A avoenga da criatura

José Pacheco Pereira, registou a paternidade da palavra Populismo: é dele. Vem no artigo da Sábado desta semana.
Não vem lá a definição do termo, que isso é outra loiça. Vem apenas o pechisbeque de quem o usa, sem lhe reconhecer a procedência legítima.
Da Loja, vem a explicação. Do termo e da avoenga da criatura.

Acrescento em 6.10.2007:

Depois do grande divulgador, Pacheco Pereira, ter assumido a paternidade da revelação do bicho populista, aparece hoje Vasco Pulido Valente a enunciar os termos sumários da definição, em modo de crónica na última página do Público.

O populismo é, em substância,uma doutrina ou uma prática política que nega ou tenta enfraquecer o princípio da representação. O populismo promete ao "homem da rua" ou às "bases do partido" ( ao povo numa variante ou noutra) o exercício directo do poder.

Numa coisa coincidem , JPP e VPV: Luís Filipe Menezes é um populista.

A base do argumento definidor de VPV é algo deletério, sintetizado na afirmação de um dos jovens turcos: “ a ligação directa ( do chefe) ao país real”. Essa ligação, liberta o chefe de qualquer programa ou obrigação programática, porque tudo passa a depender da vontade do chefe, em ligação privilegiada à vontade do povo.

Esta definição já tinha sido enunciada por Edward Shill,, nos anos 50 e este conceito de populismo, enunciado por VPV, parece-me o mesmo, escrito em 1989, na Vida do Independente, para definir Cavaco Silva e o seu modo de governar, como já foi apontado no escrito anterior.

O que traz um problema suplementar: Se Cavaco Silva também era ( é?) um populista, que dizer do conceito, assim definido?

Talvez elaborar um pouco mais e não ficar pelas análises perfunctórias, mal acabadas e que ressumam a mero preconceito, seja a solução. E no caso português, vamos provavelmente descobrir que o sistema político-partidário, não admite grandes populismos. Antes, suporta grandes partidos entrosados já em sub-sistemas oligárquicos de manutenção de poder.

Balsemão, um dia destes num Prós e Contras qualquer, dizia-se muito satisfeito pelo sistema político português que congrega já um número assinalável de profissionais da política.

Marques Mendes é o quê, senão um profissional da política que um ressabiado Belmiro dizia há uns anos que nem para porteiro o queria? Sócrates, com a engenharia que tem, é o quê, também?

E quem é que atende verdadeiramente ao aperfeiçoamento da democracia, através da criação e incentivo a instituições políticas, sólidas e autónomas, com regras de igualdade para todos e empenhadas em fazer respeitar as regras de mercado, sem intervenção na economia, para realizar interesses próprios , no dizer de David Grassi?

O que dizer da governamentalização do sistema político, com subalternização do Parlamento, como se tem visto em Portugal? E que dizer do modo como se escolhem deputados e comissários vários?

Isso é o quê? Democracia avançada, para o século XXI?

Publicado por josé 20:20:00  

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