título da capa da Tabu que diz que Catalina está finalmente livre para falar - até aparece na praia a caminhar descalça e de cabelos ao vento. Livre agora porquê. Foi difícil mas lá encontrei a resposta: porque já não é provedora da Casa Pia (desde Maio deste ano mas isso o Sol não diz). Estes timings e este jornalismo já não impressionam o José. Nada a dizer.
Depois a entrevista "explosiva" que vem na Revista Tabu apesar de o ocupar toda a página do 1.º Caderno em grandes parangonas junta,mente com um grande plano da cara da senhora com ar grave e sério.
Nesse 1.º Caderno há um subtítulo que diz que CP de início acreditou na inocência de PP. Ora isso é muito bem explicado por ela na entrevista quando diz que o único aluno que o referenciava era o braço direito de Carlos Silvino, um rapaz que segundo ela está muito bem de vida sem se saber como (ou melhor sabe-se).
E depois falou em que houve uma altura que circulavam umas famosas listas de tudo quanto era boa gente e os casapianos estavam a ser instigados com uns euros para indicar nomes importantes porque quanto mais confusão melhor para abafar os verdadeiros nomes da rede.
Depois vem a parte em que ela explica porque perdeu a confiança em PP, afinal a grande questão que alimentava o título do jornal, que cabe numa resposta ao de leve à pergunta que se impunha.
Ora, diga-me lá o José, que é tão dotado de adivinhação, qual a razão que CP apresentou para desacreditar na inocência de PP? Só isso.