um país de surdos

Em Portugal há a tendência de se 'relativizarem' as escutas telefónicas. Ou não são legais, e até há bem pouco tempo, quando o STJ pôs ordem na coisa, os tribunais superiores validavam ou não as mesmas, um pouco 'á lá carte', estourando dezenas de processos-chave, ou não são simplesmente levadas a sério. Exemplosmuitos. Na affair Casa Pia toda a imprensa divulgou as 'black ops' de Ferro 'canelada' Rodrigues e de António Costa, e, mesmo assim, este último é ministro... da Segurança Interna. Em Felgueiras, Fátima Felgueiras, consegue 'vitória' atrás de 'vitória' e o seu fiel amigo, Almeida Lopes, Juiz do Supremo Tribunal Administrativo, é 'limpo' pela PGR, das consequências lógicas daquilo que foi 'apanhado' a dizer porque se limitou a 'prometer', logo fumou mas não inalou. Hoje, através do Expresso, num trabalho notável, sabemos que na sequência dos 'sobreiros' se negociou a queda de Souto Moura.

PS, CDS, 'conselheiros' de Sampaio, até o putativo sucessor, Rui Pereira, com experiência em coisas secretas - aparecem na pintura. Só se espera que, para variar, se levem, por uma vez, as coisas às últimas consequências.

As escutas existem, e são reais, de nada valendo, por absurdo, virem 'agora' a ser destruídas, ou evaporarem-se.

O que interessa não são tanto as consequências judiciais mas saber se vai haver, ou não, consequências políticas. Sampaio, Supremo Magistrado da Nação, que podia ter saído bem do filme, borrou tudo ao não ter despachado o seu assessor, Marques da Costa, 'conspirador', ficando para sempre a dúvida sobre se agiu por imperativo de consciência se por não ir 'á bola' com Rui Pereira. Old stories. Rui Pereira acabou, não tendo, sequer, condições para acabar o trabalho de rever a lei penal. Todas as suspeitas, todas as dúvidas, se tornam possíveis. Quanto às 'reformas' de Alberto Costa, percebe-se agora finalmente o alcance das mesmas. A instrumentalização pura e dura da meta-estrutura judicial. Mais do que nunca, consegue o impossível - ficar ainda com menos condições para ser Ministro da Justiça do que aquelas de que já dispunha.

A propósito, há algumas semanas o Rui Costa Pinto falava em oito ministros (do Dr. Lopes) sob escuta... É o pântano, ou se quisermos o equílibrio no 'terror', a 'cola' que sedimenta os pa(c)tos do regime.

Quando deixarmos de ignorar as evidências e se passarem a exigir responsabilidades (políticas) objectivas, sem medo de que o 'mundo' acabe, então talvez possamos voltar a ter razões para acreditar de novo que este país pode regressar ao futuro. Até lá, não nos podemos queixar.

Publicado por Manuel 00:12:00  

4 Comments:

  1. av said...
    Acho notável é como as escutas de ministros e presidentes passam para os jornais. Que mais conversas de estado é que pessoas que nao sao de confiança ficaram a saber?

    andam a brincar?
    naoseiquenome usar said...
    ... parece-me um desastre. Falamos de escurtas ilegais - daí a sua não validade. Que raio anda o MP a fazer? A a questão subjacente, fica, claro está ferida de morte por erros crassos destes. ... No entanto, nada pode apagar a memória do que se ouviu. ... Mas e porque raio há-de o mundo inteiro ficar a saber io que se ouviu em processos em fase de investigação??? Que vocações "impróprias" são estas?
    av said...
    diria mais .. que anda o PR a fazer.

    Será que existe alguém que anda a fazer chantagem com alguém à custa de saber escutas?

    Só digo. Isto nao é normal.
    Cavalo Marinho said...
    O puzzle vai-se completando!
    Com a edição de hoje do Expresso começa a perceber-se melhor a razão de ser de algumas reforma no sector da justiça.
    Haja decência, senhores!

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