um País que não se leva a sério ...


Portugal nomeou recentemente a embaixadora Ana Zacarias para membro do Júri da UNESCO que, no próximo dia 25 de Novembro, irá decidir em que candidaturas recairá a distinção de Património Cultural Imaterial da Humanidade. Uma das que o júri irá analisar foi conjuntamente apresentada por Portugal e Espanha e pretende elevar a este estatuto máximo a tradição oral galaico-portuguesa, em risco de se perder. A iniciativa tem tido bom destaque na imprensa portuguesa e espanhola e, dados os apoios que em seu torno se manifestaram; e, principalmente, ao trabalho das entidades envolvidas na sua apresentação, estou em crer que o desfecho será favorável ao propósito. Esta é a boa notícia; a má é que, inexplicavelmente, a convenção da UNESCO para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial continua por ratificar pelo Estado português (ver versão anteprojecto no site do GRCI) o que, só pode ser interpretado como uma forma de este se manter desobrigado por convenção internacional de ter e de executar políticas que conduzam à salvaguarda da nossa herança imaterial*. O mais certo é neste momento o seu texto estar a azedar num gabinete ministerial, provavelmente no do costume, à espera que o Primeiro-Ministro tome uma atitude. Valham-nos pois instituições como a UNESCO que mesmo perante inércia crónica de quem governa, não deixa de considerar que o importante é o património, apesar do desleixo de alguns dos seus membros.

*Assunto abordado pelo antropólogo Luís Marques no jornal Público de 25/07/05, no qual escrevia Caso venha a assinar a convenção, Portugal ficará perante uma situação que o obriga a quebrar a secular apatia, insensatez e incúria com que tem olhado o património imaterial.

Publicado por contra-baixo 22:57:00  

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