Os amanhãs ainda cantam?

"Mas , com o fim da URSS, com o desaparecimento de Álvaro Cunhal, que era um estrratego e um teórico, deixou de haver no PCP um horizonte compatível com a actual realidade. Continuar a falar no comunismo como se falava antes, na sociedade socialista como se visionava, no marxismo-leninismo como cartilha que se usou durante tanto tempo, no centralismo democrático sem um upgrade muito grande é, de facto, um comunismo de sociedade recreativa".
Raimundo Narciso( ex-dirigente do PCP, expulso em 1991) , em entrevista ao Sol , de hoje.

Publicado por josé 11:56:00  

2 Comments:

  1. pandacruel said...
    Tenho para mim que não é fácil perseguir a ideia de homem novo, cujas aproximações já vêm de há milénios. Sucede, porém, que muito me admira sempre que qualquer cidadão refaça consciência num tempo que, para muitos outros, não mais dotados, é de algum modo tardio. Morreu muita coisa - aqueles desfiles, por 4exemplo, limpos, muito mais belos, ao de longe, do que a «neve» que acabo de ver, ao perto, na Rua 31 de Janeiro, lá onde sangue correu pela República, em finais do XIX. O comunismo não está a dar por que foi esfrangalhado - ou terá nascido manco? É que nem a social-democracia está vitalizada. Ora, a quem militou, não basta dar sinal dos enviesamentos, para que se erga de modo doutrinariamente credível, além do lamento ou da revolta - seria preciso dizer: ok, talvez seja melhor, então, ir por aqui...
    josé said...
    O comunismo enquanto ideologia e prática sempre me interessou, como objecto de análise de fenómenos sociais. Explico:

    Antes de 25 de Abril de 1974, toda a gente por aqui, em Portugal, e que quisesse saber, estava alertada para o que o comunismo significava.
    Sabia que os regimes comunistas perseguiam quem não pensasse como eles; sabia que nos países comunistas não havia partidos, para além do comunista; que não existia direito de as pessoas se reunirem livremente e que havia polícia política e censura nos órgãos de informação e ainda que não se entrava nos países comunistas à vontade, nem de lá se saia também.

    O panorama era exactamente como por cá, em Portugal, com uma diferença: por cá havia liberdade de empreendimento e as relações de trabalho eram próprias do capitalismo temperado pela doutrina social da igreja.

    Espanta-me sempre quando penso de que modo foi possível ao partido comunista, nos anos setenta, convencer e ludibriar tanta gente durante tanto tempo.
    Já sabemos que continua a ludibriar alguma gente este tempo todo, mas tanta, durante muitos anos, para mim, parece-me incrível.

    É por isso que vou tenta comparar os regimes, quando tiver tempo, com exemplos práticos ilustrados.

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