A Grande Loja na Sábado

A revista Sábado desta semana, num artigo assinado por António José Vilela e segundo tudo indica, à revelia do visado, biografa Alberto Pinto Nogueira, magistrado do MP que assumiu o cargo de procurador-geral distrital do Porto, para o qual foi eleito no CSMP.
O texto, com alguma graça, diga-se, vai um pouco além do jornalisticamente correcto e assimila o novel PGD do Porto a esta Grande Loja, a que chama um “blogue de justiça”. Ora bolas!
Este blog é tanto “de justiça”, como o são alguns outros que têm merecido o desvelo e atenção de certas críticas que por aqui vão passando….com uma diferença que me parece de vulto: enquanto nos blogs, abruptamente em causa deles, se escrevem postais breves e sucintos a zurzir sem grandes fundamentos os “do costume”, por cá tenta-se sempre dizer porque é que se escreve o que se pode ler.
Quanto ao visado, os seus textos ainda estão por cá, e podem ser lidos. O que o mesmo disse de substancial, no discurso de posse como PGD, julgo que já o tinha escrito, por aqui, incidentalmente.
Aqui fica o artigo, porque hoje é Sábado:

"Já conheço esse paleio"; "Sim, sim, vá despache-se"; "Não digo a minha idade"; "Como é que caí nesta?!" Assim dito, parece alguém a despachar um incómodo vendedor de enciclopédias, mas é apenas a boa disposição, talvez disfarçada de enfado, ouvida pela SÁBADO quando falou ao telefone com o novo procurador distrital do Porto. Alberto Pinto Nogueira, 6o anos completados emAbril, tem fama- ele próprio a reivindica - de não ser um magistrado convencional. "Corro por fora", gosta frequentemente de dizer, antes de completar que o faz há 3o anos.
Avesso a entrevistas, parece um miúdo irrequieto numa consulta de dentista. "Só se devia falar quando se tem algo de substancial para dizer, senão mais vale estar calado", sentencia, manifestando-se cansado pelo "paleio" de quem o aborda e quer saber coisas da vida do miúdo de Canidelo, Vila Nova de Gaia, que nasceu numa família onde o pai (falecido há cerca de dois anos) trabalhava numa estamparia à beira Douro. "Sim, fui um bom aluno, mas não tenho vaidade nisso", afirma.

Enquanto a mãe, Elvira, preenchia latas de conserva numa fábrica de peixe e os dois irmãos, Belmira e Vítor, iam fugindo do caminho da escola, Alberto abreviava anos lectivos ancorado em bolsas de estudo. "Gostava tanto dos livros que ainda hoje os lê meio fechados para não os estragar", recorda um membro da família. 0 menino "caladinho", o oposto do irmão Vítor, dois anos mais novo e hoje dono de um armazém de tecidos, veio para Lisboa, estudar na Faculdade de Direito, com o patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian.
"Fui depois para o Ministério Público, porque era o curso mais barato", diz. Pinto Nogueira está também pouco interessado em falar dos casos judiciais que o marcaram, processos desafiadores, aquilo que fez e o que não o deixaram acabar quando integrou, nos anos 8o, a efémera Alta Autoridade Contra a Corrupção. Ou de uma vida de 2o anos na Procuradoria Geral Distrital do Porto, onde chegou a contrariar (antes de decidir afastar-se)decisões de colegas no processo Apito Dourado. Na sua tomada de posse, que ocorreu na sexta-feira passada no Tribunal da Relação do Porto, voltou a falar de corrupção e de que o "vale de lágrimas da falta de meios" não serve para a combater. Perante Souto Moura, que não o queria no lugar, assumiu o estatuto de dissidente e disse alto e bom som que o Ministério Público não é coutada de ninguém , nem dos que lá lá estão.
Pai de dois filhos, Joana e Rui, casado com uma professora de História, o magistrado assume que gosta de estar em casa a ler ou de passear no Parque da Cidade. Tristes são estes tempos que não lhe permitem dizer por quem torce no futebol ("Não sou bairrista"). Dizem dele que cultiva o humor, "às vezes de uma forma desastrada e com algumas consequências". Será por isso que agora a sua escrita deixou o blogue de justiça Grande Loja do Queijo Limiano?

Publicado por josé 13:06:00  

14 Comments:

  1. zazie said...
    Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
    zazie said...
    (engasguei-me)


    ehehehe das maiores catástrofes desde de 1755, diria mesmo.

    E o sniper com essa psico-análise definitiva que arquétipo é que se atribui?

    ihihi

    vocês são tão engraçados
    ia jurar que nem sabe o que diz

    mas enfim...

    ":O)))
    zazie said...
    o papagaio do meu bairro também tem tiradas destas



    ":O)))
    josé said...
    sniper:

    c´mon! A menção abrupta é de riguer num blog como este. É preciso escolher os adversários e aquele vem mesmo a calhar.
    É arrogante, presunçoso e sem pinta de humor; aparentemente e por vezes, quer passar pelo que não é e por isso é a vítima ideal de blogs como este. O outro, como está bom de ver, é o da causa oficiosa.
    E não é por escrever com pseudo pseudónimo que escrevo do modo que não lhe tem agradado, nessa putativa fixação.Fá-lo-ia do mesmo modo se pusesse o nome todo. Quando muito apararia uma ou outra expressão, sendo certo que não pretendo ofender gratuitamente, mas apenas incomodar e confrontar com o que esses indivíduos escrevem para influenciar o público.

    Se assim não fosse, quem é que teríamos para nos alegrar as leituras bloguísticas?
    O bloguítica? Ora, ora. Os originais são sempre melhores que as imitações.

    Agora mais a sério: deixe lá que a fixação abrupta é apenas um epifenómeno passageiro.
    Sabendo que não aprecio o sujeito pelo que escreve, deve dar-se um desconto para o que escrevo.
    Cada um que analise e aprecie e , já agora, fazendo como V., critique.

    Quanto ao resto, agradeço, claro a simpatia que me remete por escrito.

    Mas há uma coisa que agradecia que não esquecesse: não há daqui deste lado, acinte seja para quem for, mesmo que possa parecer.
    Há um estilo e quem não gostar, paciência. Se não tiver quem leia o que escrevo, também não vou lamentar feito calimero.
    Isto no fundo,não passa de um divertimento, mesmo com algumas coisas sérias. Mas quando é a sério, costumo assinalar.
    Cosmo said...
    "
    Relativamente ao PGR, com franqueza, este PGR foi das maiores catástrofes que aconteceram a este país.
    "

    Grande argumentação!
    A uma pessoa assim iluminada só peço humildemente que seja complacente com a quantidade de bestas que somos todos nós .
    Cosmo said...
    (Mudei de nome para me dirigir a si),

    José,

    Tambem deu uma gargalhada com aquela anedota velha de 7 anos dos "atestados de Guimarães"?

    Mas depois fiquei triste. A Justiça não deveria ter graça.
    Cosmo said...
    Zazie,
    Ainda escreve em quatrocentos blogs?
    Gostava que me recordasse alguns. É que a leio com prazer.
    josé said...
    Gargalhada não dei, porque me parece que seria "expectável"! ( adoro este termo neológico, usado pelos tecnológicos de empresa).

    Vejamos:

    Na altura, as denúncias em massa foram noticiadas como se tratando de fraudes com favas contadas. Os médicos vilipendiados; os alunos defraudados e o pessoal administrativo das escolas apaziguado.
    O cronista habitual que também aprecio para além daqueles dois que enunciei, que assina em acrónimo MST, até escreveu uma crónica a zurzir no MP de Guimarães porque tinha tido o desplante de propor aos médicos o pagamento de uma soma qualquer para verem suspensos os processos e assim asusmirem a vergonha e pensarem num futuro eventualmente mais honesto.
    O cronista de que falo, escreveu uma crónica inflamada a dizer que era inadmissível que se deixasse passar uma coisa dessas assim, sem mais e sem a pena devida aos marotos que eram todos e assim ficavam julgados com trânsito em julgado.

    Estou para ler o que o mesmo irá agora dizer...aposto que vai ser o que já li por aí: que a culpa é da investigação! Incompetência, dizem!

    Repare: o problema tinha a ver com o facto de determinados médicos terem passado atestado de doença a quem se suspeitava que não o estaria de todo. Como é que se contraria o que diz um médico, considerado como perito pela lei penal? Só com outra peritagem, pois claro. Assim, só com outro atestado a desatestar poderia ser logrado o objectivo que era o de provar que o primeiro médico falsificara o conteúdo do atestado.

    Agora, verifica-se que foram todos absolvidos. Não foi possível a prova! Ahhhahahahahah! ( afinal vai aqui a gargalhada).

    Sabe o que o síndico oficioso escreveu no causa nossa?
    Isto:
    "Desfaçataz e cinismo
    Em Julho de 2000, duas escolas secundárias de Guimarães receberam mais de 900 atestados médicos para justificar faltas a exames, naquilo que ficou conhecido sarcasticamente como a "epidemia de Guimarães". Os médicos acusados da óbvia fraude foram agora absolvidos, por falta de provas. O advogado de um dos arguidos teve a desfaçatez de comentar: "A decisão é justa, ficou salvaguardada a dignidade dos médicos".
    Na circunstância, esta frase merecia ser candidata ao Guiness do cinismo..."

    Dá por assente o que os juízes não deram. Dá por assente que os médicos são culpados em massa e quem diz o contrário será tolo...

    E ainda me diz para ter contemplações com quem argumenta assim?!


    PS. O sniper é amigo cá da casa. Logo, mesmo discordando do que escreve, respeito-o. Faça pelo mesmo que fico agradecido.
    josé said...
    Mas se quiserem um caso muito mais interessante do que os atestados de Guimarães, aqui fica este que tirei de um sítio sobre a bola que rola:

    "A Comissão Disciplinar da Liga alterou a decisão do «caso Mateus». Maisfutebol explica-lhe como foi possível dar razão ao Belenenses e apenas oito dias depois alterar tudo e manter o Gil Vicente no campeonato principal.

    Eis todos os passos:

    1. A 1 de Junho o plenário da Comissão Disciplinar, composto por quatro elementos, reuniu-se nas instalações da Liga em Lisboa e deliberou sobre o «caso Mateus», na sequência das participações de Académica e Belenenses.

    2. Nessa reunião, a que também assistiu o secretário da CD, Rui Vieira, foi decidido dar razão às queixas de Académica e Belenenses. O Gil Vicente descia de divisão.

    3. A decisão foi tomada por três dos quatro elementos: Gomes da Silva, o presidente, Frederico Cebola e Pedro Mourão. O quarto, Domingos Lopes, alegou incompatibilidades e preferiu não participar na decisão. Domingos Lopes é filho de um vice-presidente do Gil Vicente.

    4. Nesse mesmo dia foi decidido apressar o acórdão, uma vez que era necessário notificar os clubes rapidamente, por passar um mês (a 7 de Junho) sobre o final do campeonato. E este é o período em que os resultados devem ser homologados. Foi pedido ao director executivo, Cunha Leal, que na segunda-feira levasse o acórdão para o Porto. E assim foi feito, já com a assinatura de Frederico Cebola e Pedro Mourão, os dois elementos de Lisboa. Só faltava a de Gomes da Silva, que assinaria nesse mesmo dia.

    5. Gomes da Silva acabou por não assinar o acórdão. Nem na segunda-feira, nem em qualquer outro dia.

    6. Esta sexta-feira, dia 9, o presidente da CD comunicou que tencionava mudar o sentido de voto e apresentou declaração de vencido. Mesmo assim a decisão manter-se-ia desfavorável aos gilistas, por dois votos contra um. Mas não foi isso que sucedeu.

    7. No decorrer da reunião, Domingos Lopes afirmou que afinal estava disponível para participar na decisão. E assim fez, votando de forma favorável ao Gil Vicente.

    8. Face ao empate (2-2), Gomes da Silva chamou a si a decisão, argumentando com o facto de o cargo de presidente lhe permitir voto de qualidade. Uma situação que não está prevista nos regulamentos da Comissão Disciplinar, até por este órgão ser normalmente composto por um número ímpar de elementos (cinco).

    9. Apesar de a decisão ter sido tomada esta sexta-feira, dia 9, no acórdão deverá figurar a data de 5 de Junho, segunda-feira, dia em que a primeira decisão foi depositada na sede da Liga, à guarda do secretário da CD, Rui Vieira.

    Face a estes acontecimentos, Frederico Cebola e Pedro Mourão decidiram apresentar a demissão, algo que será formalizado no início da próxima semana, em carta a enviar a Adriano Afonso, presidente da mesa da assembleia geral da Liga de Clubes. Mal o façam, a CD deixará de ter o número mínimo de elementos para se manter em funcionamento, pelo que será necessário marcar eleições."

    Que tal?!
    josé said...
    O sítio é este

    Quanto ao sniper e ao respeito não levem a mal o desabafo. Pareceu-me disparo com mira de precisão desnecessária.
    Cosmo said...
    Pela sua linguagem, estou certo que é um "oficial do mesmo ofício", o ofício Judiciário.

    Para que nos entendamos é preciso que eu diga que o meu (ofício) está num campo bem diverso, que tem mais a ver com números que com palavras, embora eu reconheça que enganar/ser enganado com a aparente certeza e clareza dos números é bem mais fácil que fazê-lo com as palavras, e ainda não cheguei à dificílima palavra da Lei.

    Para provar o que digo, veja o que o Governo anda a fazer, festejando o 1% de crescimento do PIB, que é um resultado "desastroso" face à conjuntura internacional e, digo eu, mais que provávelmente errado (como o INE virá a admitir daqui a uns meses) pois que é inexplicável em conjunto com os outros indicadores. Mas... adiante.

    Penso que não me compreendeu bem.

    Não tenho dúvidas que "tecnicamente" se tenha feito justiça.
    Se eu fosse Juiz neste mesmo país, neste mesmo sistema, teria provavelmente feito exactamente o mesmo julgamento.

    A gargalhada é que foram precisos 7 anos para descobrir que "Como é que se contraria o que diz um médico, considerado como perito pela lei penal?" como me diz.
    O mesmo se passa com a queda de uma ponte: "Como é que se contraria o que diz um engenheiro, considerado como perito pela lei penal?"

    Ora isto que é verdade para doutores e engenheiros já não é verdade para o Zé do Pé Descalço.
    Qualquer bom juiz olha para o Zé do Pé Descalço e forma imediatamente a "convicção" de que é culpado. Então ele não cheira a culpado? Peritagem? Para quê?

    Novecentos atestados para poucos mais alunos?

    Claro que isso não prova nada.

    A lei da gravidade tambem só ficará provada quando atirarmos TODOS os graves ao ar e eles nos cairem na cabeça. E haja testemunhas credíveis. Com assinatura reconhecida. Até à última pedrinha.

    Newton, volta à Terra e aprende nos nossos tratados!!!


    Quanto ao «caso Mateus», vejo que não sabe a história toda, pois só relata o que diz um dos tais (não sei se dos "tais" se dos "outros") "cronistas"

    Tomo emprestados os seguintes 2 comentários que transcrevo, pois que me parecem bastante esclarecedores:

    1
    "Inacreditável. Este caso merece figurar numa antologia universal do disparate. Mas este CD da LFP teria muito mais contribuções - desde o castigo pelo "É falta" até aos "sumarissímos".

    A primeira decisão do CD parecia-me insustentável: estava curiosissimo para ler o acordão. Se esta decisão me parece, face ao que conheço, mais atilada, a forma pela qual se lhe chegou é burlesca e inaceitável - para usar apenas adjectivos beningnos.

    Mas até do mal pode nascer o bem: o CD caiu. Deo gratias.

    "Já as razões para o GV descer de divisão (ter contactado com tribunais civis) me pareceram surrealistas"

    Porquê? Os clubes só incorrem na penalização caso recorram aos tribunais civis em questões exclusivamente de foro desportivo. Já viu o que aconteceria se começassem a entrar processos por causa de arbitragens ou castigos?
    Para mais, os próprio tribunais civis declaram-se incompetentes para resolver questões desportivas - aliás, foi precisamente o que aconteceu neste caso. A norma serve apenas para evitar que a homologação de resultados desportivos se prolongue indefenidamente." http://www.haloscan.com/comments/blasfemia/114989501462819824/#538005

    2
    " Num comentário que produzi a destempo, lá para o fundo e que repesco:
    "O cerne da questão foi o Gil Vicente ter recorrido aos tribunais comuns, contrariando uma norma da Liga, que não permite a passagem para os tribunais aspectos técnicos e disciplinares do jogo.
    Acontece que há um precedente. A Académica levou aos tribunais um litígio com o Guimarães sobre a inscrição de N'Dinga. Aí se considerou, que a inscrição de um atleta é apenas um acto administrativo, o que não configura quaisquer aspectos técnicos e disciplinares do jogo. Tal como o caso presente."
    O resto é clubismo, fanatismo
    e folclore.
    Este caso é a cereja no bolo da actuação vergonhosa da Comissão Disciplinar da Liga, ao longo dos dois últimos anos.
    Ainda bem que se demitiram."
    http://www.haloscan.com/comments/blasfemia/114989501462819824/#538084


    Quanto ao Sniper, tambem tenho de discordar, e aqui sou eu o juiz!
    Não se trata de precisão de mira! Trata-se, isso sim, de atirador furtivo que intencionalmente dispara contra quem está de costas. Felizmente que as balas são pífias... que o faça sozinho ao espelho!
    Acho graça ao seu "respeito". Deve ser semelhante ao que alguns pândegos curtem pelas cobras venenosas que têm em casa.
    naoseiquenome usar said...
    (Uma vida igual a tantas vidas, que não é "bairrista" já mais por falta de raízes que outra coisa. ... Uma "invasão" da vida privada desnecessária no "público" como aqui. Embora saiba sempre bem o massajar do nosso ego e daqueles de qwuem gostamos)
    zazie said...
    ehehe

    vocês são maluquitos. Agora vão andar à dentada aqui na Loja do Queijo?


    ":O)))
    Cosmo said...
    Amigos,

    Provavelmente os vossos filhos fazem mais que isto lá no computador da escola.

    Mas aposto que não recebem 3.254 euros mais subsídio de refeição...

    Pudera! Os vossos filhos não são filhos do Ministro da Justiça!

    http://www.dropshots.com/photos/126326/20060611/s_032623.jpg



    http://www.dropshots.com/photos/126326/20060611/s_032623.jpg

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