Figuras de estilo
terça-feira, julho 10, 2007
O jornal Público, na sua edição de hoje, terça-feira, dedica a parte de baixo da primeira página, à esquerda, a uma pequena recomendação, a propósito do incumprimento de uma deliberação da Entidade Reguladora para a comunicação Social, a ERC.
O conselho regulador é o órgão colegial responsável pela definição e implementação da actividade reguladora da ERC. Este conselho regulador é o coração da ERC e compõe-se de um presidente, um vice-presidente e três vogais. É a A.R quem designa quatro desses membros e os quatro cooptam o quinto elemento.
Todos eles, devem ser pessoas de reconhecida idoneidade, independência e competência técnica e profissional. Quem reconhece estas qualidades excelsas, é naturalmente o Parlamento, mediante um procedimento prévio de escrutínio interessante e a estender a outros órgãos de Estado, (por exemplo, o Tribunal Constitucional).
O Público fez acompanhar o pequeno texto, cujo contexto não se conhece e apenas se adivinha, da imagem em contiguidade, de quatro figurões e uma figurona, que fazem parte do conselho regulador da ERC, com as figurinhas legendadas com os nomes.
Fácil será de entender que as figuras, eventualmente, não terão gostado do destaque editorializado e algo despropositado. E nada poderão fazer, no entanto.
Poderiam, apesar disso, aprender uma coisa: com os jornais, pouco adianta tourear o bicho do critério editorial, porque é sempre possível aos figurões dos jornais, manipular figurinhas a seu bel-prazer. Vejam o exemplar Pedro Tadeu, do modelar 24 Horas, experimentadíssimo nestas lides. Não me lembro de a ERC se incomodar com este expoente jornalístico e as suas primeiras páginas estrondosas, a propósito do caso da Casa Pia ou de Souto Moura e o famigerado Envelope nove. Lembro-me, - isso sim – de ver e ouvir uma das figuras da ERC, precisamente a figurona, a dizer publicamente, na TV, durante uma discussão sobre os blogs malditos, anónimos e quejandos que estes meios de informação ficavam de fora da intervenção da ERC, ( por não terem orientação editorial, além do mais) mas eram…uma vergonha ( onde é que também já se ouviu isto?).
Lembro ainda que a mesma figura, associou este blog onde escrevo, ao maldito Muito Mentiroso. Confesso que não gostei do que ouvi. Não pelo que ouvi, mas pelo facto de não lhe poder responder em directo ou em jeito de direito de resposta. Que precisava, lá isso precisava.
Num jornal, o direito de resposta, dirigido ao responsável editorial, de quem se sente no direito e dever de o exercer, publica-se algumas vezes com artimanhas que denotam as habilidades de aficionado. O sítio da resposta; a coluna alinhada à esquerda ou direita; as notícias contíguas; a edição eventual e principalmente a resposta à resposta que dá a última palavra ao jornalista que prevarica, mas se defende com as chicuelinas da praxe.
Enfim, mesmo assim, vivam os jornais que não têm medo das figurinhas de papel.
Publicado por josé 23:10:00