Crise de identidade


Há coisas que não percebo. Perdoem-me a ignorância, mas não percebo mesmo. Há dias, os juízes protestaram contra o facto de serem nomeados como “funcionários” nos recibos de ordenado. Agora, cumprem uma “greve de zelo” típica de quem é funcionário.

Publicado por Carlos 13:11:00  

12 Comments:

  1. Anónimo said...
    Eu até compreendo os juízes: Mesmo não sendo funcionários do ministério, é do desempenho deles que o Ministério da Justiça depende para apresentar boas estatísticas judiciárias.
    Quer dizer: as pendências processuais, se melhorassem seriam um «ornamento» para o Ministro. Mas para isso, ele precisa da boa vontade e colaboração daqueles a quem tem tratado a pontapé.
    E eles estão a tentar demonstrar que o sistema só tem funcionado com a sua boa vontade.
    josé said...
    É exactamente isso. Os juízes fartaram-se de serem o abono de família do governo que assim aparece como prestação complementar do rendimento geral do sistema.

    O rendimento é baixo porque a produtividade também o será. Mas para a produtividade, como bem sabem todos os economistas, não é só a força de trabalho que conta: é também a qualidade dos meios de produção.

    E quanto a estes, não é aos juízes que compete assegurar a prestação, mas sim aos governos.

    Se o desequilíbrio é patente há vários anos, a força de trabalho em quantidade e qualidade não tem variado muito e não se pode ir compensando cada vez mais, com exigências aos trabalhadores, sem contrapartidas .
    Logo, os juízes não estão mais dispostos a disfarçar a obsolescência do sistema, trabalhando como ratos doidos na roda a girar, enquanto os gatos observam o esforço e dão mais corda às roldanas à espera, se calhar, de os verem estourar.

    Este cenário, sendo típico dos desenhos animados de Tex Avery, tem outro personagem a mirar a cena: o pato Daffy Duck!
    Adivinhem quem lhe veste a pele...
    Anónimo said...
    Como oficial de justiça já pensei muitas vezes apresentar uma queixa-crime contra o juiz sequestrador.
    Mas também sequestra testemunhas e advogados.
    Antonio Almeida Felizes said...
    ..
    Como diz o António Marinho, se os juízes entrassem sempre às 9 horas e saissem às 17 horas, não haviam atrasos na Justiça.

    Cumprimentos,

    Antonio Felizes
    http://regioes.blogspot.com
    ..
    Anónimo said...
    Os juizes não fazem greves de funcionários... Os juizes não estão a fazer greve, isso é ignorância... Limitam-se a terminar as diligências às 17.00 horas. Aliás, nos termos da lei esse é o horário de prática dos actos judiciais. Afinal, e pelos vistos, parece que os juizes trabalham, e muito, fora de horas... E a família dos juízes, e o descanso dos juízes... Não têm direito a isso ?
    "PS": Vê-se antónio felizes... O sr. conhece tão bem os tribunais e o trabalho dos juízes como eu a Atlântida... Por fim, tirando dizer mal dos juizes, para que serve o Dr. Marinho ? Alguém lhe conhece uma única ideia que valha a pena ?
    Anónimo said...
    Mas alguém acha que os juízes tem alguma coisa a vêr com o funcionamento da justiça?
    Anónimo said...
    Só alguém muito ignorante é que pode achar que os Juizes estão a fazer uma greve. Seja ela de zelo ou de qualquer outra espécie.
    Os Juizes estão a praticar agora aquilo que sempre deveriam ter feito. Habituaram mal o "patrão" e agora ele ainda vira a clientela contra eles ao dizer que estão em greve.
    Anónimo said...
    Passo-me com a entoação dada nas notícias radiofónicas ao facto dos juízes não marcarem audiências para depois das 17h.

    Mas afinal qual é o horário deles??????????????
    Não é até às 17h?????????????

    Então!!!!!!!!!!??????

    Se pontualmente um funcionário tem de ficar para lá da hora, seja. Uma vez não são vezes.
    Agora fazer disso algo sistemático, uma obrigação... só demonstra que o sistema está pôdre!!!!!

    Então a inspecção do trabalho vai reforçar a vigilância nos bancos para reduzir o trabalho para lá da hora, e os tribunais têm de fazer o contrário???!!!!

    Enfim, mais um exemplo do que me faz pensar que vivemos cada vez mais numa sociedade de embustes teatrais, as pessoas cumprem papeis, repetem gestos, mas poucos se interrogam do porquês dos rituais, dos movimentos, das falas.

    diogenes
    Anónimo said...
    Há dias ouvi Medina Carreira com uma simplicidade (e por isso sinceridade), com uma clareza (digna dos bonecos do Contra-Informação) explicar como é que em Portugal se faziam as reformas na Justiça. "Onde diz que o juiz tem de dar uma resposta em 8 dias, passa a ser 5 dias, e não se mexe em mais nada".
    Cadê análise de fluxo das tarefas, tempos e métodos, sistemas de informação?

    É tão absurdo e ao mesmo tempo tão real que desconcerta, que desmoraliza, que derrota...

    diogenes
    Cavalo Marinho said...
    Quem semeia ventos colhe tempestades.
    Acho bem que quem trabalha nos tribunais não trabalhe mais do que aquilo que é de lei, dado que se comprovou de novo que o Estado "é pobre e mal agradecido".
    MBSilva said...
    Independentemente da razão (que reconheço assistir aos juízes) que fundamenta esta tomada de posição, como titulares de orgãos de soberania não devem NUNCA esquecer a sua função SOCIAL!
    Até porque o meu receio é que o "feitiço" se vire (ainda mais) contra os juízes!
    Anónimo said...
    Só por ignorância se pode falar em greve de zelo dos senhores Juízes. Cumprir o horário de trabalho é greve de zelo. Só o seria se durante esse período diminuissem o ritmo de trabalho, o que não acontece. O que estão a fazer é lutar pela DIGNIDADE contra a falta de senso, contra a ignorância de um PM que ousou, levianamente, dizer que a culpa dos atrasos na justiça era dos Senhores Juízes. Enfim, mas como não só o PM é ignorante, outros seguidores repetem à exaustão tal ignorância.
    Pedro Martins

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