o que diz o povo

O problema não se coloca tanto no facto de António Vitorino ser deputado ou não. Não me faz especial confusão que ele seja deputado e represente o Estado numa negociação. O problema reside em que temos a mesma sociedade de advogados a representar dois clientes com enteresses poencialmente conflituantes entre si. Interesses que têm uma importância fundamental para a definição do modelo energético do país, que será derterminante para a correlação de forças no MIBEL.

O que é relevante aqui é toda a mistura de administradores ex-ministros que convidam um ex-colega de governo que é sócio de uma sociedade que representa um seu accionista minoritário, com interesse directo na decisão a ser tomada pelo accionista maioritário quanto à configuração futura da empresa, que pode ter um impacto determinante na própria forma de actuação desse accionista no seu mercado relevante. Accionista esse que é igualmente ex-ministro sob o mesmo PM. Até pode ser coincidência, mas que tresanda, lá isso tresanda.

comentário de um leitor

Publicado por Manuel 18:40:00  

5 Comments:

  1. Anónimo said...
    O Mibel já é á partida um cozinhado mais do que suspeito. Porque não franceses também? Só favorecia a nossa independência.

    lucklucky
    Anónimo said...
    Perfilho as suas preocupações, mas deixo-lhe esta pergunta:

    Se os filiados ou simpatizantes dos partidos políticos não podem ser nomeados para isto ou aquilo, porque são tidos como parciais ou partidários, como é que o manuel vai cativar gente competente para aderir aos partidos políticos?

    Se os competentes dentro dos partidos não podem ser nomeados para isto ou para aquilo porque - diz-se - são partidários, e se esses não podem antes ou depois de serem governantes ou deputados fazer parte de sociedades ou trabalharem para este ou para aquele, quem pode ser político no nosso país? Só aqueles que nada fazem ou os incompetentes que ninguém quer para trabalhar?

    Esta é que é a questão. Fazer demagogia com isto, denunciando este ou aquele caso, não adianta rigorosamente nada para o progresso do país. Entretem blogs, mas nada resolve, antes confunde e mina o que de melhor tem o país.
    Anónimo said...
    sr manuel, eu sou o leitor anónimo cujo comentário transcreveu. Sinto-me elogiado pelo facto.
    E dou-lhe razão, às vezes uma sociedade de advogados representa dois parceiros com interesses divergentes e não é raro dois órgãos do Estado contratarem serviços a uma mesma prestadora de seviços que por sua vez tem como clientes entidades em negociações com o Estado ou mesmo em conflito com o Estado.
    Mas é a lei que temos.

    Tanto quanto sei, António Vitorino ainda não foi convidado para estas negociações do Governo com a Galp, nem pelo lado do Estado, nem pelo lado da sociedade GPCB. O que não quer dizer que, como jurista que é especialiazado em assuntos comunitários, não dê conselhos para um e outro lado em privado, sem aspecto formal de negociação... Mas isso até pode ser útil para resolver o problema complicado que é o caso da Galp e da ENI.

    Mas concordo consigo que não é muito bonito. Pode ser eficaz, mas não correcto sob o ponto de vista político. Já trabalhei em casos parecidos e foi útil, porque se chega mais rapidamente a consensos e conclusões, porque às vezes do lado do Estado não têm juristas à altura do serviço, ou vice-versa, a própria prestadora do serviço às vezes não tem gente especializada para tratar do assunto, e então é o assessor ou funcionário do Estado que faz a papa toda, do Estado e do parceiro da negociação. Quando as pessoas andam de boa fé e não são corruptas há ganhos para ambas as partes. Pode crer. E não esquecer que a última palavra é sempre dos patrões (ou decisores) de um e outro lado.
    Anónimo said...
    Alguem um dia disse:
    O importante não é ser ministro,importante sim, é ser ex ministro.
    Um abraço
    Anónimo said...
    O país está a chegar a uma fase de sem-vergonhice descarada!

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