uma questão de alma

Umas das coisas que irrita nesta pré campanha presidencial é a pretensa frieza com que ela é efectuada. Todos, ou quase, se renderam à 'ciência'. Tudo, ou quase, é pensado meticulosamente ao milimetro com vista ora a agradar, ora a não hostilizar. Estudam-se sondagens e audiometrias como outrora se estudavam Marx e Mao e, pior, presume-se que a política é uma actividade estritamente racional e deterministica sem qualquer correlação com o plano dos afectos e das emoções. Assim não se vai longe, e só se contribui para afastar ainda mais eleitores de eleitos e descredibilizar o que resta da nossa democracia. As pessoas não querem eleger máquinas, semi-deuses perfeitos em tudo e mais alguma coisa, as pessoas querem é eleger pessoas nas quais confiem minimamente e com as quais se identifiquem. Dito isto, é patente que estes excessos de estilização e coreografia, de parte a parte, vão acabar mal. É só uma questão de tempo.

Publicado por Manuel 19:58:00  

2 Comments:

  1. formiga bargante said...
    É isto que admiro em si, caro Manuel.

    A capacidade de, publicamente, ir mostrando a evolução do seu pensamento, face aos acontecimentos.

    O que, diga-se, é bem raro neste país chamado Portugal.
    Arrebenta said...
    O vovô da bomba veio de Boliqueime, passar o "Réveillon" com a família


    -- MENINOS, SURPRESA!!!!... CHEGOU O BISAVÔ DE BOLIQUEIME!!!...

    (A ninhada dos netinhos vem ver o célebre Homem da Bomba)

    -- Vovô!... Vovó, venha ver: chegou o pai do vovô!...

    (Maria, Modesta e Modista larga as bainhas que estava a coser, e lança-se nos braços do sogro)

    -- Vá, meninos, o avô veio dar um empurrão no seu Aníbal, para ver se ele ganha as eleições. Desde que fui mancebo que sempre sonhei ter um filho Presidente da República, mas um Presidente a sério, como havia antigamente, um Marechal Carmona, um Craveiro Lopes, um Américo Thomaz de Boliqueime!...Vá, meninos, vamos todos marchar aqui, atrás do avô!...

    (Estende o braço e canta o Hino da Mocidade Portuguesa)

    -- Lá vamos, cantando e rindo...

    VÁ, AGORA TODOS, BRAÇO NO AR, ATRÁS DE MIM...

    (os netinhos fazem fila, e a saudação fascista)

    LÁ VAMOS, CANTANDO E RINDO

    LEVADOS, LEVADOS SIM

    PELA VOZ DO SOM TREMENDO

    DAS...

    vá, agora todos comigo

    DAS (MA)TUBAS CLANGOR SEM FIM!...

    AH, GRANDES TEMPOS!...

    Um rapaz fazia-se moço cedo, e ia à guerra, vá, repitam agora com o avô:

    -- ANGOLA, ANGOLA É NOSSA!...

    Ah, meu grande filho, que orgulho que tenho em ti, ainda me lembro de passar os dias agarrado à mangueira, um tostão metido a mais aqui, um tostão metido a mais ali, um engano nas facturas, um litrinho contado a mais, estes trocos ainda há-dem pagar o canudo do meu filho, ainda vou ter um filho dótôr, Presidente da República, se Deus quiser, SALAZAR, SALAZAR, SALAZAR, aquilo é que era um homem honesto, acima das políticas, a política dele era o trabalho, DEIXEM O MEU FILHO TRABALHAR: Aníbal conta com o teu pai, se isto der para o torto, somos nós que vamos a eles!...

    (Cai o facho)

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