full disclosure.

Da última vez, votei em branco, no próximo domingo vou votar não. Dito isto lamento. Lamento a campanha, a indigência da campanha, e dos argumentos, de um lado e de outro. Foi uma campanha cobarde e hipócrita em que nenhum dos lados - em geral - assumiu o que está realmente erm causa - Saber se o direito a abortar (por parte da mulher) é um direito absoluto, ou um direito relativo. Eu, por mim, dando de barato que podem existir razões legítimas e ponderadas, acho que abortar, quanto muito, é um direito relativo, que deve ser usado como último recurso. Há quem confie intrinsecamente na natureza humana - eu não, e a única coisa que se vai obter vai ser a banalização absoluta do aborto como... método contraceptivo e de planeamento familiar. É verdade que o Estado tem falhado ABSOLUTA e redondamente nos últimos anos mas isso não é nem pode servir de pretexto para agora se demitir absoluta e totalmente de tudo e mais alguma coisa. Lamento não ver ninguém discutir políticas de natalidade, quando é sabido, que às médias actuais caminhamos para a insustentabilidade absoluta enquanto sociedade, como lamento não ter visto ninguém assumir que uma boa parte dos abortos 'clandestinos', como as 'amantes', o são não por força da lei, mas por força das 'aparências', e isso não vai mudar, ponto. Por outro lado, é preciso ter muita lata para dizer que o 'sim' resolve o problema de vez, porque não resolve. Um aborto às 10 semanas e um dia é crime, na mesma! Seria preferível não ser tão hipócrita e ter alguma flexibilidade nos prazos, ao mesmo tempo, que se criava uma 'framework' de acompanhamento (médico/social/psiquíco) de quem quer abortar, para evitar a banalização absoluta do método, mas enfim.

Uma última palavrinha para a 'performance' da Igreja Católica Apostólica Romana em todo este processo - Vergonhosa. Não só não tem, entre leigos 'mediáticos' e clero, quem consiga articular uma frase com nexo, como deixou que tudo se transformasse numa feira de vaidades, encabeçada pelo vaidoso-mor - o Cardeal Patriarca. É por estas e por outras que, sendo católico, há muito que deixei de ir à missa. Não tenho (Deus me perdoe) pachorra para ouvir banalidades, quando não disparates. O Ratzinger não resolve tudo, e em Portugal, onde temos uma Igreja de meros 'funcionários', certamente não resolve nada.

Publicado por Manuel 12:45:00  

4 Comments:

  1. IAS said...
    Lá vem outra vez a tese das "amantes". Essa não me tinha passado pela cabeça a ter começado a ouvir como argumento. Lá devem saber...
    Fernando Martins said...
    Assino de cruz no seu texto - e também vou votar não...

    Se se perguntasse se a mulher, após aconselhamento e apoio (médico e/ou de outros tipos, nomeadamente até financeiro se necessário...) podia abortar, então votaria sim.

    Mas há mais dois aspectos que gostaria que fossem ressalvados - a consulta ao pai da criança (se este puder ser ouvido) e as 10 semanas (que, sabendo o que sei do desenvolvimento embrionário, me parece demais, até porque a malta do Não vai transformá-las em 14 semanas, recorrendo a várias artimanhas).

    Assim, como nos é perguntado, Não, obrigado...
    Isabel Magalhães said...
    Caro Manuel;

    Subscrevo o seu post na íntegra. Com uma pequena diferença... da outra vez tb votei não.


    Um abraço.
    I.
    Isabel Magalhães said...
    http://www.un.org/esa/population/publications/abortion/profiles.htm


    Um abraço.
    I.

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