Apita o comboio
segunda-feira, julho 16, 2007
Lê-se hoje no Público, uma crónica de Rui Moreira, sobre as escutas telefónicas e de intercepção de correspondência electrónica, com origem nos serviços secretos italianos, e a membros da Associação de Magistrados europeus, o MEDEL.
Rui Moreira extrapola e paraleliza o fenómeno com as nossas escutas caseiras, em processos crimes conhecidos, para adiantar de graça e a seco que “vivemos num país onde há abusos frequentes das escutas telefónicas e onde gravações que deveriam ter sido destruídas acabem cirurgicamente na comunicação social. Sabe-se que no caso Casa Pia, até o presidente da República foi escutado”.
Este tipo de frases soltas, desgarradas das quadras popularuchas dos jornais tablóides, doem a ler. Porque são disparates pegados, asneiras grossas que passam como moeda corrente neste mercado fiduciário.
Uso estes termos, porque julgo que serão do entendimento do cronista do Público, que após aturadas buscas no Google descobri ser…economista. E quanto ao nome, apenas Rui Moreira, sem perfil, sem biografia, a não ser num ou noutro blog mais afoito, algo que pode nem ser verdade ( um menido da Foz do Porto, um "gajo porreiro", preocupado com a vidinha, é o que se lê em comentários).
Já sabia que era presidente eleito da Associação Comercial do Porto, como sede no Palácio da Bolsa e também já sabia, por ter visto, que era comentador de assuntos futebolísticos num qualquer trio de ataque aos donos da bola, ou coisa que o valha. Um daqueles programas em que se começa a ver, e se pode desligar durante uma hora, retomando calmamente e sem interrupções de maior, o fio à meada, depois desse tempo todo. Um programa televisivo, de elevadíssima formação e conteúdo cultural, onde se adivinha o curso universitário dos participantes, com base no estudo afincado, anos a fio, de manuais profundos de sabedoria como a Bola e do Record, com aulas práticas aos Domingos, nos estádios.
Rui Moreira deve ter lido no pasquim 24 Horas, in illo tempore, que “Até os telefonemas de Sampaio foram escutados”[no processso Casa Pia] e ficou por aí, com a pérola falsa dessa informação errada e apasquinada.
Aparentemente, não sabe, e parece nem querer saber, que os telefonemas de Sampaio nunca foram escutados, nesse processo, nem podiam ser, e escrever isso, é contribuir para a desinformação geral, mesmo depois de inquéritos parlamentares a envelopes e comunicados oficiais.
Além disso, também confunde escutas de serviços secretos, com escutas ordenadas por juízes de instrução, controladas por juízes de instrução e mantidas nos processos, como prova válida, por juízes de instrução. Mesmo no caso do Apito.
Aliás, se apresenta a comparação italiana, pela negativa, também deveria saber, mesmo pelas leituras da Bola e do Record que os organismos desportivos italianos aproveitaram milhares de horas de escutas telefónicas, efectuadas pelo publicco ministerio italiano, para varrerem a corrupção desportiva que por lá se descobriu, com ajustamentos entre clubes e árbitros.
De Rui Moreira, e a propósito deste tipo de casos, género Apito Dourado, suas implicações, vontade de combate sério à corrupção e afastamento de dirigentes suspeitíssimos, nada li ainda. Mas pode ser que tenha dito qualquer coisa, no ataque de trio aos donos da bola.
Publicado por josé 11:57:00
Excluo desta crítica personagens únicas, de indiscutivelmente valor, quer se goste ou odeie. Refiro-me a Pinto da Costa (na décadas de 70/80 fez do FCPorto um caso de sucesso nacional e internacional contra tudo e contra todos), e Rui Rio, que continuo a achar que é provavelmente o melhor político português da actualidade.
Creio que está erradíssimo em relação a Rui Moreira.
Ou anda distraído, ou a defesa da classe, séria e oportuna, está a moldar-lhe a escrita.
De futebol toda a gente fala em Portugal, infelizmente, até neste excelente blogue.
José Mexia
Ajude-me a perceber que lhe fico agradecido.
http://cadeiradopoder.blogs.sapo.pt
http://novafloresta.blogspot.com/2007/06/uma-campanha-alegre.html
calculo que se sentiu pisado. desculpe. mesmo quando a gente não quer, às vezes pisa os outros. é normal. mas ao menos da proxima vez faça o favor de colocar o artigo todo, para não alterar o sentido. quanto ao meu curriculo, coitado... é melhor que o seu que é escrito num blogue, a coberto do cobarde manto de quem quem não dá a cara. passe bem, mas não pense que me intimida. o senhor bonifácio, que não leu o artigo, pode estar seguro que tambem não o conheço, e pelo que conheço ainda bem que nao gosta de mim.
Para si, aqui vai o artigo:
Somos todos ouvidos
A criminalidade organizada, cada vez mais sofisticada nas suas formas e instrumentos e o terrorismo são um temível desafio ao nosso conceito tradicional de Estado de Direito. Para além das ameaças mais óbvia, contribuem para que a ténue fronteira entre o uso legítimo e o abuso dos instrumentos de investigação e prevenção seja esbatida pela ética do resultado. O medo que nos impele a aceitar essa nova ética condiciona e hipoteca as nossas liberdades. Será o securitarismo a única forma de garantir a perenidade das democracias ou uma subversão destas? Pior do que isso, não será uma submissão aos desígnios dos seus inimigos?
Soube-se há dias que a Secreta italiana espionou juízes e magistrados, por razões políticas. No âmbito dessa acção, terão espiado a correspondência electrónica dos membros da Medel, uma venerável associação europeia de juízes e magistrados do Ministério Público, que conta com muitos membros portugueses. Compreende-se pois a indignação do vice-presidente da Medel e presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público. António Cluny quer que o Governo português peça explicações por uma situação que “é grave por ser feita à margem da lei” e quer também saber se os nossos serviços secretos tiveram acesso ao dossier.
Espero que esta devassa de que foram vítimas alguns dos nossos magistrados, que não eram certamente o alvo dessa espionagem mas que nela se viram envolvidos, não sirva apenas para uma reacção corporativa, por justa que seja. Afinal, vivemos num país onde há abusos frequentes das escutas telefónicas e onde gravações que deveriam ter sido destruídas acabam cirurgicamente na comunicação social. Sabe-se que no caso Casa Pia, até o Presidente da República foi escutado. Até hoje, e à excepção de alguns jornalistas, ninguém foi condenado pelas fugas ao segredo de justiça e pela devassa da intimidade alheia. Não se conhece qualquer iniciativa séria dos nossos agentes judiciários e das suas instituições de classe para pôr cobro a essa situação. Todos os que nada têm a esconder concordarão que as escutas telefónicas são hoje instrumentos indispensáveis na investigação criminal, mas isso não sanciona o seu uso indiscriminado. Anda por cima, o abuso desse instrumento tem resultado no arquivamento de inúmeros processos. Nestes casos, o instrumento não só se anula como também se transforma num “boomerang”: redunda num excelente pretexto para os eventuais culpados escaparem às malhas da justiça, enquanto o cidadão comum, cumpridor e naturalmente zeloso da sua privacidade, sente a sua vida espiolhada e corre o risco de a ver plasmada num qualquer tablóide se se vir tocado, ainda que indirectamente, por uma qualquer investigação. Agora que os magistrados sofreram na pele o incómodo de verem a sua privacidade violada por um fogo cruzado que não lhes dizia respeito, talvez possam repensar a questão à luz dos direitos, liberdades e garantias de todos os seus concidadãos.
podem não concordar, mas foi isto que eu escrevi, senhor josé.
Assina:
Rui Moreira
nc 123674514
bi 3319565
telefone 917591618
sempre ao seu dispor.
Já havia lido o texto no post da GL, mas compreendo os seus propósitos .
Naturalmente publicá-lo aqui é garantia de ampla e qualitativa audiência.
Aqui,
até eu li ...
Já agora, que parou por este espaço, pode explicar melhor : então sempre o PR foi escutado ?
E não quererá aqui partilhar os casos concretos que conhece em que foram feitas escutas abusivas?
E qual a relação dessas com estas, Italianas ?
Não leve a mal, acho que não entrou com elegância, mas já que entrou, olhe sempre apareceu, sendo que me parece que aqui quem apareça por bem é sempre bem vindo...
Mas...escusava de ter colocado o bi e o tlm e o nc, porque continua a faltar o currículo que de facto não conheço. Que quer que lhe diga? No outro dia, no salão árabe do palácio da Bolsa, vi-o por lá e quem estava comigo asegurou-me que V. é um tipo esperto e capaz. Acreditei, vindo de quem veio mas nada mais perguntei.
Assim, fico a saber, pelo Google, que é economista e comentador de futebol. Nada mais sei e isso me basta.
COmo deve adivinhar, sou jurista, e para si, tanto bastará também. E não aproveito para trocar piropos sobre cobardias e outras coisas que tais, porque me parece que só nos diminuimos com esses procedimentos que pelos vistos afeiçoa.
Para atalhar, fica o meu mail- jmvc@sapo.pt. Para tirar teimas sobre a cobardia, apenas.
Agora, quanto ao resto:
Eu, por mim, sou anómimo relativo ( com mail à vista) e por isso escrevo como sei e posso, apontando aquilo que me encanita, como dizia o outro.
E encanita-me ler asneiras como a que escreveu e que demonstra que não sabe do que escreve quando escreveu o que escreveu. E como reincide, parece que não se deu ao cuidado de se informar devidamente. É fácil. Está tudo na net.
Por outro lado, se tivesse um pouco mais de senso prático ( e já agora um pouco de humildade), ao perceber o logro em que caiu, pedia desculpa aos leitores, entre os quais me conto, por vezes.
O seu artigo completo, nada esclarece para além do que citei.
Não apaga a nódoa da asneira que escreveu e que me parece grave.
Não obstante, cumprimento-o pelo fair play, se foi esse o caso.
Mas corrija o título. O original vinha escrito assim: "Todos sob escuta". Não leu?
Cumprimentos.
ahahahahahahah
não posso crer
":O)))))
Julgo que tomou o post do autor do blog como um ataque pessoal. Não creio que seja, penso que não o deve tomar assim. O primeiro comentário aqui colocado é meu. Eu, que fui certamente mais acintoso que o autor, mas não escrevi nem tive a intenção de escrever nada com o intuito de o ofender pessoalmente. Nos blogs discorda-se, combate-se com paixão, dizem-se até barbaridades. Tudo isso faz parte.
Neste caso julgo importante que entenda que aqueles que não o conhecendo falam sobre si, bem ou mal, referem-se ao seu alter ego público, não ao indivíduo em questão, sobre quem certamente ninguém na caixa nem no blog tem interesse em comentar.
Noto e realço ter vindo a esta caixa, vai muito a seu favor. Ainda assim, foi descabido ter colocado aqui dados pessoais. Ninguém pretende entrar na esfera privada da sua vida dispondo de um n.de tm. ou de bi. Sugiro ao proprietário do blog a remoção destes dados.
Um cumprimento respeitoso a Rui Moreira, como pessoa; como figura pública, tenha paciência, quem anda à chuva, molha-se.
quanto ao que escrevem:
José, o facto de manter o seu anonimato não me permite comparar os nossos currículos. Não tive que recorrer ao google nem à sua amiga wickipedia para descobrir isso. o meu está disponível através dos serviços da ACP. Não o coloco aqui porque a Maria pode entender que estou à procura de uma "ampla e qualitativa audiência". A audiencia que este blog tem, e o Publico não tem, não é Maria? Quanto à elegância, agradeço me envie um livro da Paula Bobone, à obrança. Certamente que me ensinará a responder a comentários anónimos, algo para que o chazinho que tomei em pequeno não serve. Sabe, Maria, nessa altura não havia blogues. :-). Pedro, se forneci dados pessoais foi exactamente para garantir que não se tratava de uma resposta fraudulenta. Para confrontar, também, o anonimato maledicente.
Devo-lhe dizer que gosto de alguns blogues, e este é um dos que consulto regularmente. Não me importo nada de discutir e de apreender alguma coisita. Mas, sobre o tom geral do comentário do José há algo que tenho que lhe dizer:
-O José diz que eu não sei que Jorge Sampaio foi escutado. Uma pergunta: o José sabe que o Jorge Sampaio não foi escutado?
-O José acha que por ser jurista ou licenciado em direito ou magistrado, e porque eu não sou, todas as suas opiniões são doutas e as minhas são provas de ignorância. Esse é um dos defeitos do corporativismo, não é José? Ora, o problema do recurso sistemático às escutas é, antes de mais, uma questão política.
Depois, há a questão das fugas ao segredo de justiça e dos julgamentos populares que essas fugas propiciam. Esta é uma questão ética, cívica e política.
Até aqui, meu caro, não preciso de qualquer currículo para discutir consigo. Mesmo que não estejamos de acordo.
Depois há as questões processuais. Aí sim, você estará em vantagem. Por isso, esclareça-me se estou enganado:
É verdade ou não é verdade que há uma sucessão preocupante de casos em que o facto de as escutas não preencherem todas as condições impostas por lei tem contribuído para que os arguidos sejam absolvidos?
Se ler o artigo outra vez (é uma maçada porque você acha que está cheio de imbecilidades), verá que a questão que levanto tem a ver com algo que me preocupa, que tenho muitas vezes referido quer na imprensa quer nas aulas do CEJ na FEP: a questão dos meios e dos fins. Já agora, e porque não costumo recorrer à net para escrever os meus artigos, recomendo-lhe que leia Norberto Bobbio: "Ideologie e il potere in crisi", que julgo esteja traduzido para português. Prometo que não sou agente literário, nem importador do livro.
Agora vou para férias, se não se importam! E, "sans rancune", com a promessa de aqui voltar. Para todos, boas férias tabém. Maria, uma ultima questaõzinha. Como escreveu o Pedro, a blogosfera é um pouco especial. Dá-se e leva-se, como se dizia quando eu andava na escola.
E acabo por ver e reconhecer que tem da net, a ideia que eu também tenho: quem vai por lá, arrisca-se a ler o que não gosta quando escreve o que quer.
É esse o preço da liberdade de expressão que anda muito mal tratada, nestes últimos tempos, porque é enteada mal amada, em detrimento da arreata e da mordaça.
Quem quiser saber melhor que leia o All the president´s men, ou veja o filme que anda por aí. É sobre o Watergate.
Eu não queria, sou pouco "talhada" para este tipo de "boomerang", mas dedicou-me 10, (dez) das suas linhas. Impõe-se :
1º- "A GL tem um amplo público de especial qualidade e o "Público" não tem, Maria"?
Terá.
Mas se já fora tão lido, se já era do MUNDO porque reproduzir tudo aqui?
Não disse nada diverso do que cá estava!
2º Se lhe mando um livro de PB à cobrança ?
Pois , caríssimo, até de bom grado o faria, nada tenho contra si. Não o conheço e nem sequer à Wickipédia fui ver o seu currículo.
Mas mais uma vez, a referência PAULA BOBONA, digo BOBONE, é sua, trazida aqui por si, como o seu texto...
3º Diz, não sou jurista, mas até parece uma espécie de ...
Então o Sr. Rui não sabe e não tem como saber se JS foi escutado.
Pergunta, se José pode dizer que o não foi.
Boa retórica. Porém a questão é outra : se não sabe se JS foi escutado, se não o pode demonstrar, porque é que publicou que FOI ?
Essa é que é... não sei se está a ver...
4º Quanto ao " chá" , meu caro, acredito que já tomasse muito. Não insista. Não parece estar a fazer o desejado resultado.
Recomendo-lhe antes um bom - bom para lhe adoçar as maneiras. Posso remetê-lo à cobrança.
Lamento, mas como diz o Pedro , " quem anda à chuva molha-se" ou como dizia a minha avó que também nasceu no tempo em que não havia blogues :), mas já se sabia o que era a Liberdade , " quem não quer levar com um pano encharcado..., não lhe abre a torneira em cima ...".
Com o devido respeito.
Saudações.
.issa, .ssa, carcaças, fogo , MARIA , MARIA, que mulher !!!...
issaa...
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.. apenas Rui Moreira, sem perfil, sem biografia, a não ser num ou noutro blog mais afoito, algo que pode nem ser verdade ( um menido da Foz do Porto, um "gajo porreiro", preocupado com a vidinha, é o que se lê em comentários).
a Maria acha que eu respondi de forma pouco elegante... Pronto. A culpa deve ser minha. Agora não me tente adoçar maneiras. Nem pense, por um momento, que me deixo intimidar com essa táctica furtiva de quem faz insinuações e depois fica muito surpreendida com a resposta.
Perdoe-me se me identifiquei, podia ter feito como aquele americano de uma empresa de distribuição que registou um nome no yahoo e depois andava pelos blogues a dizer mal dos seus concorrentes e a elogiar-se. Podia ter vindo aqui, registava-me como
ANtOnio jeronIMO. Elogiava o Rui Moreira. Insultava os autores do blog. Ficava tudo tranquilo, não era. Repito-lhe, desculpe.
Quanto ao senhor Doutor Jorge Sampaio ter sido apanhado transversalmente nas escutas, note alguns factos que foram públicos:
Noticia da TSF: 18 de Outubro 03
Sampaio em silêncio
Jorge Sampaio não vai comentar a divulgação das escutas telefónicas, apesar de o seu nome ser referido numa das conversas agora divulgadas.
27.10.2003
Numa entrevista concedida em simultâneo a três orgãos de comunicação social, o Presidente da República, o Dr. Jorge Sampaio, respondeu, a propósito do assunto "escutas telefónicas", à pergunta da jornalista Judite de Sousa:" se passou a ter mais cuidado ao telefone", do seguinte modo:
"- Rio-me muito! Agora se estiver [ a ser escutado], ouçam lá o eu estou a dizer: zás, cinco palavrões!
Em 12.01.2006, o Presidente da República, Jorge Sampaio, classificou hoje como "uma questão grave" o registo de milhares de chamadas telefónicas feitas por altas figuras do Estado, entre as quais ele próprio.
"A única coisa que se tem de esperar é que o procurador-geral da república [PGR], faça desencadear o inquérito necessário para que esta questão grave possa ser definitivamente esclarecida",
(fonte: Publico 13.01.06)
Ainda no que diz respeito às escutas telefónicas, o Presidente da República Jorge Sampaio defendeu, em 26.1.2006, no discurso comemorativo da abertura do ano judicial, a tipificação na lei de um "catálogo de crimes" que podem justificar escutas telefónicas. Afirmou que se "foi longe de mais na regulamentação" das mesmas e a "prática, seja a comprovada, sejam os inquietantes rumores que a acompanham, está bem longe de se conter na excepcionalidade e na proporcionalidade que todos exigem e alguns não praticam".
Sendo assim, a proposta é clara importa "arrepiar caminho, com um catálogo restrito e claro dos crimes mais graves que podem justificar escutas telefónicas". Ao mesmo tempo que apelou à "consagração do seu carácter excepcional, da sua autorização e controle efectivo" - repetindo duas vezes a palavra "efectivo" - "pelo juiz de instrução". (fonte:DN)
Ou seja, algo de semelhante ao que eu escrevi. Os presidentes da Associação Sindical de Juizes e do Sindicato dos Magistrados têm defendido que é fundamental que a fiscalização das escutas telefónicas continuem a ser da competência do juiz de instrução criminal.No entanto, sempre recusaram a hipótese de uma entidade exterior ao poder judicial para fiscalizar as escutas telefónicas. Como deve saber, houve quem defendesse, em virtude do clima de desconfiança instalado, que as escutas telefónicas deveriam ser fiscalizadas por um ´rgão independente, eleito pelo parlamento. Em causa está, fundamentalmente, a guarda e destruição de escutas, findo o período de segredo de justiça e em termos globais. E não caso a caso. Segundo a Polícia Judiciária são realizadas uma média de oito mil escutas por ano.
O próprio António Cluny reconhece que o tema merece uma discussão.
concorda com a criação de uma entidade fiscalizadora ”que realize auditorias sistemáticas”, desde que a cargo de um órgão do poder judicial: Ministério Público, Conselho Superior de Magistratura.
Cluny considera que há "um risco em termos políticos” se os partidos intervirem nessa área. Pode-se concordar ou não concordar.
O que eu escrevi, e de que não me arrependo, é que a óbvia utilidade das escutas telefónicas tem sido fortemente posta em causa pela sua utilização em condições que em nada beneficiam a justiça. Que são um intrumento potencialmente perigoso.
Para acabar, no tempo da sua Avó, que também sabia o que era a liberdade, havia tribunais plenários e escutas telefónicas. Pelas "melhores" razões: todas patrióticas. Os magistrados e os juízes cumpriam a lei. A Maria não se lembra dessa liberdade. Ainda bem.
Não tentei desacreditar o texto de Rui Moreira por não lhe conhecer o currículo ( que é verdade que não conheço, mas a culpa será minha que não procurei conhecer para além do que se pode dispor no Google).
O que tentei foi desacreditar a afirmação que me pareceu e continua a parecer disparatada, nesse preciso contorno quando se diz que o Sampaio foi escutado no processo Casa Pia.
E tentei desacreditar porque o texto lido por incautos, leva a repristinar o assunto que está morte e enterrado, com uma falsidade.
Quando refiro a ausência de conhecimento do currículo apenas pretendo dizer que desconheço que saberes específicos teria Rui Moreira para escrever o que escreveu. Só isso. E nem sequer é uma questão de subtileza, mas de fundo.
Mais ou menos isto: não acredito em bruxas, mas que as haverá...lá issom haverá.
Ora este discurso num presidente da República, garante dos direitos liberdades e garantias,é um discurso inadmissível, impróprio e vergonhoso.
Mas acho que ninguém o escreveu...
Não, não, ao contrário do que refere , aqui, o ÚNICO arreliado é o Rui.
Pensei que só lhe interessasse o currículo do José , pela simples razão deste lhe ter legitimamente perguntado AONDE IA BUSCAR RAZÕES DE CIÊNCIA para afirmar aos Portugueses que JS , havia sido escutado por Magistrados Portugueses.
É natural que se queira saber aonde vai buscar esse conhecimento que mais ninguém detem.
Continuo às escuras, mesmo após este último comentário deixado por si, visando-me especialmente.
O que não posso deixar de agradecer.
Vejo que afinal até as minhas lembranças sobre Liberdade lhe interessam.
Mas, a respeito disso, lamento ...
Apenas lhe deixo aqui uma última nota .
Nesse tempo da minha avó que o Rui também não viveu , mas de que se lembra bem, cometeram-se muitos excessos.
É verdade. Até triste.
Mas a falta de liberdade, acicatáva-nos a argúcia e a inteligência. Conhecíamos melhor o peso e o valor das palavras.
Já hoje, caro Rui, veja o que aqui sucedeu : foi como se de um saco, desalinhado e sem medida ,soltasse um monte de palavras de nexo pouco óbvio, ao vento.
Sabe, é muito bom falar, mas raros são aqueles que no momento certo se sabem calar.
Não só porque na sabedoria popular "o silêncio é muitas vezes de ouro", mas sobretudo porque noutras, é mesmo a melhor resposta.
Faço-lhe pelo menos a justiça : não renegaria uma boa pega de caras . Isso demonstrou.
Se me quiser respoder novamente pode usar o mail :historiasdamaria@hotmail.com.
sabe, por acaso e por idade, porque tenho 51, vivi esses tempos. esses e os do gonçalvismo. muito especialmente estes ultimos. um dia conto-lhe.
o último comentário/ post do josé e o que me dei ao trabalho de listar, fazem crer que JS foi escutado. não conheço o senhor tadeu e não tenho por habito ler o 24 horas. mas conheço o dr jorge sampaio. que, por acaso, é jurista. ora, o dr jorge sampaio fez declarações públicas que levam a crer que sabe que foi ouvido em escutas cruzadas. ou seja, credibilizou a notícia.
quer que lhe diga que não sei de fonte segura que ele foi escutado? não tenho problemas em reconhecê-lo. se perguntei ao josé se ele sabia que jorge sampaio não foi escutado, foi por isso mesmo. não foi um jogo de palavras. mas esse não é o sentido geral do meu texto. a questão continua a ser:
-sabendo que as escutas são necssárias, e que todos podemos ser escutados (se o al capone me ligar por engano...), se sabemos que o segredo de justiça é permanentemente violado e recorre a essas escutas, se temos a consciencia que isso acarreta riscos, não será que as escutas devem obedecer a maiores cautelas?
e, será que os critérios legais se adequam aos nossos direitos, liberdades e garantias?
o caso da espionagem italiana aos nossos magistrados, que não eram certamente alvo de nenhuma investigação( provavelmente foram apanhados numa operação politica intimidatória...) deve fazer-nos refletir. como lhe disse, não tenho a certeza dos limites, das fronteiras. mas temo que o securitarismo nos troque as voltas. só isso. se o meu texto valeu uma discussão, e passados os naturais achaques, já valeu a pena.
já sei que o silencio é de ouro... a liberdade, essa, é de platina.
good night, and good luck.
Pronto, tudo bem, valeu pela discussão.
Se eu também lhe desejar "good night and good luck", promete que não me faz mais mensagens ?
Aliviemos o cenário.
Repare :
JS diz : fui escutado.
e o que dizem :
- O GOVERNO - Hum esta reles oposição;
- O EXERCITO - Invasão ? Radares...
- Os SERVIÇOS SECRETOS - Atentado ???
- A PORTEIRA - Hum, a mulher lá terá as suas razões ...
- o JURISTA - Foi mesmo ? Quando, onde, a que horas, como, em que circunstâncias, quem fez, quem mandou , arrolem-se provas !
- O JORNALISTA - " JS não conteve a sua indignação quando deu a saber aos Portugueses que esteve sob escuta.
Fontes seguras, asseguram que a escuta só podia ter saído do interior do próprio sistema de Justiça que nos serve "
Assim,
Caro Rui, perdoará o caricato,
se lança sobre um determinado processo , afecto a um Orgão de Soberania como são os Tribunais, uma suspeita que se transforma numa verdade próxima ...mas que não é uma verdade.
Compreende,
É só isto que me parece grave.
Não tome , por favor , como pessoal a minha posição.
Percebo que essa é a sua visão das coisas.
Nem sempre a nossa visão de uma questão a vê, verdadeiramente, em todos os ângulos.
Para que não sobrem ressentimentos, despeço-me com um beijinho.
Maria.
Há que reconhecer o seu fair-play, sem dúvida, a disponibilidade para ultrapassar os achaques próprios e admitir os de outros, sem desprezar quaisquer interlocutores.
Boas férias.