branco é, galinha o põe
sexta-feira, novembro 10, 2006
Além do que ficou escrito pelo Manuel, talvez seja interessante focar um outro aspecto do problema da comunicação massificada que certos blogs também representam, tornando-se émulos dos jornais que informam, desinformam e opinam.
Um jornal tem uma direcção editorial. Um blog não tem necessariamente e não conheço algum que a tenha.
Ou seja, num blog, quem escreve, subscreve-se pelo que fica dito por escrito, sem que tal implique a responsabilidade colectiva, numa espécie de associação a uma qualquer sociedade em comandita.
Para além disso, quanto aos jornais e colaboradores anónimos dos mesmos, muitissimo há a dizer e a escrever, sem necessidade de convocar estudantes de jornalismo para o debate- embora sejam bem vindos.
O que se passa numa redacção como o Público ou o Diário de Notícias quanto à escolha das notícias de primeira págica e ao destaque nas interiores, onde se apresentam por vezes, sujidades várias, comunicadas por "fontes anónimas" ou por sopradores e olheiros suspeitos?
Como é que um jornal tipo 24 Horas, escolhe notícias para a primeira página?
Que critérios subjazem às escolhas? Como é que se alinham telejornais e notícias na TSF?
Alguns críticos de circunstância que participam em quadraturas de círculo e outros fora, da moda, andam a tentar catar noticiários enviesados e hoje foi notícia a notícia que afinal um denunciador público, chamado Branquinho, deputado da Nação, teria mentido ao denunciar desmandos e manipulação da informação da RTP, a mando do Governo. Foi isso que disseram todos os alinhadores e apresentadores de notícias na nossa tv pública. Ninguém assumiu a acusação publicamente proferida.
Branquinho fica em branco?
Publicado por josé 12:28:00
permito-me entrar na conversa, que tenho vindo a acompanhar com curiosidade e surpresa, e deixar-lhe esta comentário que, prevejo, não será tão curto assim. Apesar da minha provecta idade, não passo de uma daquelas que põe cruzinha no quadrado que indica poucos ‘conhecimentos informáticos na óptica do utilizador’. No entanto, a informática entrou cá em casa relativamente cedo, bem como o acesso à net. Uma das coisas que me fascinou (nessa época em que despertávamos para a interactividade pessoal, não se falava ainda de msn’s nem de skipes quanto mais de blogs e muitos nos rendíamos às potencialidades de programinhas como o ‘irc’) tinha a ver precisamente com essa liberdade intrínseca que se disponibilizava. O mundo podia encontrar-se com o mundo e fora de um determinado conjunto de formas. No entanto, era óbvio que a qualidade desse encontro dependeria da ética individual, como tudo o mais na vida, já que o simples facto de sermos passageiros na virtualidade não acrescentaria nem retiraria absolutamente nada à nossa essência enquanto pessoas. Parecia óbvio que o pseudonimato e o anonimato ‘sem pecado original’ (já que o pressuposto de um ‘nickname’ para além de ser serenamente aceite facilitava exposições pessoais que as formas, ou formalidades sociais, inibiam) iriam ostentar ou mesmo exacerbar, pelas característica próprias a esse tipo de comunicação, a virtude ou o defeito do sentido ético individual.
Só que depois dos sites pessoais, surgiram os blogs e começa, na minha opinião, a assistir-se ao que é um fenómeno curioso. Por um lado, para uma imensidão de utilizadores, o blog substitui o velho diário em dó menor por um novo diário com hipóteses de sol maior, para outros torna-se na janela em que dao asas a facetas inexploradas ou torna-se na viciante folha onde o gozo da escrita salta da gaveta para a ambiguidade da exposição pública virtual e, ainda para outros, passa a ser uma segunda agenda de trabalhos – quer como autores quer como leitores. E é aqui que eu considero o fenómeno curioso, porque o blog, pela sua natureza, não tem de ser isso. Pode ser isso, de acordo com a vontade de cada um, mas não tem de ser isso porque se tiver de o ser, a tal liberdade da não forma, do não formal, desaparecerá. A questão continua, a meu ver, a ser sempre a mesma e tem a ver com a integridade ética de cada um. E ainda que corra o risco de não conseguir explicar-me tão claramente quanto desejava, a forma como está a ser interpretado o blog, trazendo-o para o mundo da formalidade do social, comparando-o com uma publicação (como será o caso de um site), ajuizando-o de acordo com os mesmo códigos comportamentais do social, parece-me ser um erro. Talvez de paralaxe, mas um erro, a meu ver. Apesar de todas as enfermidades que os vírus da falta de ética possam causar, se quem lê e escreve um blog o fizer com a mesma atitude com que lê e escreve num site ou numa publicação ou intervém em qualquer meio de comunicação social, está, na minha opinião, a perverter e, portanto, a retirar a razão de ser destes novos formatos de expressão.
Apesar de, por razões óbvias, compreender perfeitamente o que escreve Coutinho Ribeiro, estou muito de acordo com o que aqui o José tem deixado dito.
E como dizia a zazie, se continuarmos a fazer certas confusões, ainda incluímos os blogs nos curricula académicos...
Saudações blogosáuricas