A utopia ao virar da Esquerda V
terça-feira, setembro 04, 2007
Não é a pessoa em si, simpatiquíssima e sem reparo que me chama a mencioná-lo. É mais a sua influência concreta nos media dos anos setenta, em Portugal.
Muita dessa influência, a meu ver, nasceu com o estado da Nação, a seguir ao 25 de Abril e ao pathos generalizado, tingido à esquerda.
Conforme já indiquei antes, a imprensa e media em geral, logo a seguir ao 25 de Abril, foi tomada literalmente por simpatizantes do movimento do MFA e dos partidos de Esquerda, com destaque para o partido Comunista e o Partido Socialista.
Em 1974, foi preciso aparecer o Jornal Novo, dirigido por Portela Filho que dirigiu depois, em 1976, a revista Opção, do mesmo modo e de modo nenhum de Direita, para assegurar um pouco mais um pluralismo que se arriscava a reduzir-se ao Expresso, efectivamente dirigido nessa época por Pinto Balsemão, já sintonizado com a Ala liberal anterior a Abril e virado para os negócios como se confirmou depois. Não era dali que viria a voz de Direita ou a voz contra a Esquerda, a não ser a totalitária do PCP, para equilibrar o espectro político-mediático.
Assim, em 2 de Maio de 1975 apareceu pela primeira vez um jornal semanário, de Esquerda democrática, como se dizia, com uma dúzia de jornalistas que comungavam as ideias de José Carlos Vasconcelos que então escreveu o editorial do número 1 de O Jornal, como “intérpretes da vontade colectiva” e vincando bem o progresso em marcha acelerada, “no caminho hoje indesmentivelmente aceite, para uma sociedade sem classes, onde não existam exploradores e explorados.”
Esta profissão de fé, ficou vincada na Constituição de 1976 e José Carlos Vasconcelos, ao longo dos anos e em conjunto com os seus colaboradores nos vários projectos jornalísticos, deram bem provas da fidelidade aos ideiais de Abril, formulados à Esquerda.
Como colaboradores de O Jornal, contavam-se Augusto Abelaira ( director da Vida Mundial), Cardoso Pires, escritor, Fernando Namora, escritor, Miller Guerra, Brederode dos Santos, Amaro da Costa ( do CDS), Eduardo Lourenço e Eduardo Prado Coelho. Muitos jornalistas actuais, com experiência e dos principais media, aprenderam na escola de O Jornal. O Público tem vários.
Em 1978, surgiu o semanário Sete do mesmo grupo editorial, e que só acabou em Dezembro de 1994, num último número que tinha uma entrevista com um dos únicos jornalistas-escritores que pouco pretendia dever à Esquerda ( a não ser a publicação dos seus textos nesses jornais): Miguel Esteves Cardoso, que se assumia então como monárquico ou conservador ou lá o que era que nunca percebi muito bem. Foi nessa qualidade que formou, com Paulo Portas, no final dos anos oitenta, o Independente, uma das poucas tentativas de veicular algumas ideias que nada devessem à Esquerda, em campo luso ou estrangeiro.
Em Maio de 1981, surgia mais um rebento das edições do Jornal: o Jornal de Letras, artes e ideias, cujo editorial, assinado por JCV, garantia que não eram uma revista de certa geração, o órgão de nenhuma teoria, o jornal de qualquer tendência, grupo e muito menos capela”. De facto, não bastam intenções declaradas, quando como principal ilustrador se escolhe o grande João Abel Manta, comunista de gema e grande zurzidor do regime de Salazar, em forma gráfica. O jornal pretendia, aliás, ser “uma mesa fraterna à qual se possam sentar escritores, artistas, intelectuais e cidadãos de variadas formações e ideologias”. De esquerda primordialmente e como “projecto cívico e cultural”.
Em Junho e Julho de 1978, O Jornal, para fazer jus à sua pretendida intervenção cultural e cívica, organizou uma série de conferências intituladas, “Portugal, anos 80-o quê?”, convidando diversos líderes políticos e pessoas de vários quadrantes, com predomínio evidente e esmagador da Esquerda. Mário Soares, afirmava: “Nem novas nacionalizações nem reprivatização dos sectores básicos da economia”. Cunhal, augurava “confiamos
A leitura do relato destas conferências, em quatro números de O Jornal, dá uma imagem precisa, do Portugal dos anos setenta, a caminho da década seguinte e da sua indesmentível inclinação à Esquerda, mesmo de acordo com a bitola de Cunhal. E O Jornal aplaudia, num empenho cívico peculiar.
Segundo O próprio José Carlos Vasconcelos, numa declaração a propósito dos trinta anos de O Jornal, (em 28 de Abril de 2005, na Visão), "o Jornal teve uma influência e um papel notórios na vida portuguesa”.Quem o nega? Resta dizer que José Carlos de Vasconcelos veio do Diário de Lisboa, antes do 25 de Abril, outro viveiro da Esquerda e lugar da Mosca de Cardoso Pires e do canal da Crítica de Mário Castrim.
Com o desaparecimento de O Jornal, 17 anos e seis meses depois, a Esquerda dos jornais semanários não ficou órfã de todo. Vários pais adoptivos estavam disponíveis para a sustentar, colocando lado a lado, o partido comunista e o partido socialista, como pilares da democracia, no lado esquerdo do peito.
O primeiro afloramento de uma publicação tendencialmente diferenciada da Esquerda, foi o Semanário dos anos oitenta, com a sua colecção de Olás que faziam vender o jornal, mais do que as manchetes de Marcelo Rebelo de Sousa. Nada de relevante, por isso, a não ser a opinião de Vítor Cunha Rego.
Em 25 de Março de 1993 surgia o primeiro número da Visão, um projecto ideologicamente semelhante e com colaboradores maioritariamente da mesma área, como se torna notório, nesta folha do número comemorativo dos dez anos da revista.
Em 5 de Março de 1990, tinha surgido no panorama da Imprensa portuguesa, o diário Público. Os nomes dos seus primeiros directores- Vicente Jorge Silva e Jorge Wemans e ainda Joaquim Fidalgo, José Manuel Fernandes, Nuno Pacheco, Adelino Gomes, Teresa de Sousa, Ana Sá Lopes ( estagiária de O Jornal), Regina Louro e Fernando Dacosta, nem precisam de apresentações nem que alguém lhes pergunte para que lado olham em primeiro lugar, sempre que atravessam a estrada política.
Em 1996 surgiu o semanário Já, dirigido por Miguel Portas e depois, já no sec. XXI não é preciso elencar mais nada para demonstrar a ideia básica que me levou à escrita destas notas: a Esquerda, em Portugal, tem dominado completamente, em matéria de ideias, a sociedade que escreve em jornais e a que os lê. Depois disso apareceram Factos, Sábado e outras experiências mundanas. Nada e nenhuma dessas publicações altera o que ficou escrito. Talvez um dos modos de avaliar a natureza da publicação, seja conhecer o seu corpo redactorial. A Sábado, durante o período quente do processo Casa Pia, revelou-se uma surpresa. De Esquerda. Outros órgãos de informação podiam ser analisados segundo a mesma bitola. Fica para outra ocasião.
Mutatis mutandis, a asserção permanece igualmente válida, para a televisão. O canal público da RTP, sempre foi caixa de ressonância dos governos do momento. A SIC teve como primeiro director, um dos expoentes da TSF enquanto cooperativa e que protagonizou rocambolescas aventuras, num outro exemplo da Esquerda dominante nos media,neste caso falados. A TVI, depois do falhanço da Igreja, é o que se vê.
Quando afirmo que existe um discurso unificado, apresentado em primeiro lugar pela Esquerda e depois adoptado, por quase todas as forças sociais ( um conceito de Esquerda) refiro-me aos conceitos operativos que perpassam nas análises de jornal, nos artigos de opinião e que se referem a várias opções políticas da nossa sociedade organizada dos últimos trinta anos. Refiro-me particularmente ao modo como certas questões ainda hoje são abordadas pelos media e que revelam essa inclinação canhestra. Assuntos como o salazarismo, a Pide, os tribunais plenários, o corporativismo, por um lado e por outro, o comunismo, a influência comunista nos socialistas portugueses, as mentiras ainda hoje passadas de mão em mão sobre os regimes comunistas etc etc, são encaradas na imprensa e media em geral, partindo de pressupostos ideológicos marcados à Esquerda.
A ideia escrita por Eduardo Lourenço ( um dos grandes intelectuais desta Esquerda), de que o "fascismo nunca existiu", é a mais perfeita metáfora para este modo de dizer. É o equivalente a dizer que os comunistas comiam criancinhas ao pequeno almoço, uma estulta e perfeitamente idiota maneira de denegar pelo absurdo algo que se apresentava com as cores do Gulag.
Finalmente, em resposta a JSC do blog Incursões, também concordo que é bem melhor ter alguém a escrever ideologicamente marcado à Esquerda do que assistir a esta "lassidão de ideias". Concordo. Com o que não concordo de todo, é que se justifique de modo algum o predomínio da Esquerda sobre outros modos de ver a sociedade, como tem sucedido por cá, desde sempre. Por uma questão de equilíbrio, seria bom e bem melhor um maior pluralismo e é essa a minha conclusão final.
Imagens( clicar para ler) : editoriais dos primeiros números de O Jornal e Jornal de Letras, e da Visão, edição comemorativa dos dez anos da revista.
Publicado por josé 23:52:00
Esperei pela sua "nota de conclusão final" a este Manual de Sapiência em 5 actos, não para exprimir ideias sobre a esquerda. Para lhe dizer que depois de tudo o que aqui disse com tanta propriedade e fundamento, com tanto saber, é muito bom contar com o privilégio deste espaço, onde me permito entrar para aprender...
para me espantar e surpreender, mesmo esperando sempre, sempre o mais extraordinário.
Obrigada pela partilha.
Certamente , a este momento,e perante tudo o que escreveu, os principais meios de comunicação portugueses estão envergonhados com os alegados " críticos - comentadores " que nos impinjem , em trivais reflexões inférteis sobre a realidade político-social do País.
Um beijinho
Maria
http://asvicentinasdebraganza.blogspot.com/2007/09/saramago-entrega-te-tua-fuso-com-espaa.html#links
Nem eu própria me tinha lembrado de colocar assim a questão. O José tem razão- vai a 40 anos ideológicos em que vivemos. Era impossível que não provocasse dano.
E, o mais interessante, é que esta constatação não implica necessária adesão a uma Direita. Éu também estou como o José. Sei que não gosto da Esquerda por todos estes motivos mas também nunca me senti de direita.
E esta noção verdadeira nem é moda por importação de livros da Amazon ou outra no género- é produto de uma vivência histórica.
O CERTO É QUE TENDO COMEÇADO DO NADA ALGUNS ESTÃO JÁ BEM ABONADOS.DESCOBRIR-SE-Á UM DIA QUE SÃO DONOS.
Relativamente à nota que deixou na parte final do seu post esclareço que em momento algum procurei justificar “o predomínio da esquerda sobre outros modos de ver a sociedade”.
Não o fiz, nem valia a pena fazê-lo, porque não vejo nem sinto esse “predomínio”, do mesmo modo que não considero que há a “esquerda”, mas antes que a própria esquerda é plural. Depois, como creio que já o disse no Incursões, precisa de demonstrar que esses pensadores que engloba na “esquerda” influenciaram ou tomaram as decisões políticas durante todos estes anos.
Mas, mesmo dando de barato esse predomínio, não me parece razoável responsabilizar os criadores desses jornais e outros cronistas da inércia dos que teoricamente deveriam contrapor o discurso ideológico alternativo. Que responsabilidade tem o Eduardo Lourenço, que citou, ou o José Gil por não aparecer ou se mostrarem outros pensadores com outra visão de e para Portugal?
Já agora uma pequena nota relativamente ao teor da maioria dos comentários que têm sido feitos a estes seus posts. Ou as pessoas vieram depois, não andaram cá e não conhecem a história e, então, recebem como novo e irrefutável tudo quanto tem escrito sobre a matéria. Ou, leram os seus textos na diagonal e apenas apanharam o rumor, sem se aperceberem dos filtros e da fragilidade do método, que o José, honestamente, reconhece ter “limitações óbvias”.
Mais uma vez, vou tentar precisar que a citação e nomeação de cronistas, directores de jornais e repórteres, do modo como o fiz, tem apenas uma função:
Demonstrar que os media, durante 40 anos, mais ou menos, foram dominados pela Esquerda que existe em Portugal.
Isso não significa que alargue a esses intelectuais, a responsabilidade política por decisões concretas e programas polícos de governo.
O falecido António José Saraiva que não era de Direita, como o seu irmão Hermano, não é de Esquerda e que são, ambos, o melhor exemplo daquilo que pretendo aqui exprimir, dizia numa entrevista ao Expresso de 15. Dezembro de 1990 que "A classe política é, em geral, ignorante. Não sabem nada e dizem asneiras".
A quem queira o mesmo referir-se nessa altura? Em 1990, quem eram os da classe política? Cavaco, Soares, Cunhal eram os maiores da altura.
Atrás deles, outros havia. É fazer as contas e ver os nomes...
O irmão, Hermano disse há poucos anos que Cavaco tinha sido um pobre diabo. Meses depois, vendo que o Cavaco deixou de lhe ligar, corrigiu: afinal tinha sido um honesto gerente.
Fazer o paralelo entre estes dois irmãos, seria fazer o retrato da Esquerda a que me refiro e a Direita a que também podia referir-me.
Quando afirmo a predominância de uma sobre a outra, é porque tal me parece evidente.
Será que estou enganado e é afinal ao contrário, o que aconteceu?
Acha que foi, caro JSC?
É aquela dos Fernandos Nobres da Ami e quejandos.
Horripilante.
Se quiser desenvolver essa dos Fernandos Nobres e quejandos esteja à vontade. É que me aguçou o apetite.
Todos sabemos isso. E a discussão não é sobre esse assunto.
Ou seja, não é sobre as virtualidades da esquerda. Se fosse, teria que lhe lembrar que a esquerda de leste, não admitia também essa ampla liberdade que reivindica e o grau de censura era muitíssimo superior ao que por cá se experimentava.
Além disso, a direita não se identifica com o salazarismo e argumentar desse modo, é reduzir os termos da conversa aos velhos chavões antifascistas.
Quer dizer: é uma armadilha, percebe, caro b. tavares?
Jean-François Revel diz-lhe alguma coisa? Raymond Aron?
Nenhum deles era totalitarista ou adpeto de Salazar. Nem sequer apoiantes.
PS folgo em vê-lo por aqui...
"Ou as pessoas vieram depois, não andaram cá e não conhecem a história e, então, recebem como novo e irrefutável tudo quanto tem escrito sobre a matéria. Ou, leram os seus textos na diagonal e apenas apanharam o rumor, sem se aperceberem dos filtros e da fragilidade do método, que o José, honestamente, reconhece ter “limitações óbvias”. "
Não lhe pode passar pela cabeça que tenham a mesma vivência histórica e deparado aqui, nos textos simples e despretenciosos, com um quadro que responde a questões identicas que coloquem há anos?
Há que partir da boa-fé. Uma boa sistematização inteligente não está errada nem é refutada, por se dizer que a esquerda é plural. O problema é que essa "pluralidade" sofre precisamento do mesmo que o José bem demonstrou.
E esta última geminalidade dos Saraivas foi um achado.
O caso patológico dos Nobres, não me deixa vontade de lhe tocar sequer. Parece-me demasiado doentio.
Pois é. Mas alguma vez alguém se atreveu a dizê-lo?
Ora é exactamente ao nível da influência nas decisões politicas que se deveria procurar o predomínio das forças ideológicas em presença. Julgo que esta pesquisa seria tão ou mais importante do que saber quem é que ocupou mais páginas de jornal.
Zazie, quanto à sua observação, anoto o seguinte: Primeiro, de facto eu deveria ter colocado mais essa alternativa, ainda que ela esteja um pouco implícita no meu comentário, na medida em que quem “tenha a mesma vivência histórica” do José está a ser também confrontado com a questões que aqui deixei. Segunda nota, não considero, ao contrário do que diz, que estejamos perante “textos simples”. A concepção e elaboração dos mesmos, a par do trabalho de recolha que os documenta mostra que se trata de uma tarefa de grande folgo. Aliás, já felicitei o José, no Incursões, pela escolha do tema e pela abordagem, que me parece muito interessante, apesar das questões que me suscita e que tenho dado conta.
O predomínio sente-se ainda hoje, na linguagem.
Como sabemos de há muito, o domínio do discurso, a linguagem dominante, conduz às escolhas políticas.
Se a esquerda conseguir passar a ideia, através do discurso, que os casamentos gay são uma inevitabilidade e afinal serão aceitáveis, a quem devemos essa eventual decisão legislativa?
À força da opinão pública que acaba por aceitar o que há uns anos nem sequer era enunciado. Há paises onde a questão nem se coloca.
Repare, caro JSC que isto é apenas um exemplo.
Assim ao escrever que a Esquerda dominou a linguagem pública destes últimos anos, só posso apresentar exemplo concretos do que se poderia ler na imprensa e do nome das pessoas que escreviam e da influência que exerciam.
Parece-me uma evidência que a força da Esquerda se manifestou de modo muito mais acentuado do que a da Direita naquela sintetização que fiz no início.
E os escribas de jornal e cronista e ainda opinion makers diversos, foram aqueles que apontei. Não havia outros, ou havia?
É capaz de mos indicar, e que tenham pelo menos igual peso de influência que esses na sociedade portuguesa?
Acha que aquilo que um Marcelo Rebelo de Sousa diz na tv não tem peso algum de influência?
Acha que o que outros escrevem ou dizem em grande audiência, nada valem?
Não é isso que ensina a teoria da comunicação ou até mesmo a experiência empirica.
Não lhe parece?
Tem razão. tinha colocado a hipótese. E tem razão: o trabalho é de fôlego. Mas são ideias simples e extremamente inteligentes.
É aí que está a pertinência do José. Consegue falar de coisas muito profundas com a maior simplicidade.
É o tal dom de apanhar a semântica. Ou se tem, ou não se tem. Não é coisa que se aprenda. O José tem-no.
Bem que eu gostava de encontrar falhas e meter isto de pernas para o ar. Mas não consigo.
Não consigo mesmo. Espantou-me quando li os 40 anos. Pensei melhor e tive de concordar até com os 40 anos.
O que faz falta é debate à altura. Não apareceu em lado nenhum. Acho sempre um espanto quando isso acontece.
Se estes textos viessem assinados por qualquer vedeta que aparece na tv choviam citações, querelas, textos, burburinho até dizer chega.
Como não é, ou não dão conta ou nem atingem.
o único comentário que li, até fui lá porque é de um bacano amigo, foi apenas uma reacção tolinha de complexos esquerdalhos. Também não atingiu.