A Mosca

Eu sou a mosca que pousou em sua sopa
Eu sou a mosca que pintou pra lhe abusar
Eu sou a mosca que perturba o seu sono
Eu sou a mosca no seu quarto a zumbizar
E não adianta vir me dedetizar
Pois nem o DDT pode assim me exterminar
Porque cê mata uma e vem outra em meu lugar
Atenção, eu sou a mosca
A grande mosca
A mosca que perturba o seu sono
Eu sou a mosca no seu quarto a zumzumzumzumbizar
Observando e abusando
Olhe pro lado agora! (texto falado)
Eu tô sempre junto de você
"água mole em pedra dura
Tanto bate até que fura"
Quem lhe?
Quem lhe?
A mosca, meu irmão!

Raul Seixas, 1973.

A “mosca”, neste caso, é Marcola, alcunha de Marcos Willians Herbas Camacho, preso por delitos diversos e incontáveis, com pena em prisão de alta segurança, durante os próximos 40 anos. Tem agora 38…e com uma farronca inacreditável, nesta entrevista aqui transcrita, apresenta-se como o anti-cristo da sociedade burguesa ( como dantes se dizia e hoje não se percebe o que seja).

O bandido Marcola, tem todas as marcas do refugiado no crime. O discurso transcrito é semelhante ao dos antigos narco-traficantes sul-americanos, Gacha e Escobar. Com um acrescento de nota: cultiva-se num autodidactismo auto-suficiente. Cita Dante e cita-o por atacado, como se a literatura lhe trouxesse o saber de que julga precisar, para parecer mais inteligente. Dante!
Leia-se. E no fim, lei-se por aqui, como é possível transformar Marcola, num Salvatore Giuliano de favela, apenas manipulando palavras e medos. A entrevista é uma ficção de realismo fantástico...

Publicado por josé 23:22:00  

2 Comments:

  1. Jorge said...
    Caro José,
    A entrevista referida neste artigo é fictícia e foi criada pelo ex-cineasta e agora comentarista político Arnaldo Jabor, conforme você pode ver neste link http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=390FDS002
    Tenho estado atento nas notícias de Portugal através do seu feed e do Cum Granus Salis, ambos têm feito um excelente trabalho. Continuem!!
    josé said...
    Já tinha lido. Por isso é que postalizei, acrescentando que "A entrevista é uma ficção de realismo fantástico..."

    É o que me parece.

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