Antes
sábado, agosto 05, 2006
No princípio não era o verbo
mas o antes. Ditoso
não-lugar onde nenhum mantimento
era necessário. Mesmo isso
a que chamam palavras, cadeias
servis de contágio e contagem,
não tinha qualquer serventia.
Era muito antes da cisão
da luz e da treva e
da fábula fatal de qualquer
existência. Muito antes da
invenção maligna de Cronos e
de outros princípios divinos. Muito
antes do negro e do branco,
do bem e do mal, do macho
e da fêmea.
Desnecessários eram,
por inúteis: searas e ceifeiros,
rebanhos e pastores, senhores e servos,
possuidores e coisas possuídas. Antes,
muito antes
do amor, do sangue e da sede, antes
da viagem, antes da subida, antes
do declive. Desde sempre
muito antes da morte.
Publicado por contra-baixo 18:57:00
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Dedicado à Diana F.
Em Haifa, as criancinhas de Israel aprenderam com os pais a, sempre que vissem uma estrela cadente, pedir um desejo.
Em Baalbek, as criancinhas do Hezbollah aprenderam com os pais a, sempre que vissem uma estrela cadente, pedir um desejo.
Em Tiro, as criancinhas cristãs aprenderam com os pais a, sempre que vissem uma estrela cadente, pedir um desejo.
Hoje, noite de 6 de Agosto de 2006, todas pedem o mesmo: as primeiras, a Jeová: as segundas, a Alá, as terceiras, a Deus. Todas imploram uma coisa simples: que ela não lhes caia em cima, durante um sono desprotegido...
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