Instruções para a pública virtude?

De um anónimo relativo, Contraverso, recebeu-se este postal que se publica na íntegra...

Em nome da maioria parlamentar que obteve, o governo do PS propõe-se governar de forma peculiar: não ouve, não motiva, não estimula, não envolve, não gera confiança nos sectores que pretende «reformar». Pode dizer-se que do «excesso de diálogo» de Guterres se passou ao «autismo» de Sócrates. Não sei qual deles seja o mais preocupante.

Uma pergunta se impõe: Sócrates, que prometeu não aumentar os impostos e não alterar os sistemas de segurança social do sector público, acabou por desmentir essas promessas, que foram, aliás, das primeiras medidas que tomou (com a rábula mal explicada do ministro Campos e Cunha).

Porquê? Das duas, uma: ou mentiu ao eleitorado (pois sabia que não iria poder cumprir essas promessas) ou não conhecia o verdadeiro estado das finanças públicas, e revela que não estava preparado para governar, tendo que improvisar medidas governativas «à vista».

Ainda não se percebeu qual seja a verdadeira razão.

Mas, toda a lógica de «modernização do País», de «reformas», de «contenção da despesa pública», está a passar muito mais por um processo de delapidação do capital de confiança e mesmo de «esperança» que o eleitorado depositou no PS. Mas que se vai esboroando, com o real «amiguismo» que se vai adensando e com uma deriva política errática semelhante aos piores tempos de Santana Lopes.

Sócrates anunciou ontem (17/09/05), em Coimbra, que «vai dar instruções aos membros do governo» para não fazerem inaugurações em período de campanha eleitoral. Provavelmente, não se apercebeu da gravidade do que disse: a invocada «moralização da vida política» não tem – não deve ter – «instruções» ou «normas de execução». Tem um código ínsito, tem valores assumidos e vivenciados, caso contrário, o que existe é, uma vez mais, a virtude postiça.

O eng. Sócrates revelou conhecer bem os que o rodeiam: precisa de lhes dar instruções. Não vão eles tentar-se com os exemplos que lhes tem dado, ao nomear destacados deputados do PS como administradores de importantes empresas públicas e – pasme-se – presidente do Tribunal de Contas.

Será que os governantes, o aparelho do partido, os autarcas e os «amigos» estão dispostos a obedecer?

Contraverso

Publicado por josé 13:03:00  

6 Comments:

  1. Anónimo said...
    «Promover a convergência gradual dos regimes de início do direito à aposentação dos funcionários públicos com o de início do direito à pensão de reforma dos trabalhadores por conta de outrem;»

    Isto é o que consta do programa eleitoral e de governo. Durante a campanha eleitoral Sócrates, em debates na TV, disse claramente que iria alterar a idade de reforma dos FP e que iria atacar os regimes especiais que protegem certos grupos corporativos. Só que os professores julgavam que ele se estava a referir aos médicos e farmacêuticos; estes julgavam que ele se referia aos juizes; estes últimos julgavam que se referia aos políticos; estes julgavam que ele se referia apenas a polícias e militares; estes últimos julgavam que ele se referia apenas a gestores públicos; e estes julgavam que ele se referia aos que tinham direito a reformar-se com apenas 50 ou 55 anos de idade...
    Cada um destes grupos esqueceu-se de olhar ao espelho e de olhar para o espelho da maioria dos portugueses...

    Ora bem, Sócrates está a distribuir a factura por eles todos, os que têm regimes especiais, como bem disse na sua campanha eleitoral. E os do sector privado e os da FP que não têm regimes especiais batem palmas e apoiam a cem por cento estas reformas que pretendem acabar com a bandalheira dos regimes especiais e má distrubuição dos rendimentos que existiu até agora. E não se julgue que é só no sector privado que Sócrates tem o seu maior apoio, porque dentro da FP há muita gente que o apoia também, pois não pertence a nenhum hipócrita ou falacioso regime especial.

    Até agora, Sócrates só não cumpriu uma promessa eleitoral: o aumento do IVA. Falha que ele já assumiu publicamente e que apenas foi devida a que o orçamento de Bagão Felix estava desorçamentado do lado das receitas em cerca de 5,5 mil milhões de euros. Isto é, o OE de 2005 assumiu compromissos para os quais faltavam 5,5 mil milhões de euros para que se pudessem cumprir esses compromissos, sobretudo em matéria de Saúde e de prestações sociais (pensões de reforma, fundo de desemprego, etc.). Daí o défice subir para 6,8% do PIB neste ano de 2005 se algumas correcções não tivessem sido tomadas no Orçamento rectificativo aprovado na AR e no PEC, aprovado em Bruxelas. Facto ainda não desmentido por Bagão Felix, já que se soube depois das eleições que o próprio Bagão Felix teria dito a Santana Lopes que o défice real de 2005 ultrapassaria os 6% do PIB.

    Até agora Sócrates está a fazer uma excelente governação, com reformas de fundo que já deviam ter sido feitas antes, mas que ninguém teve a coragem de fazer.

    Finalmente temos Primeiro Ministro e temos um Governo para endireitar Portugal. O que lhe poderá custar votos, mas que salva Portugal da bancarrota.

    Os eleitores não são parvos, e verão dentro de dois ou três anos os benefícios destas reformas de fundo.

    Eu, que não sou socialista, já vi que este é o caminho correcto e que devolve a esperança à maioria dos portugueses.
    Anónimo said...
    PÚBLICA VIRTUDE

    Deixemo-nos de fofoquices que não interessam a ninguém, senão aos fofoqueiros e lojistas limianos, e falemos de algo que interessa sobremaneira ao povo português.

    Refiro-me ao chamado Balcão Único, que o governo de Sócrates vai lançar brevemente. Neste Balcão, que pode estar em qualquer ponto do país num serviço estatal já existente, um cidadão poderá tratar de qualquer assunto que lhe diga respeito, desdes assuntos do desemprego a assuntos de saúde ou fiscais, escusando de andar de capela em capela a pedir papeis para os entregar numa outra capela estatal qualquer.

    Ora, quando um Governo que entra em funções e ao fim de três meses úteis de governação consegue fazer com que uma empresa seja criada numa hora ou pouco mais, pondo-nos na vanguarda europeia e mundial nessa área da adminstraçao pública (coisa impensável há um ano atrás), é evidente que esta nova reforma governamental socrática é para levar a sério.

    Há sectores liberais na nossa sociedade que ainda têm reservas quanto a este Governo no que respeita à sua capacidade reformadora e modernizadora, até eu ao princípio desconfiei dessa capacidade, mas já vi que este é de longe o Governo mais reformista e modernizador das últimas décadas, senão mesmo do último século.

    Note-se que Portugal, nos rankings europeus é considerado um dos países de vanguarda na e-government. Parabens por isso a este Governo por esta nova grande reforma.

    Mas, por amor de Deus, deixem este Governo lá estar os 4 anos da legislatura para se verem os resultados. A estabilidade política é o bem mais precioso numa democracia recente como a nossa.
    Anónimo said...
    Os posts deste anónimo rivalizam com o Ninno no rídiculo e na gargalhada.

    Este anónimo deve ser o próprio Sócrates ou o Jorge Coelho.

    AlterEgo
    irreflexoes said...
    Temos todo o gosto em oferecer estadia ao que parecem ser caloiros, jovens aspirantes a spin doctors.

    Convinha era que compreendessem duas coisas e levassem o recado direitinho aos seus mentores:

    i) Por aqui só discutimos com quem tem um determinado nível de sofisticação no spinning, i.e., quem não é estupidamente óbvio;

    ii) Esta Grande Loja não é entidade formadora (porventura podia, mas não é) na matéria.

    Dito isto, voltem sempre. Peçam é reforços. Socialista que sou, recuso-me a acreditar que o partido não tem mais quadros para o efeito.

    P.S. - A não ser que pretendam pertencer à chamada ala católica, não fica bem a socialistas implorarem no nome de Deus.
    Anónimo said...
    Deixemos as fofoquices limianas de lado, que não interessam a ninguém, e falemos do que interessa ao povo português.

    OS PREÇOS DOS MEDICAMENTOS BAIXARAM 5%

    E é assim, com a prata da casa e sem consultorias milionárias dadas aos amigalhaços, que um governo pode disciplinar este sector da saúde. Sem ligações perigosas às corporações.

    Depois de acabar com os monopólios das farmácias no que respeita a medicamentos sem receita médica, este governo ataca agora o sector da indústria e da distribuição com o controlo dos preços dos medicamentos.
    Anónimo said...
    Querem ver que a Câmara Corporativa, o nónó, o zepovinho e o "xuxalismo" se mudaram para a GLQL e nós não sabemos de nada...?

    Há uns tempos atrás, num Blog local, aconteceu uma semelhante: o partido no poder não gostava de um Blog e, primo, conseguir pôr no desemprego o seu admnistrador, secundo, tentou denegri-lo nos comentários com grupos organizados, trino, conseguiu fraudulentamente pôr um administrador no Blog (a pretexto de perda da password o Blogger aceitou um novo administrador...), tetra, acabou por "arranjar" um emprego ao Administrador e este acabou com o Blog...

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