Os privilégios das lentilhas
quarta-feira, setembro 21, 2005
O Diário Económico de quarta feira 19.9.2005, noticiou...
Cerca de 40 docentes do Ensino Superior dão aulas em quatro instituições, trezentos em três escolas. Mas as acumulações não se ficam por aqui: seis repartem o seu tempo lectivo por cinco escolas. Ainda assim, o recorde do tempo lectivo é batido por um docente que dá aulas em seis instituições, o que, segundo a legislação em vigor (ver próxima página), indicia excessivos tempos lectivos. Este docente dá aulas em regime de tempo integral na Universidade Lusófona, acumula com a categoria de professor associado nas universidades Autónoma, Lusíada e ainda dá aulas na Atlântica e no ISLA - para além de leccionar nos Pupilos do Exército.
O nosso já conhecido Vital Moreira, aproveitando as notícias frescas do Diário Económico, acompanha os protestos escritos e zurze desta vez nos privilégios dos…professores universitários. Secundando a indignação do Diário, acerca da acumulação ilegal de horários , escreve a dado passo sobre a sua própria condição de professor universitário:
Por exemplo, os professores do ensino superior público em tempo integral só podem dar aulas em mais uma escola, com tempo limitado.
Este anarca , curioso por natureza ética, procedeu a uma investigação só pela via da net e chegou a estranhas mas interessantes conclusões que permitem dizer o seguinte:
O ensino superior universitário é um reino de impunidade e um fartar vilanagem! E Vital Moreira está farto de o saber! E sabe que é das universidades portuguesas que saiem os poderosos da política partidária e os influentes dos partidos, como ele. Mas tem-se calado. Vemo-lo a fustigar farmacêuticos, juizes, militares e tutti quanti lhe apeteça por interesse político. A ética geral e desinteressada, aqui, parece contar zero e a ratio das investidas mede-se pelo grau de incómodo que as "corporações" malditas podem representar para os senhores do poder político. É esse, aparentemente, o critério para fustigar.
Mesmo sem referir o caso particular da Universidade de Coimbra e dos seus vários e diversos "Centros de Estudo" que acobertam interessantes "associação de direito privado sem fins lucrativos", que se regem por estatutos também interessantes e pela lei, e que justificam a existência legal de vários e diversos e vários cursos de pós-graduação, todos eles exemplos flagrantes da grande onda de filantropia que invadiu a FDUC, sem ponta de privilégio à vista, tomemos como nota importante o que este cavalheiro escreve no blog Sobre o Tempo que passa:
Sugiro que, na Internet, se discriminem as actividades de consultadoria, avença e advocacia de tais agentes comunitários, bem como os proventos extraordinários que auferem de actividades prestação de serviço empresarial e político. Proponho que todos tornem disponíveis as respectivas declarações de IRS, para podermos comparar os acumuladores do "turbismo" com os acumuladores do "avencismo" e da "consultadoria", especialmente nas zonas que são enquadráveis no conceito de "jobs for the boys". Tanto as do Estado-Laranja, como as do presente estado a que chegámos. Tanto é criticável o professor que diz dar aulas em cinco ou seis universidades como o que faz parte de não sei quantos conselhos fiscais ou emite pareceres para não sei quantos ministros, porque às segundas, quartas e sextas é funcionário público e às terças, quintas e sábados é liberal que faz discursos contra os neoliberais e a favor dos socialistas.
Sugiro também que percorram a lista dos chamados avaliadores e que se consulte a respectiva biografia acumuladora, para entendermos como a barganha pode ser a tal peneira que oculta o sol da verdade. Que se faça um adequado organograma da rede das influências de partidos, ordens maçonicas e ordens catolaicas no complexo intelectual-universitário e que se junte o picante das empresas de construção civil que são sócias, clientes ou gestoras de projectos das várias universidades públicas, concordatárias e privadas, para chegarmos à conclusão como entre os mundos da política, da pulhítica, do autarquismo e do universitarismo há muitas coincidências.
No Crítico, informado pela experiência, escreve-se, a propósito da condição da maioria dos professores que não são de cátedra posta nem presidentes de Centros de Estudos:
E nem todos os professores conseguem ter a sorte ou o mérito de serem pagos principescamente por pareceres jurídicos ou técnicos de meia página que valem ordenados de muitos meses de colegas de outras áreas científicas e sobre os quais incide apenas uma taxa de 10% no IRS!
Publicado por josé 23:44:00
3 Comments:
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Ele não é turbo. Ele é fogueteiro. Uma perninha aqui, duas acoli, mais 4 acolá e vai fazendo pela vida. Só em pareceres é um fartar. Ele há pessoas que só são alguma coisa encostados ao poder polítiico.
Olhem. O sobrinho do Mário Soares, ontem na SIC Nutícias, deu uma lição de ética política a Fátima Flgueiras. Mas esse papagaio não disse o mesmo de Paulo Pedroso. Ou Ferro Rodrigues. Mais um "iluminado" português.
São os tais chicos-espertos do nosso Portugal, que à laia de tanta política e lambe-botices, vão arruinando o país.
O que me interessa é que se insere num sistema universitário que está gizado pelos próprios beneficiários para aproveitarem o máximo de rendimento com o mínimo de custos, como é o caso dos cursos de pós graduações e o privil+egio das acumulações avulsas e a actividade liberal de consultadoria e ainda a actividade vinculada a partidos políticos com consultadoria de luxo.
Não sei se será o caso de VItal.
Se for, é uma vergonha, pois farta-se de moralizar contra certos privilégios de certas classes profissionais; ainda agora escreve contra tudo o que lhe cheire a sotaina, fazendo nisto lembrar o falecido Raul Rego e aviltando de caminho a Universidade Católica, contestando-lhe privilégios por ser privada e o Estado ajudar.
COmo se os cursos , cursilhos e demias cursórios, na FDUC fossem direitos adquiridos por construções jurídicas habilidosas que transformam a Universidade púbica no couto privado de alguns, poucos, pouqíssimos catedáticos em Direito- como ele- mas de que ele neste caso particular a que me refiro, é apenas o símbolo.
Já não é a primeira vez que o escrevo: nada tenho de pessoal contra o prof. Vital com quem aliás nunca falei e que nunca me prejudicou directa ou indirectamente que eu saiba, tirando os insultozitos avulsos sobre mabecos e biltres que alias,só o desdignificam a ele mesmo.
Tenho muito contra as ideias que vejo transcritas naquilo que escreve. E é apenas por isso que o contesto.