o regresso dos jacobinos...
quinta-feira, setembro 15, 2005
De um lado, e de outro, o jacobinismo regressou, implacável, na pior tradição robespierriana e persecutória, veremos se para ficar. Para qualquer bom jacobino que se preze o problema nunca é geral ou global, pelo que pode sempre ser imputado a este ou aquele grupo em particular, um bom jacobino não pretende a cura da doença, apenas a extirpação sumária daqueles que considera doentes, e por aí fora. Em paralelo a esta reascenção de uma forma, que se julgava morta, de actuar na vida pública, típica de todos os totalitarismos, espalha-se por aí um novo temor, sinal dos tempos que correm, o da blogosfera. Subitamente a blogosfera, e a capacidade de meros e indeterminados mortais poderem escrever e dizer o que lhes dá na gana, sobre tudo e mais alguma coisa, começou a preocupar e a assustar. A preocupar os aparelhos políticos, sem possibilidade de controlo e filtragem, sobre as ideias emitidas, a preocupar algum aparelho 'jornalístico' fragilizado e subitamente sobre escrutínio cerrado, em suma, a preocupar os fazedores das verdades oficiais. E preocupa tanto que já há staffs encarregues de esmiuçar certos blogs, e de os inundar de propaganda finamente recortada, já há até, os contra-blogs, onde explorando o sucesso da blogosfera, e o seu hálito de liberdade, se propagam mentiras, e equivocos sobre a forma de meias verdades. E acaba por ser bom que assim seja, que venham mais, porque obriga as pessoas a pensar, a destrinçar o trigo do joio, e, em suma a estarem mais bem (in)formadas. Escrevem-se disparates, certamente, exagera-se, obviamente, mas, e depois ? Também se aprende, é humano, Como já escrevi antes, dedicado a um dos pacóvios neo-apocalípticos que por aí anda, eles dão-se ares ao pior do pedantismo ao longo da história, antes deles, outros vieram que defenderam que a Biblia só podia ser lida, e interpretada, por alguns, antes deles, outros vieram que defendiam que só alguns deveriam saber ler, era perigoso, antes deles, outros vieram com Indexes, e com a Inquisição, porque eles é que sabiam o que era o bem e o mal, antes deles, uns podiam governar, votar e ser eleitos, os outros não, antes deles, uns podiam pensar, e publicar, outros não, nada de novo portanto, mesmo nada. A não ser talvez o retrocesso, a recusa ao debate, o recurso ao monólogo imperial e autista.
P.S. Há por aí uns iluminados, que se tem em muito boa conta, que não gostam de comentários, nem de anónimos, estão no seu direito. Dizem-se democratas, mas não sabem o que é a democracia. Se soubessem, se soubessem mesmo, lutariam pelo direito das pessoas poderem escrever disparates e alarvidades, sob anonimato ou não, na net e fora dela. A liberdade (de expressão) existe não para que concordem connosco, com os nossos gostos, e com as nossas verdades, mas para que todos se possam exprimir livremente. Os limites que, naturalmente, existem, não tem rigorosamente nada a ver com o anonimato, mas antes com princípios básicos de cidadania e civismo, que num estado de direito são feitos cumprir pelas autoridades e pelos tribunais.
Publicado por Manuel 19:03:00
Escreve assim a sra. dra. F.,
"a propósito do esquadrão g e da incompreensível polémica que aparentemente se criou a seu propósito, não posso estar mais de acordo com miguel vale de almeida, já linkado pelo jph.
mais: eu própria, se pudesse, proibia aquele programa (e mais 90% da produção televiseira lusa) por razões puramente estéticas."
Como dizia o Manuel antes:
" Dizem-se democratas, mas não sabem o que é a democracia. Se soubessem, se soubessem mesmo, lutariam pelo direito das pessoas poderem escrever disparates e alarvidades, sob anonimato ou não, na net e fora dela. A liberdade (de expressão) existe não para que concordem connosco, com os nossos gostos, e com as nossas verdades, mas para que todos se possam exprimir livremente."
Este retrato é bem tirado do blogue antes referido. São uma dita corporação habituada a pensar e a dizer disparates, julgando-se com superiores capacidades, julgando-se acima dos comuns mortais. Mas não gostam de ser escrutinados.
"Se pudesse proibia aquele programa..." Disse ela, "loirinha" diletante. Mas já fazem issso todos os dias, nos seus alinhamentos ideológicos, nas notícias editadas e muitas até censuradas.
Bem se ri o dr. Alberto João das "eminências pardas" das "comunas de Lisboa". E não terá razão, o "bacano"?