Abrantes, sem emenda

O Miguel Abrantes, pode ler-se sempre com a confiança de quem sabe de antemão o que vai encontrar. A câmara, é afinal, uma antecâmara das medidas que correm nos gabinetes das assessorias governamentais. Miguel Abrantes é, com toda a propriedade, um paquete de recados, num blog apostado em cumprir tarefas. O Governo manda, dispõe em lei, projecta em estudo obscuro e Abrantes, obediente e obrigado, recomenda e reproduz, levando a bandeja a servir as receitas e medidas, sempre solícito e obrigado, não tem de quê, senhor ministro e secretário de Estado, pode ser senhor director geral, ai que bom que somos tão democratas, esses fascistas de antanho que ainda não acordaram para o 25 de Abril, andam a precisar de uma lição senhor director, ministro, não é senhor deputado? Essa direita envergonhada anda outra vez com os corninhos de fora, senhor doutor,mas eu sei bem quem são e como desejam o regresso da velha senhora.
Ainda há meses o senhor doutor Brederode dizia que há desentendimentos entre entendidos, mas nós é que somos os tais entendidos que não nos desentendemos e que receberam o testemunho da democracia e por isso temos o privilégio exclusivo do direito ao verbo correcto, não é senhor professor vital, agora dos nossos?
Com que direito e topete, aparece por aí um Cluny, acolitado pelo sindicato dos beneficiários do subsídio de habitação, senhor ministro da justiça que tem sempre razão e quando não tem, eu direi sempre que tem?
Deixe estar senhor ministro secretário de estado da reforma da administração que a nossa maravilha de prace, ainda vai espantar os simplex dos críticos que não entendem o esforço deste nosso governo de mérito valeroso.
O doutor Vital esforça-se sempre para anunciar as maravilhas da governação quando as não pré-anuncia e tem aqui um valete e um valido sempre pronto para o que for preciso: recados, anúncios e bajulice a rodos e de graça.
Quem discorda da nossa ideia fixa e certa, leva com bonequinhos de cartoon, senhor ministro, secretário, director geral que eu sei bem como os arrelio. O Cluny, pimba, é certo que leva sempre que se mete com o nosso ministro secretário de Estado por causa da justiça que está em tão boas mãos. Às vezes com musiquinha a companhar, só para o arrufar. A Cândida, também leva sempre troco, e o resto da pandilha fica por minha conta, senhor secretário ministro director geral, muito obrigadinho que eu fico bem nestes meus cuidados e topo-os à légua. Há para aí também uns juizecos que se atrevem a questionar o nosso belíssimo discurso politicamente correcto, mas eu sei como lidar com esses reaccionários nostálgicos do antigamente. Ficam por minha conta, vai ver já a seguir que eu tenho tempo para isto e para muito mais que me farto de trabalhar neste ofício de inspeccionar contas, por conta do estado que é nosso e da causa que nos pertence.

Publicado por josé 22:33:00  

4 Comments:

  1. zazie said...
    Aquilo é uma coisa impressionante.

    Mas ainda será mais, se não for apenas um palhaço virtual a caluniar quem não veste a camisola.

    Nem sei... será que ele existe mesmo? Que aquele nojo é do conhecimento deles?
    o sibilo da serpente said...
    Andam outra vez às turras, já vi.
    Cosmo said...
    E eu que pensava que as garras do José eram apenas unhas para tocar guitarra...
    Fernando Martins said...
    Afinal, José, o MA é um pouco mais do que, por e-mail, anteriormente dizia (afinal é uma espécie de Vital Moreira pequenino, de trazer por casa, mas com muito saber fazer e muito patois...).

    Boa sorte para a carrada de insultos que para aí vem.

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