Poor boy blues

"Acho que nunca usei um ponto de exclamação. Tenho objecção de consciência aos pontos de exclamação. Geralmente, a mais leve aparição dessa sinalefa me desanima a ler determinado texto".

Este pequeno excerto, de uma crónica de Pedro Mexia, no Público de hoje, causou-me o mesmo efeito que as tais sinalefas, ao autor: desisti de continuar a leitura encetada, com esperança de encontrar, por uma vez, algo diferenciado do estilo do Miguel Esteves Cardoso.

Se há pequenos cronistas, autores de textos curtos e de graça que por vezes me apetece ler, um deles é precisamente Pedro Mexia. Com esta do "me desanima", fico mesmo desanimado e a pensar na música de Barclay James Harvest, um grupo inglês de "rock progressivo", que nos anos setenta se esforçava seriamente por se parecer com os Moody Blues. E por vezes, lá chegava. Por exemplo, em Mocking bird.

Publicado por josé 11:23:00  

3 Comments:

  1. Carlos Medina Ribeiro said...
    Também li o texto em causa e achei-o disparatado - talvez por estar a reler, neste momento, «Os Maias»...

    Pr sinal, é o mesmo Eça que, na sua famosa carta a Pinheiro Chagas, nos dá a explicação para a existência de crónicas como essa:

    Se o rapaz da tipografia está à porta, à espera do texto que tarda, desanca-se o Bei de Tunes, mesmo que ele não exista.
    Carlos Medina Ribeiro said...
    A propósito do eventual comentário «Há gostos para tudo», não resisto a referir que um cavalheiro escreveu um livro com uma característica especial:

    Do princípio ao fim, o texto não tinha uma única letra "E" - à excepção da que constava no nome do autor.

    O curioso é que a tontice teve um seguimento divertido: um tradutor consguiu fazer uma versão noutra língua em que uma outra letra (já não me lembro qual) estava também ausente.
    Carlos Medina Ribeiro said...
    O livro que atrás referi intitula-se «La Disparition», e o seu autor é Georges Perec(1969).

Post a Comment