Portugal, pimba!
sábado, janeiro 14, 2006
Antes disso, porém, fica aqui mais uma opinião alheia sobre este Portugal pimba:
"A operação pela qual se conseguirá, enfim, o descrédito definitivo do Ministério Público e o fundamento para a substituição do Procurador Geral foi conduzida com mestria. A meio da manhã era um monumental e gravíssimo escândalo de escutas telefónicas a altas figuras do Estado, ao começo da noite era já só um raquítico lapso de um funcionário da PT. A noite permitiu, porém, corrigr a manobra: pela hora do jantar já se sabia onde tudo iria parar: se a culpa parecia ser, afinal, a dos procuradores que não sabiam ver coisas escondidas em CD's, o objectivo, que não podia perder-se era o PGR, sem perdão, ter de ir à mesma para a rua, e já! Estão de parabéns todos os que contribuiram para o efeito! O resultado está alcançado! Julgo saber que os magistrados vão deixar de ter um magistrado como PGR. Um novo mundo se aproxima. O Dr. Souto Moura é um homem bom e sério. Mas como tudo isso se tornou ridiculamente irrelevante no país em que vivemos e para o cargo em que ainda está!."
José António Barreiros in A Revolta das Palavras
Publicado por josé 12:41:00
Curiosamente, e num frenesi que há muito se não notava na sociedade portuguesa, voltou à luz o tema das escutas telefónicas.
Suponho que não seja novidade para ninguém, excepto para os idiotas, os indecisos e os crentes na virgindade da Maria Elisa, que, em Portugal, e por todos os meios, desde há muito que toda a gente escuta toda a gente.
Há nisto um factor sociológico, a meu ver, determinante: pela estrutura da nossa malha social, polícias e ladrões costumam vir do mesmo bairro, e suponho que assim fica o retrato integralmente traçado.
Espantoso é que pessoas com responsabilidade na formação da Opinião Pública leiam o tema, "Altas figuras do Estado sob escuta", como um atentado à chamada "vida privada" dessas mesmas pessoas. Acontece que as altas figuras do Estado têm, ou deveriam ter, uma teia ética que se estendesse à sua própria esfera privada, como acontece no Mundo Civilizado, e o que nos deveria inquietar não era o facto de que houvesse escutas desgarradas, mas a simples suspeita de que essas escutas pudessem indiciar um envolvimento generalizado das mais altas figuras do Estado em assuntos reputados... turvos.
A mim, como a qualquer português, interessa-me pouco saber em que "pizzaria" se faziam as encomendas gastronómicas de Paulo Pedroso ou Souto de Moura, e se era, ou não era, a mesma. Preocupa-me, sim, o que certas pessoas estavam a fazer, em Portugal, quando não estavam a comer "pizza", e pelo que se murmura por aí, faziam MUITAS, mas mesmo MUITAS COISAS.
Igualmente me choca que um pasquim, chamado "24 Horas", surgido pelas mãos e dinheiros do Clã Pedófilo, para propalar uma infinita inocência dos pobres acusados, tenha, subitamente, honras de Estado, e seja tema de uma comunicação à Nação de uma figura que, embora eu considere pouco digna de apreço, ainda é o Presidente da República Portuguesa, e, logo a seguir, coadjuvado por aquele a quem os mesmos Portugueses concederam, por logro, ou não, o dever de nos Governar durante 4 anos.
Para quem tem dúvidas sobre em quem se apoia o Eng. Sócrates, verifique quem eram aqueles de que ele se rodeava
Isto é a paródia da Democracia, a paródia do Poder Judicial e a Paródia do Estado de Direito.
Ingenuamente, sempre pensei que Souto de Moura, um dos homens que em Portugal tentou fazer o equivalente a uma "Operação Mãos Limpas", pudesse calmamente terminar o seu mandato. As forças sinistras, que, neste momento, a coberto da Campanha Presidencial, se estão a posicionar no nosso sórdido xadrez político, parecem estar a preparar-se para deixar a tarefa suja de escorraçar o Procurador-Geral da Republica, já não nas mãos de Soares, ou Cavaco, nossos eventuais futuros presidentes, mas num lúgubre pacote dois-em-um, do sai Sampaio e sai com ele o Ogre que tanto mal nos fez, inocentes políticos lusitanos...
Tudo isto me seria indiferente, porque apenas mais um sinal da porcaria vigente, não fosse igualmente um evidente sinal do "Golpe de Estado" que inevitavelmente se irá dar em 22 de Janeiro: independentemente do vencedor, o Estado de Direito já está condenado, ou seja, a independência dos Órgãos Judiciais ficará definitivamente debaixo da alçada de um Poder Político turvo, cuja única função será a de branquear, "à portuguesa", como se nunca tivessem existido, os processos Casa Pia, Apito Dourado, Furacão, e quejandos.
A 22 de Janeiro, não são Cavaco ou Soares que nos esperam: é tão só ISSO.