A grande barrela
sábado, março 24, 2007
As extraordinárias revelações do professor Arouca, ex-futuro reitor da Independente, sobre o estranho fenómeno dos documentos curriculares dos alunos da universidade, terem ido parar à mão de um misterioso Maneta, suscitou a esta Loja curiosidade de investigação. Assim, estamos em condições de adiantar algumas pistas.
Após aturadas buscas de alguns minutos, nos confins da internet (que guarda os documentos por mais do que os cinco anos derradeiros, antes das grandes barrelas), estamos em condições de apresentar a foto do suspeito número um:
De seu nome Bill Raisch, era ele o verdadeiro Maneta da série O Fugitivo, que no final dos anos sessenta passou pela tv portuguesa.
Luís Arouca, o reitor que foi e ainda poderá vir a ser, deve lembrar-se bem do magano...
Outro suspeito apontado algures, seria este. Mas não tem grandes hipóteses: não é dos anos sessenta...
Publicado por josé 17:28:00
Isto só em versão de tragi-comédia; palavra...
»»»»ex-futuro reitor da Independente»»?
Da mesma forma que Paulo Portas será Presidente do CDS/PP???
Ahahah!
É que gostava de as acrescentar ao meu curriculum...
WWW.MOTORATASDEMARTE.BLOGSPOT.COM
Diria assim:
Fiz um bacharelato mixuruco em 1979. Estudei pouco, mas sou inteligente até dizer basta e para isso apresento colegas e amigos que me ajudaram e eu ajudei neste percurso político no partido.
Depois, em 1995, quando se perfilou a perspectiva de entrada no governo do Guterres um bom serás que alinhou em muita aldrabice, fiquei com a pulga na orelha, porque ser governante e não poder ser tratado por título de academia, mesmo modesta, não se usa em Portugal.
Tentei assim, perfazer o curso de engenharia técnica, para o qual já tinha algumas bases.
Tal como centenas ou milhares de outros engenheiros técnicos que por aí andam a intitular-se engenheiros de faculdade, o meu Instituto sabia-me a pouco.
Assim, procurei obter a almejada licenciatura.
Mas como o iria fazer, se em 1995 a azáfama no Ministério era já muita?
Aqui, para desfazer este mistério, entram os jornalistas coscuvilheiros, porque a versão de Sócrates, não condiz com a lógica das coisas.
Um drama.
Diria também que para ser mais rápido e poder chegar a ministro não podia continuar à espera da demora em tanta cadeira que o ISEL exigia.
Depois, chegado ao poder, tinha ali um colega mesmo à mão que até podia ser prof e um reitor mesmo ao pé e pronto, simplificou-se a coisa em horário nocturno de Secretário de Estado.
A ver se no ano seguinte não chegou a Ministro. Depois bastou uns pozinos de pós graduação, que, afinal parece que era pré e à pressão e a ver se não chegou a Primeiro.
Assim:
Todos os dias chamamos de "Eng.º" Engenheiros Técnicos, que fizeram um bacharelato e nunca, claroi, se inscreveram na ordem dos engenheiros.
Ele são os Eng.ºs electrotécnicos (proliferam nas CM), ele são os Eng.ºs mec^`anicos (profileram na DGV), ele são os Eng.ºs civis, que cada vez mais saem dos politécnicos, sendo que, têm ao seu alcance, hoje, uma licenciatura (bietápica) mais que fácil.
JS foi tido por "Eng.º" Técnico proveniente do ISTEC (Coimbra). Bem melhor do que a maioria dos politécnicos, portanto. Não digo isto por a minha formação inicial ter sido feita em Coimbra (ou será que sim?:)). Bem, adiante.
Dizia que, todos os dias chamamos de "Eng.º" esta gente.
O problema de JS (que detesto) foi, não ter assumido e afirmado esta particularidade. Só ganharia com isso. Isto em termos pessoais.
Até porque, e em jeito de parentesis, com o acordo de Bolonha (indevidamente como direi a seguir), daqui a pouco, toda a gente em 3 anos, será dr. ou eng.º.
Depois, em termos de colectividade, temos a vergonha das Universidades privadas.
Vou por isso, falar um, pouco da origem do Dr (= lic. em Portugal):
É uma abreviatura do termo Doutor, indevida, diga-se, já que se chama dr. aos lic. e, tal foi concedido, apenas, por despacho régio de D.ª Maria, aos médicos e advogados, eu não sigo assassintatos à lingua mater. Há modernices que não sigo, porque embora surjam por facilidade de adaptação à linguagem corrente, e por isso se aceitem como válidas, não são as mais correectas.
Esses dr's resultam da banalização do título "Dr." conferida por sua majestade a todo o bicho careta que faz uma treta de uma licenciatura e quer ser dr. Até quereriam serem DOUTORES e tudo (se possível na secretaria) ... se pudessem. Por isso é que nos outros países só há Sir, Engenier, Lawer ou designação equivalente, à função, à excepção do Doctor (médico mesmo) e aqui é tudo dr...........)
"E pela Tradição o Alvará Régio, de Maria I, a Pia, de Portugal, no Império de D. Pedro I, forma o Decreto Imperial de 01/08/1825, alterado pela Lei do Império de 11/08/1827, criando o Curso de Ciências Jurídicas e Sociais. Dispõe também sobre o grau de Doutor aos Advogados, declarando neste dia um feriado, que é comemorado até os dias de hoje."
Manoel Santiago
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Cláudio Moreno , esclarece que, no mundo académico, só pode ser chamado de "Doutor" quem cumpriu o doutorado e com defesa de tese. Com relação aos advogados e médicos acredita que deve se tratar de resquício do ensino colonial, quando os jovens com maiores recursos iam à Europa estudar Medicina ou Direito
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Gilberto Scarton , em estudo direcionado para diversas áreas, conclui, com fundamentos legais históricos, que o "Doutor" do advogado e do médico é legítimo, pois, surgiu, se fixou e se mantém por longa tradição, por especial e espontânea deferência dos cidadãos:
"Os advogados
O título de "Doutor" foi outorgado, pela primeira vez, por uma universidade, a um advogado, em Bolonha, que passou a ostentar o título de 'Doctor Legum'.
Estive a ler cuidadosamente o artigo da NYTMagazine.
Muito bom artigo, de um jornalista que por aqui fazia falta, se nós não vivêssemos num país pequenino em que o facto de todos se conhecerem capa a isenção de qualquer um.
O papel de Woodward é apresentado com alguma sobriedade e integrado num esquema que o mesmo nunca sonharia quando era mero estagiário, em 1972. Woodward é actualmente uma superstar do jornalismo americano. A dizer a verdade prefiro outros que não o sejam.
Alguns artigos das revistas americanas, revelam escritas muito mais interessantes.
À medida que fui lendo o livro All President´s Men, percebi uma ética jornalística que por cá não existe, de modo que se conheça.
É por isso que tenho vindo a colocar excertos.
Não compreendi o que disse. Quer dizer melhor?
A possível diferença é terem ou não terem estudado e feito o respectivo curso. Como qualquer pessoa, seguindo os mais simples trâmites legais.
Geralmente, nestes casos normais, costumam lembrar-se do nome dos últimos professores e do orientador da dissertação.
Como também se costumam lembrar que a pós graduação devia vir depois e não antes.
Ou pior, que é mais um preconceito do Sr. Doutor.
Ou estão a zero e nem leram as entrevistas e o Público ou nem sei... Isso é que não entendo.
Como se andasse meio-mundo de tal modo intoxicado pelo descrédito da informação que já nem se seja capaz de destrinçar as coisas.De saber o que é objectivamente da ordem dos factos e o que é da ordem da opinião.
Peço desculpa. Não tive oportunidade de responder e"em tempo".
O que eu queria dizer no fundo é simples.
Um qualquer sujeito Eng.º Técnico, habitua-se a ser tratado por Eng.º. Interioriza que é eng.º No curriculum escreve "eng.º Técnico de .. qualquer coisa". È mais que natural que, depois de fazer a etapa seguinte, do bacharelato para a licenciatura e, ainda que n~ºao faça o exame de acesso à ordemk nem naquela esteja inscrito, continue a considerar-se Eng.º. Isto não me parece grave.
Em boa verdade nem os Juristas, nem os magistrados, nem os inspectores, nem outros do direito deviam ostentar o dr. como equivalente a lic. e no entanto toda a gente o usa.
Um sociólogo é tratado por dr., uma licenciatura qualquer que não me passe agora pela cabeça também.
Grave é o que se passa nas ditas "Universidades" onde esta gente obtém os diplomas; graves são os compadrios entre todos. Naturalmente grave é que o PM de Portugal seja um destes... (sabendo-se no entanto que os há aos molhos, sem a argúcia deste).
(Outros há neste Governo, por ex. CC, que, não ostentando o grau académico de DOutor, pelos vistos o tem, embora também não transpareça facilmente como e onde o obteve (julgo que por equiparação de graduação obtida no estrangeiro sem equivalente em Portugal. O mesmo se passa com o seu título de Prof, desconhecendo-se-lhe qualquer agregação).
De facto n~´ao tenho acompanhado todas as notícias nem a problemática, mas enfim...
Também parece estranho que se obtenha uma pós graduação antes da licenciatura, pois parece. Mas já uma vez referi aqui que numa Universidade Portuguesa há alunos da licenciatura em Medicina, que podem antes do términus desta, fazer um doutoramento em determinada área...
rematar:
A banalização do dr. é de tal ordem que, até JS, qualquer dia, na impossibilidade de poder usar um título profissional (de Eng.º, no caso), "pode", reivindicar para si, por uma questão de igualdade de tratamento (a provar-se ter a tal licenciatura), a utilização do dr. (afinal é licenciado!)
Daí a minha reflexão, que partilhei, sobre a afirmação proferida por Sebastião Cruz.
Depois diga que o que vir, lhe parece a mesma coisa que um engº técnico assumir o título de engenheiro ( que eu percebo o que quer dizer), nesse caso concreto.
Mas a questão é que este é o feed-back que eu recebo. E quer-me parecer que nós é que estamos "fora". Ou seja, como é que se lê uma notícia de jornal?
Se calhar lê-se o título e procura-se saber o que aconteceu. Se não aconteceu nada, ´´e mais uma.
E, a verdade, é que eles é que nos habituaram a que "seja mais uma".
Pode ser tudo- se não há resultado imediato é mais um boato, é mais uma trica, tanto faz.
E, o único resultado imediato era cadeia ali, ao sair de casa.
Eu começo a pensar que por menos que isso ninguém reaje, ninguém quer saber, ninguém acha que precisa de saber ou de pedir contas.
No pasa nada.
Só o António Balbino Caldeira é que não larga. E parece-me suficientemente coriáceo para assustar esta gente.
Digo até mais: tomara que no Ministério Público houvesse nos lugares chave, dois ou três indivíduos como o Caldeira, com o espírito de persistência e cuidado em ligar factos, números e datas e tirar as consequências lógicas que os mesmos revelam.
Quanto ao resto já nem digo nada. É que não é só o não pasa nada, fica tudo a olhar para nós com ar desconfiado. "esta está para aqui com moralismos mas na volta é só para aproveitar a confusão e bater no tipo porque não é dos seus".
Como o jornalismo sério também não existe, quando aparece algo que é factual e não tem seguimento, passa por mais um boato.