confiança e respeito

No fundo, é como nos casais, na relação eleitor/eleito trata-se tão só e apenas de confiança e respeito. O 'resto' até pode ser muito bom, mas no fim, mais dia menos dia, é só a confiança e o respeito que contam, porque é só isso que pode ou não ficar. A perdição de José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, o tal que não é arguido ou suspeito no seu percurso académico do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade, não foi o que fez ou deixou de fazer no âmbito da questão Independente, é antes a dúvida insanável que alimentou nos últimas semanas, mal aconselhado, por manifesta arrogância, falta de humildade, sucessivas ambiguidades e erros de avaliação, associada ao desejo incontrolável de querer moldar a realidade a seu bel-prazer. E essa dúvida reduz-se inapelavelmente numa questão de confiança e respeito. Exagero ? O insuspeito Paulo Gorjão, ao mesmo tempo que perora sobre a inversão do ónus da prova já vai dizendo que agora "evidentemente, não mete as minhas mãos no fogo por José Sócrates", e David Dinis, que conhece melhor que muitos os bastidores do poder, diz tão somente isto ...

Mariano Gago acabou de decretar o encerramento compulsivo da Independente. Face ao cenário montado, era a única opção nas suas mãos. Mesmo que a universidade cumprisse todos os requisitos, só assim a idoneidade do Estado ficaria imune a críticas. Agora, a bola está nas mãos do primeiro-ministro.
Simplesmente mortal.

Publicado por Manuel 13:17:00  

3 Comments:

  1. josé said...
    Achei piada a estra frase:

    "A comunicação social continua sem encontrar nada -- repito, nada -- que lhe permita inferir sem margem para dúvidas que José Sócrates não «agiu sempre de forma limpa, leal e legal».

    As dúvidas são sempre um óbice de monta para quem as não quer ter.
    pandacruel said...
    O problema que se me põe há anos é este:
    - votar, objectivamente, neste ou naquele partido, serve para quê? Se for para arredar o que está no poder é alguma coisa, mas é pouco;
    - o discurso na oposição não é o mesmo que se tem quando se está no poder - mas o respeito pelo Estado e pela Nação devia ser o mesmo, em qualquer circunstância;
    - a ânsia de certificar pessoas tb. acontece na Holanda - não importa a qualidade, importam os diplomas - para varrer ruas, limpar vidros, vender espaços de meretrizes com mérito e eventual cotação na bolsa, etc. Tirar MBA em Espanha parece não ser difícil, tb. - tudo isso é sabido. O desgraçado que quer ir pelo caminho mais difícil que o faça, mas o que escolhe a facilitação na lei não é burro.
    Então onde está o problema que hoje nos atormenta? É o mesmo de sempre, no nosso país, ao menos - a vaidade e o querer fazer passar gato por lebre, uma mistura explosiva que raramente resulta - estarei enganado? Evidentemente que sacrificar um ou dois resolve a convulsão catártica mas não resolve o problema de fundo.
    josé said...
    O problema real, actual e premente, cuja resolução se coloca a este nosso país, quanto a mim, é relativamente simples de enunciar:

    Como havemos de escolher pessoas que nos saibam governar, segundo princípios e regras consensualmente aceites?

    Este sistema político-partidário conduz a isto que se torna de uma gritante evidência:

    Um qualquer chico-esperto pode alcançar o poder e tornar-se demasiado poderoso, sem que haja válvulas de segurança no sistema que o possam arredar.

    Vamos a ver se neste caso, as válvulas de segurança funcionam ou já estáo todas enferrujadas.

Post a Comment