pequenas promessas entre amigos...


Recordando um inquérito relacionado com o antigo Governador Civil de Beja António Saleiro, Almeida Lopes lembrou a Felgueiras que o então PGR, Cunha Rodrigues, "chamou a si" e "mandou arquivar", dando "cabo de dois anos de investigação" da PJ. E rematou "(...) o que acontece é que neste regime de liberdade as corporações ganham muito peso (...), depois têm tanto peso que não se submetem à lei, fazem eles próprios a lei, percebes? Portanto, é o que se passa com a Judiciária, com o Ministério Público, com os juízes, enfim, são os interesses corporativos metidos e portanto isto não decorre de acordo com a legalidade e portanto sabemos disso."

in DN

Podem constatar-se mais promessas por aqui. Também a nós nos parece inequívoco que foi propósito impedir a produção de prova em relação a uma pessoa que praticou, ou encobriu, um crime, e antes fazer com que não se demonstrasse que Almeida Lopes, magistrado, membro de tribunal eclesiástico e dirigente desportivo nas horas vagas, não tinha... exorbitado das suas competências...
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Publicado por Manuel 10:05:00  

6 Comments:

  1. Anónimo said...
    ...e um após outro se vão destapando as carecas dos impolutísimos meretíssimos.
    josé said...
    A notícia do DN que se baseia no conteúdo das gravações entre Almeida Lopes(AL) e Fátima Felgueiras(FF) é de uma gravidade extrema- se for verdadeira na sua essência!
    O que a gravação aparentemente mostra é um magistrado, actualmente altamente colocado, amigo de uma arguida politicamente relevante, a conversarem sobre assuntos de justiça.
    As palavras, costuma dizer o povo que o vento as leva. A não ser que o vento seja capturado, como foi.
    Deveriam sê-lo?!
    Assim, desde logo, torna-se plausível perguntar se o magistrado AL quis dizer o que disse por saber exactamente o que dizia e com razões de ciência certa para o dizer. Duvido muito que tivesse esses atributos todos no seu entender que explanou à amiga de modo tão chão.
    Duvido, porque seria sempre necessário que soubesse como foram as investigações da PJ no caso Saleiro e ponho sérias reservas que o magistrado AL soubesse disso. Duvido ainda que soubesse os reais motivos da tal intervenção de CUnha Rodrigues que a ser como ele diz, é das maiores ignomínias que se podem lançar sobre um magistrado, ainda por cima e ao tempo, PGR.
    Tanto quanto julgo saber, o processo foi arquivado na comarca e círculos respectivos, sem intervenção da PGR. Esta intervenção ocorreu, sim, logo que SOuto Moura tomou conta do cargo e foi até das primeiras medidas que tomou, lembro-me bem, ao avocar o processo e reabri-lo para novas diligências que mais tarde deram em nada, pois nada de especial se provou, a não ser a estranheza muito estranha de certos factos.

    Assim, resta a afirmação de AL, a propósito do sistema penal e juridico-político e principalmente do crédito que lhe merece esse sistema.

    Grave, muito grave mesmo, será, se se confirmar este tipo de afirmações que ao serem propaladas numa conversa particular com uma amiga, deixam entrever a profunda desconfiança nas instituições que deveriam merecer o maior respeito e a maior das seriedades. Se assim não for, não percebo o que andaremos aqui a fazer.

    O que ALmeida Lopes diz do sistema político-institucional é de uma enormidade tal que nem o cinismo mais benevolente o poderia justificar.
    Almeida Lopes entende o sistema tal e qual como uma estrutura mafiosa, em sentido próprio, no qual é possível aggiustar processos ao mais alto nível.
    É essa a enormidade e é isso que o magistrado Almeida Lopes tem o dever de esclarecer.

    Palavras leva-as o vento. Mas algumas que permanecem escritas exigem explicações.
    josé said...
    Este tipo de notícias se não for devidamente contextualizado, gera interpretações equívocas e intoleráveis num estado de Direito.

    Aquilo que Almeida Lopes aparentemente quer dizer não é claro. E a interpretação possível do que disse é de tal modo grave como desconfiança generalizada no sistema que um juiz do STA, ainda por cima com cargo de altíssima responsabilidade, tem o dever de se explicar.
    Até porque acredito que não quis dizer o que aparentemente disse.
    COmo escrevi, verba volant...
    Manuel said...
    José,

    O Vice PGR também pensa o mesmo, arquivou o processo sem antes falar com o Almeida Lopes, contextualizando assim as escutas. POr definição - o Almeida Lopes não podia dizer aquilo, portanto, e apesar de se ouvir nitidamente, sem truncagens, "não disse". Pelo sim, pelo não, nem se falou com ele, falar, porque admitir formalmente que ele o tenha dito e pensado de facto (e disse e pensou) geraria para alguns perturbações equívocas e intoleráveis num estado de Direito... QED
    josé said...
    PAra nos ajudar a todos a perceber melhor, torna-se necessário agora que - mal ou bem ( quanto a mim, mal) - são públicas as conversas, esclarecer o seguinte:

    1.Pretendeu dizer que Cunha Rodrigues avocou o Inquérito ou de algum modo teve intervenção directa ou indirecta na sua investigação, após a remessa do mesmo pela PJ?! Quando, como , onde e de que forma tal aconteceu? Quem lhe disse ou como é que tomou conhecimento de tal facto?!
    2. Ao referir-se a esse caso concreto quis de alguma forma dizer ou insinuar que a investigação da PJ foi sapada ou torpedeada de modo a impor, permitir ou justificar o arquivamento dos autos?!
    3. Considera que o sistema de investigação penal em Portugal e o sistema político-constitucional, está dominado por corporações que fogem à lei e que a não respeitam sempre que ela incomoda alguém importante do sistema corporativo?
    4. Nesse caso, tem alguns exemplos concretos a apresentar ou razões ponderosas para justificar essas dúvidas ou pelo menos razões de ciência para poder ajuizar que proferiu a afirmação de boa fé?
    5. Reconhece que o que disse pode ser uma rematada palermice só justificada pela farronquice em mostrar " que sabe" e está dentro das "jogadas", assim a modos de um Octávio no futebol?
    josé said...
    Manuel:

    isto é de tal forma insano que nem sei se não foi melhor mandar tudo para o cesto de arquivamento.

    Porém, por muito menos - muito menos!- o Salvado foi à sua vidinah e a Sara Pina perdeu o emprego na PGR!

    E isso é uma iniquidade.
    A Justiça não se devia permitir a estas coisas.

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