24 horas depois.

Um curioso "blogger" pede-me para lhe indicar as mentiras e imprecisões do jornal 24 Horas de ontem,relativas à notícia bombástica de primeira página.
Com todo o gosto o tentarei fazer, caro blogger. Só é pena que não o tenha feito por si-à semelhança de muitos outros, aliás.

Primeira mentirola, disfarçada de chico-espertice: a menção logo na primeira página a este pretenso facto :

"Os telefones de casa do PR, do primeiro-ministro, do presidente da AR, do presidente do Tribunal COnstitucional, do presidente do Tribunal de Contas e todas as chamadas que fizeram durante um ano e meio foram analisados pelo Ministério Público."

Não é apenas uma mentirola! São duas, no mesmo pacote!
Nenhum desses telefones terá sido investigado ou analisado no âmbito do processo, com o âmbito referenciado. Nem aliás, o poderia ser, atena a lei que temos.
A PGR disse que isso era falso e acredito no que a PGR disse, ao ponto de ter sido confirmado pelo próprio advogado Ricardo Sá Fernandes. Este advogado de quem se fala pouco a propósito deste caso, segundo o Expresso de hoje, terá sido o único advogado que teve acesso às disquetes e as descodificou com ajuda de um técnico de informática, segundo declarou ao mesmo jornal. Ponto final, neste primeiro assunto. Parágrafo:

O período em causa, ou seja o tal " durante um ano e meio", segundo o mesmo jornal, nas "coisas que tem de saber" foi afinal de "seis meses em causa".
Na realidade, terá sido de 10.12.2001 a 7 .5. 2002, o que nem dá seis meses..., mas sim quatro meses e 28 dias! Logo, a mentirola fica logo com o rabo felpudíssimo de fora! Um ano e meio para nem sequer cinco meses...

Para além dessas mentirolas, avulta o facto, confirmado pela PT, de que forneceu números e não nomes, ao processo. Logo, quem identificou os nomes que o jornal publica e quem viola impudicamente a privacidade dos visados, será o próprio jornal. Seria caso para amanhã, outro jornal tablóide publicar: "24 Horas investiga por conta própria nomes da lista!" E ainda outro, à "24 Horas": "Souto e Pedroso tem o mesmo fornecedor de pizzas ", o que aliás o jornal publicita. COmo publicita que tomou conhecimento do cabeleireiro e da depiladora da mulher do procurador.
A par desta devassa da vida particular de certas pessoas, feita pelo jornal, podemos ler no mesmo número, de ontem, a indignação farisaica que consiste em vituperar a existência destes elementos no processo, como constituindo um atentado à privacidade dessas figuras públicas! Pasme-se! Pasme-se! E não é a primeira vez que tal acontece.

Hoje, no jornal, o director Pedro Tadeu vem bater nas mesmas teclas, colocando o título "A mentira é sua, senhor procurador". Tal e qual!

Depois das mentiras, vamos às imprecisões:

O jornal dá conta de que falou com alguém da PT. Até põe o nome do funcionário da empresa, e cita "fonte oficial da empresa" para dizer que esta "cumpre escrupulosamente todas as regras legais" e por isso, teria exigido um mandado judicial para fornecer esses dados.
O jornal( nem quem forneceu os elementos ao jornal), pelos vistos, não o encontrou...e pode perguntar-se porquê. Há uma razão que poderia ter sido logo esclarecida se o jornal quisesse mesmo ficar esclarecido: perguntar " à fonte oficial da empresa" como se processavam, em 2002, esses pedidos de autoridades judiciárias.
Como agora a empresa PT esclareceu, teria sido a primeira vez que houve pedido para entrega de listagem de telefones, em "ficheiro electrónico". Esta informação importantíssima e base para compreensão do que terá sucedido, foi dada pelo jornal "24 Horas"? Ontem ou mesmo hoje, depois de já ter sido emitido o comunicado pela PT?! NÃO!

Quem mente?! Quem manipula? Quem aldraba? Quem quer fazer passar os outros por parvos?!

A única verdade que o 24Horas revela, seria uma verdade sem notícia: que existiam no processo casa Pia, algumas disquetes contendo registos detalhados da facturação de um único telefone fixo atribuido a um dos arguidos.
E outra verdade ainda, poderia ter sido desvendada e publicada: para além disso, havia outros registos de altas individualidades cuja existência o jornal apurou ter sido remetida por lapso, desconhecendo se o MP delas tomou conhecimento.
Sendo esta a verdade, onde estará o muito mentiroso?!

Publicado por josé 17:43:00  

13 Comments:

  1. josé said...
    Olhe que não...leia melhor as notícias e já agora o postal.

    Uma coisa é a visibilidade de uma informação; outra a existência virtual da mesma e de outra, no mesmo suporte
    av said...
    o José realmente ainda nao entendeu de que se trata. No telejornal mostraram como se ve a facturaçao dos outros números . Basta um clic numa barra.

    Parece impossível , atendendo a que devem ter visto as disquetes e anaisado, nao dar conta do que estava lá.

    Pode ter acontecido. Mas para já alguma coisa de muito estranho se passa. Porque a noticia da PGR diz que nas disquetes nao tem nada. Ora só um total ignorante é que nao os ve. Nao é um preciso um tecnico em computadores e já ouvi responsáveis dizerem que era preciso tirarem filtros e nao sei que mais.

    Nao bate certo.
    av said...
    mostraram uma copia da disquete num telejornal e como se via a informaçao que dizem nao estar lá- É vergonhoso, a PGR dizer que o 24 horas era tudo mentira.
    Carlos Medina Ribeiro said...
    Tentando arrumar ideias:

    Ontem, num telejornal das 20h, um jornalista disse:

    1º-O que ia nas disquetes era(m) um (ou mais) ficheiros Excel.

    2º-Houve alguém, na PT, que activou a opção «Dados/Filtro» (*) e, em vez de fazer um novo ficheiro, mandou assim.

    3 º-Depois, houve alguém que desactivou o "filtro" e viu o que não queriam que visse.

    ------------

    Se foi assim, o que mais admirar...?

    O "sábio" da PT ou os infor-trôpegos que chamam "peritos informáticos" a quem sabe mexer num "filtro de dados" do Excel?!

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    (*) Imagem em:
    http://sorumbatico.blogspot.com/2006/01/um-caso-de-infor-trpegos.html
    JTR said...
    A PT já vei assumir a culpa, dizendo que foi ela que forneceu mais informação que a pedida. Acaso também acharão, todos os que estão contra o Sr. PGR, ter-se tratado de uma cabala.
    Quem é que descobriu o que não era para ser conhecido? quem é que veio a público dizer que descobriu a pólvora? Acaso também acharão que foi o MP?
    Com a cegueira que levam, é bem provável que achem.
    av said...
    Desde que a pt demonstre que o erro nao foi propositado. Deve ser possível de o demonstrar.

    É que a suspeita de pedidos nao oficiais por baixo da mesa a funcionários da pt ou à pt, tem de ser investigado, ou nao?

    nao é assim tao simples. O facto dos dados ainda estarem na disquete pode ter sido um descuido.
    Tonibler said...
    Porra, estou enganado ou estamos a falar de elementos de um processo que está a ser julgado agora??? SIC, 24 horas, DN, Público,....Sou só eu que acho isto estranho??????
    Fernando Martins said...
    Que um Juiz só veja o que pediu numa disquete, não vejo nada de anormal (muitos Juizes se calhar precisam da revolução tecnológica que este governo apregoa).
    Que a PT faça o que fez (um técnico da casa, para poupar alguns segundos de tabalho, enviar o ficheiro completo, embora semi-encriptado) também me parece (infelizmente) normal...
    O que me parece pouco normal é altura em que os Media pegam no caso...
    Carlos Medina Ribeiro said...
    O «O Público» (na edição de ontem, em papel) confirma que os ficheiros eram Excel.

    Mas Esclarece" que «eram em dois formatos: Excel e .zip»!!

    (Sem comentários...)
    JTR said...
    Com tanta informação que se diz terem essas disquetes. Com tanta má vontade que atribuem ao MP e ao Sr. PGR e tanta injenuidade dos jornalistas... que procurem bem dentro dos ficheiros e dos filtros, com sorte ainda encontram a chave para o próximo euromilhões...
    Carlos Alberto said...
    Conclusão:

    O gato constipado, arruma as botas quando.
    Já agora de quantos mais inquéritos necessita, para arrumar a casa.
    zazie said...
    Carlos Medina Ribeiro,

    esse aspecto de "tosquice técnica" não me admira nada. Venha de juízes ou de presidentes, que a ignorância técnica é geral por cá.
    Ainda no outro dia se dizia num qualquer blogue que saber fazer um link era coisa menor. Era dote menor para um intelectual. É tosquice tão banal que já pensei que até podia ganhar umas massas a ensinar html em cursos de formação para os profs progredirem na carreira.

    Não se admire- conheço quem tenha subido de escalão por lhe terem ensinado num desses cursos a inserir notas de rodapé num texto word...
    António Balbino Caldeira said...
    Meu caro José

    O Muito Mentiroso com que conclui o artigo tem a imunidade da rede pedófila de controlo do Estado.

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