Media Capital/TVI/Prisa
'contingência e risco de perda das identidades editorial e nacional'
sexta-feira, setembro 02, 2005
Há pouco menos de um mês chamou-se, por estas bandas a atenção, a propósito da anunciada entrada dos espanhóis da PRISA na Media capital/TVI para um mensalão à espanhola, seus entretantos e preâmbulos, e até se alertou para preparos de potenciais 'coisas' parecidas por cá. No mainstream Eduardo Cintra Torres pegou bem no assunto , e Marques Mendes primeiro bem e depois desastradamente, mas a coisa foi correndo, sem escândalos e indignações de maior. Até ontem. Ontem, João Van Zeller, um dos homens fortes da Media Capital, accionista e administrador, demitiu-se, com estrondo.
Na TVI desde 1992, Van Zeller, que já foi responsável pelos pelouros financeiro e jurídico, justifica a sua saída, que rotula de “pacífica”, pela “contingência e risco de perda das identidades editorial e nacional”. No comunicado que veicula a sua posição, a agência de comunicação Weber Shandwick/D & E frisa que a saída surge “na sequência das alterações desenhadas para a estrutura accionista da Media Capital”. Reconhecendo o negócio da Media Capital com a Prisa como “genial, do ponto de vista empresarial”, Van Zeller não deixa de antever potenciais riscos decorrentes da operação com o grupo espanhol: “A independência editorial dos títulos da Media Capital pode vir a ser posta em risco”, admitiu ainda. Já sobre o grupo espanhol que detém o diário ‘El País’, é muito claro: “São conhecidas as afinidades políticas da Prisa, com o PSOE, e não subscrevo essa linha editorial. Não posso partilhar a gestão de uma empresa com estas contingências”, reforça, confirmando manter-se como accionista do grupo, mas “sem nenhum tipo de intervenção”.
Confesso que estou surpreendido por ainda ninguém ter exigido a presença de Zeller numa comissão parlamentar, e mesmo na AACS, já que o corolário lógico das suas declarações, conhecida que é a 'mediação' de Sócrates - e do Governo, e sem cujas garantias provavelmente nunca haveria uma consumação do negócio - na aproximação da PRISA à Média Capital, configura uma intervenção gravíssima do Estado, um abuso de poder inaceitável, num sector fundamental, como o da comunicação social, a qual pode resultar - segundo vozes insuspeitas - numa perda da liberdade e independência editorial de um dos maiores grupos media portugueses, e que transforma as pantominas de um tal Rui Gomes da Silva, que resultaram na saída de Marcelo da TVI numa brincadeira de crianças. Jorge Sampaio também vai estar calado, e não vai chamar ninguém a Belém. Portugal é assim.
Publicado por Manuel 12:21:00
Com os brasileiros na SIC havia independência editorial? E com a RTL na TVI? E na SIC não predomina Balsemão, um guru político do PSD?
Porque há-de a SIC ser uma antena do PSD e a TVI não pode ser uma antena do PS?
Isto é mercado ou um condado medieval? Em França, Alemanha, Inglaterra ou nos Estados Unidos não é assim?
O Expresso, do Balsemão, não é independente? E de quem são os Independentes?
CERTA: Devemos preocupar-nos e procurar formas de fazer algo para impedir esta despudorada invasão espanhola em tudo o que é capital de empresas minimamente interessantes. Nem é o caso de estarem mal geridas ou estarem a ser vendidas baratas: é que custam tão pouco face aos activos das putativas compradoras, que isto passa por ser um asterisco no Relatório e Contas. E se correr bem sempre é uma forma de diversificar.
ERRADA: Presumir que isto foi um "vipe" que deu agora, assemelhável ao do Prof. Marcelo. Como bem diz um comentário anterior o capital das empresas de media já está há muito refém de participações estratégicas estrangeiras. A Prisa é apenas mais uma, e no que toca a estatuto editorial e independência acho mais seguro o prestígio do El País que o da Globo.
diogenes
Estão a gozar, certo? Além do mais, deixam lá o espanhóis comprarem aquele lixo e depois tira-se a licença...