Te Doy Mis Ojos


Continuo a achar que foi um dos melhores filmes que vi nos últimos anos. Para além de conter a mais bela declaração de amor em cinema (em título) é um filme que nos apresenta de uma forma sublime um quadro do que é a violência doméstica, sem para isso recorrer à sua exibição gratuita. No final percebe-se que o ovo da serpente da violência doméstica nasce do próprio conceito de família tradicional o que, no limite, a torna num antro de criminalidade, com a diferença e a agravante que é socialmente aceite. Um filme que deveria dar que pensar a quem habitualmente se preocupa com a destruturação familiar, esquecendo-se que as pessoas poderão ser muito mais felizes se escolherem livremente de que forma pretendem viver umas com as outras. Seria bom que o legislador tivesse o assunto em consideração e pensasse, por exemplo, que não há grande razão para que a Lei continue a considerar os ascendentes e os irmãos herdeiros legítimos em relação a uma parte importante da herança, quando por vontade do falecido os bens em vida teriam sido dispostos de outra forma. Faço também o desafio à rapaziada que pugna pelo casamento civil homossexual para reflectirem se não estarão a alinhar nas mesmas ideias dos que vêem no casamento a única forma de dar corpo à ideia de relacionamento estável, reduzindo assim o espaço de liberdade e de acção para a construção de novas ideias de “família”, quiçá mais humanizadas e menos totalitárias do que a vigente.

Publicado por contra-baixo 23:02:00  

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