A liberdade abrupta
terça-feira, junho 26, 2007
Pacheco Pereira continua preocupado com a liberdade nos blogs.
Sobre os últimos acontecimentos de queixas apresentados por políticos, contra simples bloggers incómodos, nada disso o incomoda e pelo silêncio cúmplice, vai tomando a posição certa e correcta.
O incómodo, desta vez, é com as caixas de comentários, em que descortina comichões várias e libertinagens perigosas, em egos alheios, sentindo-se atingido por procuração virtual.
Desde há alguns meses que andava sossegado, parecendo que aprendera algo de novo sobre a liberdade de expressão. Não aprendeu. Aliás, não esqueceu nada. É pena.
Aditamento oportuno, em 27.6.2007:
Há quem se entrefolhe todo por causa de comentários anónimos, largados nas caixas que os admitem sem discriminação. Admito perfeitamente que é um incómodo sério, ler algo que nos ofende os sentidos ou a inteligência, ou até a honra, em forma de comentário anónimo. Mas daí a defender a censura indignadamente hipócrita ou o corte cirúrgico, vai um passo que poucos sabem transpor.
Um exemplo perfeito do que quero dizer, ocorre no blog do Dragão, um dos melhores que se podem ler na blogosfera lusa, sem qualquer favor ou concessão.
Um comentarista anónimo e corajoso como só assim conseguirá ser, lembrou-se de insultar soezmente a honra de uma outra pessoa e chamou-lhe um nome feio e acintoso.
Que fez o Dragão? Nem apagou o comentário, embora a remoção do dito fosse contemplada. Comentou antes, assim:
O que define o insulto é a proveniência. Ora, quando o emissor é um filho da puta contumaz, o receptor só se pode sentir homenageado. Por conseguinte, elogie-me para aí à vontade.
Consegue distinguir o estilo, Pacheco Pereira?
Publicado por josé 21:31:00
36 Comments:
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
"O tabaco foi responsável por custos na ordem dos 434 milhões de euros em internamentos hospitalares, medicamentos, consultas e exames, só em 2005, segundo uma estimativa divulgada ontem pelo Infarmed. Se os fumadores portugueses largassem o vício, poderiam ser poupados cerca de 144 milhões de euros, dos quais 64 milhões em internamentos e 80 milhões em cuidados ambulatórios."
Estes estudos são um espectáculo para não chamar outra coisa. Estes estudos são um espectáculo para não chamar outra coisa. Imagine-se que “o Estado, segundo o Boletim de Execução Orçamental de Dezembro de 2003, arrecadou cerca de 1220 milhões de euros com a venda de cigarros. Ou seja, dos 1593 milhões de euros envolvidos, 76,5% foram parar aos cofres públicos (ler aqui)". Retirando-se 434 milhões sobram 786 milhões. Acabando com o tabaco, lá se teria de aumentar os impostos ao povo para arrecadar os 786 milhões.
A meu ver, um Blogue é uma publicação e não um simples diário íntimo e pessoal.
Depois, há uma enorme diferença entre o publicar opinião e o publicar a calúnia, i é., uma coisa é que eu torne público o que penso sobre uma determinada matéria, quando dou o meu ponto de vista sobre determinado assunto, não ofendendo terceiros porque penso de forma diferente, outra coisa, é o que escrevo acerca da vida de pessoas, com base em boatos, suspeitas caluniosas, contribuindo, desse modo, como veiculo do boato e ou da calunia.
Sobre os comentários: - o Autor do blogue tem a faculdade de os inibir ou administrar antes de serem publicados. Assim, e porque o autor é responsável pelo difundido no seu espaço cibernético, também acumula, digamos assim, a responsabilidade dos autores dos comentários no seu sitio.
É uma responsabilidade solidária e não subsidiária como alguns (erradamente) julgam ser.
As pessoas também têm direitos. Logo, há que os harmonizar, de modo a que, ao exercermos a liberdade de expressão/opinião não haja lugar a colisão de direitos. Porque, se há colisão, e não podermos harmonizar, de forma a que nenhum dos direitos perca a sua eficácia, então, teremos que dar a primazia, neste caso, às pessoas (Os direitos de personalidade são absolutos, impõem dever geral de abstenção a todos os outros.).
Já estão a ver, então, quem ganha!
Há limites para aquilo que muitos, uma vez mais erradamente, chamam de liberdade de expressão.
Este comentário nada tem a haver com o caso (actual) do bloguista ABC, pois na minha, muito humilde, opinião, e pelo dado a conhecer, nada publicou de calunioso ao Sr. Sócrates, já sobre os comentários aos seus escritos, no blogue doportugalprofundo, tenho, sinceramente, muitas dúvidas.
P. S. - É ALGO A QUE DEVEM OS SRS. BLOGUISTAS PRESTAR A MAIOR ATENÇÃO, PELO MENOS A PARTIR DE AGORA.
Ainda que eu não tenha nada a ver com isso
";O)
http://braganza-mothers.blogspot.com/2007/06/o-pacheco-pereira-uma-pessoa.html
isto é mais ou menos um "shuffle" de tudo o que aqui é dito, mas noutra perspectiva. Em sintonia quanto aos comentários, though.
Para mim, é o mesmo que um director de um jornal permitir a publicação de cartas desse género no seu jornal e ficar ileso de qualquer responsabilidade.
comparar um jornal em que se recebe uma mensagem que se edita e um blog em que o autor não controla directamente o que se escreve, não tem sentido.
Ou tem: no caso dos blogs dos jornais, os comentários, por vezes são escabrosos. Já leu?
Por mim, os comentários com insultos, de proveniência anónima, valem zero. Zero é o que valem e quem lhes dá importância genérica, estraga a ocasião de dar importância a um ou outro que podem ser verdadeiramente perigosos.
É esse trabalho de distinção que é preciso fazer. Só isso. Parece-me que é isso que se faz por aqui, neste blog. Porém quem admninistra não pode estar sempre em cima do acontecimento. É o risco que para mim, vale a pena correr em nome da liberdade de expressão generalizada e sem travão de maior.
Fico satisfeito, no entanto. E nem sei bem porquê, mas pressinto que a noção de estética política e ética, passa pela honestidade.
Ora disso, vê-se pouco e lê-se ainda menos, por aí.
Estou a ser presunçoso? Claro. Estou mesmo, pode crer.
Mas o que foi que se passou de novo que não se tinha passado antes que fez com que JPP se mexe-se incomodado na cadeira ou no sofá? Desde há anos que na Internet anónimos ou conhecidos, achhicalham Pátrias, presidentes nacionais e estrangeiros, Deus, a Monarquia, a República, Fátima, e nunca isso tinha feito JPP lembrar-se de um lápis azul digital, de responsabilizar quem achicanlhou ou deixou achincalhar.
Só que desta vez os anónimos, que afinal são o Povo usando a internet, achincalhou o poder político com tal violência e asco que JPP percebeu, e bem, que é todo o sistema político corrupto português que está posto em causa. E eis que o político intelectualmente correcto se vai aliar ao mais arrogante e prepotente primeiro ministro desde há uma geração que se agora se lança raivoso e vingativo sobre quem lhe apontou imposturices.
Relembro agora a JPP um episódio da nossa históra, porque ao contrário do que se diz a história repete-se e também ensina o futuro. Nos anos que antecederam a expulsão dos espanhóis de Portugal, a única forma que o Povo teve para contestar o domínio estrangeiro foi o panfleto anónimo. Atribuiu-se até a um tal Manuelinho, um louco, a autoria desses panfletos. Bem se retorceram os esbirros do Felipe, bem que perseguiram e amarfanharam os portugueses, mas ainda assim acabaram expulsos e vencidos.
O autor do blog não controla imediatamente mas pode controlar depois. Se nada faz, está a ser conivente.
Daí, haveria então três opções: ou se extinguem os comentários - a opção do pacheco - ou se tem um emprego a tempo inteiro - coisa que o António, por acaso, até vai fazendo, na medida do possível - ou então contrata-se alguém para fazer essa "higienização".
pessoalmente, pelo meu próprio estilo, detesto higiene mental e intelectual (prefiro focar-me na higiene pessoal; a outra, para mim, não existe, é um moralismo subjectivo tal como qualquer outro).
meu caro josé: de forma alguma estaria a sugerir que o josé tivesse "copiado", note-se - sou bem menos presunçoso que isso. Era exactamente no sentido oposto que o dizia: eu é que fiquei contente por estarmos em sintonia.
Ali, naquele espaço, e falo por mim, não se pretende "fazer política" séria, e muito menos com higiene. "Mais vale rir, que chorar". E eu sou o verdadeiro cigano de feira, mas olhe, pelo menos, orgulho-me de não dar erros ortográficos, já que o meu nome verdadeiro não conta para mais nada excepto para a possibilidade de um processo judicial.
Então o seu argumento é de que não há tempo para apagar as carradas de insultos do mais escabroso que são para lá atiradas. Está bem.
cada um sabe de cada qual, e justamente por isso é que não concordo com que os outros queiram ditar leis que restrinjam a minha liberdade de poder ser insultado.
:)
E a liberdade dos outros de não o ser, onde é que fica?
Com efeito, e pese embora a liberdade de expressão se situe no âmbito de matéria da competência legislativa reservada à A.R., ou muito me engano, ou não tardará muito e teremos o Executivo/Legislativo a pensar sobre isto ...
Os que defendem que o autor do blog deve responder , tal qual responde um director de jornal, p. ex.,esquecem que a própria Lei da Imprensa só o responsabiliza se se provar que teve conhecimento da notícia injuriosa e que apesar disso, nada fez ,podendo fazer, para evitar a sua publicação.
Num Blog, a par de um espaço onde são colocados textos do autor(es), existe outro espaço onde são introduzidos textos da autoria de terceiras pessoas.
Por vezes, não poucas, estas últimas, até para o próprio autor do blog são ofensivas, ou , pelo menos, pouco cordatas ou educadas.
Deverá o autor remover todos esses comentários?
Seria então um espaço definido "por aquilo que eu autor do blog escrevo e onde só comenta quem eu quero e como eu quero, porque a comentar de modo que se não goste, então não lhe resta espaço para comentário..."
Porque é que o autor do blog há-de funcionar como censor daquilo em que não pensou, não escreveu pessoalmente e nem sequer subscreve, já que se apresenta num espaço que não é claramente seu?
Mais, quem é que dá "importância" de ofensa ao que diz um anónimo que nem a dignidade de assumir o que diz revela?
Mesmo compreendendo o valor da protecção da honra alheia, a ideia de transformar o autor do blog em censor, parece-me, meus senhores, com todo o respeito, não cai bem ...
Uma solução possível seria a de em casos extremos, o autor fazer seguir ao "comentário injurioso" um de sua autoria em que tornasse claro que não subscrevia o que naquele outro fora dito.
Saudações a todos.
Eu gostaria de aceitar a boa-fé destas pessoas, mas não. Não aceito, porque me parece simples hipocrisia.
E porquê?
Porque não há ninguém que seja normalzinho da silva que se chateie de modo a exigir procedimentos censórios ou criminais, por causa de palermices ou insultos anónimos, mesmo soezes, em lugares como este.
Estes sítios da blogosfera ainda permitem o contraditório imediato e a defesa da honra também. Por outro lado, quem insulta anonimamente, vale zero em consideração ou ainda menos que isso.
Por tal motivo é que dou valor ao método draconiano: remoção pura e simples no caso de ser lixo; ou gozo com o contumaz.
Ir para além disto, começa a cheira a outra coisa. E não se chama liberdade.
Lembro-me de uma vez, no Blasfémias, alguém ter feito um comentário à cerca da sua identidade e você ter exigido, se não me engano, através de email ao autor do post em causa que fosse retirado de imediato esse tal comentário.
Pergunto-lhe: o que faria se não o fizesse?
Também não sou defensor de que se deve a apagar tudo o que não pareça bem na blogosfera, mas, também é verdade que há casos e casos. Veja-se por exemplo o que aconteceu no passado com o jornalista MST acusado de plágio que tentou accionar os bloggers autores da acusação. Não foi perfeitamente legítimo?
"não concordo com que os outros queiram ditar leis que restrinjam a minha liberdade de poder ser insultado"
E a liberdade dos outros de não o ser, onde é que fica?"
fica, portanto, nos blogues de cada qual. :)
O que se passou foi que no Blasfémias o CAA andou a caluniar a GL e o José dizendo que difamam e lançam boatos acerca das pessoas e que, ainda por cima, o faziam a coberto do anonimato.
Isso tudo aconteceu no seguimento de uns disparates em que o CAA se espalhou ao comprido. Por revanche decidiu perseguir o José e a GL.
Acontece que isso era falso e o CAA até conheceu o José numa daquelas sessões do "Café Blasfémias" onde se apresentou a todos.
O CAA continuou com essas palhaçadas insistindo depois que já na altura em que ele se apresentou desconfiou da intenção e achou que era uma forma de "branquear o anonimato".
Estas anormalidades só acabaram no dia em que o Manel foi lá e esclareceu ainda mais. Que o CAA até lhe enviava sms de boas festas e almoçara com ele.
Foi isto. Nunca o José pediu para que fosse apagado nada. Tenho a cópia desses comentários e respectivos links. Ainda está tudo online.
Foi um bom exemplo como "o anonimato" tem as costas largas quando muitas vezes quem usa o nome é que nem tem vergonha na cara.
Ninguém é dono do ar por onde eles circulam. Quem quiser queixar que se queixe.
Nesse caso, a presença do dito insulto ou calúnia até pode servir de prova.
No caso do CAA é mesmo isso que se passa. Enquanto as mentiras e calúnias que lançou estiverem online ou copiadas por outros bloggers ninguém lhe dá crédito.
E a visibilidade destas tretas é mínima. Teria a sua piada fazer um inquérito aos portugueses acerca de boatos e difamações e perguntar-lhes se conheciam as "caixinhas de comentários da blogosfera".
Aposto que ia ser uma revelação nacional- esse resultado de ideia mais bacoca
";O)
Num programa foi confundida a GL como sendo o "Muito Mentiroso". Quem disse isto não o fez a coberto do anonimato. É jornalista e devia informar-se antes de lançar suspeições públicas deste calibre.
Por acaso não vi ninguém (muito menos o JPP) indignado com o caso.
Pedi, exigindo aquilo que julgo ter direito como qualquer um o terá: manter o anonimato.
Fui atendido, nesse pedido passadas algumas horas. Quem leu, leu.
Aliás, nesse triste episódio do Blasfémias, identifiquei-me ao dito Carlos Loureiro e expliquei que tinha o direito ao anonimato.
Pode alguém perguntar o que faria se não tivessem atendido ao pedido...pois nada poderia fazer, acho eu.
De resto, quanto a esse episódio julgo-o sanado, embora tenha ficado com uma ideia melhor, de certas pessoas.
Costumo dizer que há males que vêm por bem.
Mas...também na blogosfera há uma ética e quem a não respeita, fica assim mesmo: identificado como desrespeitador e de algum modo descredibilizado. Tal como um jornalista a quem se aponta um erro grave e depois mais outro e aseguir ainda outro.
A consequência? Depende: se for no 24 Horas, passa a dirigir o jornal. Se for no Público, talvez haja mais algum cuidado. Mas não tenho bem a certeza.
Também tenho a ideia que é nestas alturas que as pessoas se definem.
No meu caso costumava retribuir identificação por mail, quando alguns bloggers (identificados) se me dirigiam dessa forma.
Aconteceu-me precisamente algo idêntico. Uma pessoa em quem depositei confiança fornecendo o meu nome, aproveitou o facto para o colocar publicamente online, no meio de um debate político em que estava a perder terreno.
Por acaso só foi parte do nome porque não lhe forneci mais. Mas até atirou com ele, como prova do meu "semi-anonimato", queixando-se que não sabia mais nada de mim, para além de amizades comuns que até tinhamos.
Maior gaffe não podia ter cometido
ahahaha
Normalmente estes interesses por identificação até nem passam disso-
gosto que terceiros se exponham, de forma a que possam abusar da sua privacidade. Porteirice encapotada de preocupações "éticas".
ahahahahahahaha
Um dos últimos a fazê-lo, foi o que escrevia sob o pseudónimo Politikos.
Pediu-me esclarecimentos sobre um postal acerca de um assunto em que mencionava certas matérias.
Dei-lhos. Agora já sabe quem sou e o que faço.
":O))))))
Já tenho saudades de uma boa discussão com o Macguffin. E para lhe lembrar aquelas velhas teorias sobre a paz no Médio Oriente...ahahahah!
É que isto do chazinho tem muito que se lhe diga.
Na verdade, entendo perfeitamente quem nunca o faça. Caso do nosso amigo Timshel, com quem me dou há vários anos.
E não atrasa nem adianta chamar-lhe Timshel ou Zé Maria Vá com Deus...
":O)))